O terço é um símbolo religioso, de devoção, de oração feita em contas. A vida, a paixão e a glória de Jesus numa corrente de ave-marias e pais-nossos.
É um instrumento de oração que representa a terça parte do rosário (rosário vem de rosa e rosa branca simboliza a pureza e a inocência da Virgem Maria), constituído por contas grandes e contas pequenas. As pequenas são ave-marias, as grandes pais-nossos. É uma corrente que se agarra às mãos, que passa entre dedos, que vive no coração e reconforta a alma. Um objeto de fé, um símbolo de devoção. Em todas as horas, em qualquer momento. Na alegria e na tristeza.
Os primórdios conduzem à recitação dos 150 salmos bíblicos. Por volta do ano 800, monges e frades rezavam os salmos à sombra de mosteiros e conventos. Como os fiéis tinham dificuldade em decorar as passagens da Bíblia e dizê-las de cor, e a maioria não sabia ler, arranjou-se uma estratégia mais simples para demonstrar a fé em voz alta. Os anos passaram e os salmos foram substituídos por 150 pais-nossos que eram rezados e contados com 150 pedrinhas guardadas numa bolsa de couro. Mais tarde, optou-se por 150 nós num cordão, esboço do terço agora feito de contas moldadas em diversos materiais.
A tradição popular atribui a origem a São Domingos, frade e santo católico, que via no terço uma arma espiritual no século XII. Desde então, a oração intensificou-se nos momentos atribulados, de luta e de guerra, e o Papa Pio VI, em meados do século XVI, consagrou oficialmente a oração do terço como destruição da heresia e conversão de pecadores.
Na forma contemporânea, os terços têm 50 contas pequenas intercaladas por cinco grandes. O fio dá uma volta e a quinta dezena fica junto à primeira para que, assim, se inicie um novo terço. Há ainda uma parte inicial com duas contas pequenas, três grandes, uma medalha de Nossa Senhora e um crucifixo. É uma prática religiosa, de devoção mariana, difundida entre os católicos romanos, de reza pública ou individual. Um tempo de paz e serenidade interior. Um momento de comunicação com o divino.
O Papa João Paulo II chamava-lhe o compêndio do Evangelho. Um terço tem histórias e mistérios da vida de Cristo. A vida, a paixão e a glória de Jesus reúnem-se numa corrente de fé e de meditação à luz dos ensinamentos da Igreja Católica. Recorda-se a devoção e dedicação de Maria, o nascimento de Jesus, o batismo, a sua apresentação ao templo, a crucificação e morte, a ressurreição.
O terço é um ato de fé, de demonstração de amor, respeito, gratidão. De bênção também, sem dia nem hora marcados, nem lugar reservado. É oração em local de culto, de joelhos com as mãos juntas, terço entre os dedos. Na comunidade católica e em grupos de oração do terço. E não só. Em pé, na cama, à mesa, sentado. Em família ou sozinho. Em casa e no trabalho. A intenção e a crença é que importam. Esse diálogo permanente e reconfortante com Deus é uma questão de vida e de fé. E o terço um veículo espiritual, um objeto de máxima importância para quem acredita e cumpre os preceitos católicos.