O amor numa pista de dança
Crítica de documentário, de Jorge Manuel Lopes.
Chegou ao YouTube este mês o documentário “Where love lives”, uma realização de Brilliams para a Glitterbox, organizadores de festas transbordantes em pistas de dança de múltiplos pontos do Planeta.
A obra, de quase uma hora, segue no essencial alguns dançarinos das festas Glitterbox. Uma trupe que se define como uma comunidade de gente de muitas proveniências e formas de corpo. Merecem ser conhecidos pelos nomes: Lucy Fizz, The Mix Fit, Tete Bang, Kiddy Smile. Falam, veem-se em ação, nos bastidores, em privado, no presente (um presente pré-covid) e no passado. Descrevem o que fazem, e os ambientes criados sob as bolas de espelhos para milhares de pessoas, como a criação de espaços seguros e de liberdade para todos, em especial para aqueles que raramente se sentem integrados onde a maioria cresce e socializa, da família à escola, ao emprego. Espaços seguros para afirmarem todo um feliz espetro de identidades de género.
De título completo “Where love lives: A story of dancefloor culture & expression”, por aqui passam imagens de festas na Croácia, Ibiza, Londres, Brooklyn. Imagens de salas repletas de dança e de corpos, luzes e glitter e confetes e sorrisos e suor. E percebe-se assim por que razão “Where love lives” existe, sobretudo por que existe agora. E por que esta é uma história que transcende amplamente as festas Glitterbox, falando para uma cultura do tamanho do Planeta. Mesmo que o espectador fique a pensar em como todo este elenco tem (sobre)vivido no último ano – a dúvida que esta obra necessária, tocante, não esclarece.
Também não faltam declarações de quem põe as mãos na massa musical. DJ incontornáveis do presente, como Honey Dijon, e lendas do tamanho de Nicky Siano e John “Jellybean” Benitez, com o bónus de uma romagem aos berços do disco na sua forma underground, em Nova Iorque.