Os produtos que existem no mercado, ainda que contenham químicos, estão regulamentados. Mas se procura alternativas ou simplesmente tem curiosidade, saiba por onde começar.
A conversão não foi imediata. Há 15 anos, quando Sónia Duarte começou a ouvir falar de protetores solares vegan e estimuladores de melanina – a proteína natural do corpo que garante a coloração da pele e evita danos da radiação ultravioleta no ADN – a oferta era quase inexistente. “Ainda hoje é um mercado de nicho”, garante a esteticista cosmetologista e formadora bracarense. Por isso, a passagem dos protetores solares ditos tradicionais para os naturais foi gradual. Começou com comprimidos, “cápsulas solares que eu tomava mais ou menos dois meses antes de começar a fazer praia”. Notou logo diferenças. “Como são ativadores da nossa própria melanina, e estão cheias de vitaminas, não permitem que a radiação solar envelheça tanto a pele e protegem-nos muito.”
Sendo a estética a sua área profissional, Sónia nunca deixou de pesquisar. Hoje, além das cápsulas, usa ainda protetores solares vegan – no seu caso, emulsões aquosas de cenoura, de tomate, de karité, de coco e de argão. “Não há anticancerígeno melhor para a pele e melhor protetor solar do que a nossa própria melanina. É o grande efeito destes produtos, estimulam a melanina. O que me leva a usá-los durante todo o ano, principalmente quando vou à praia.” A preferência tem uma explicação. “São 100% naturais, sem filtros químicos, que nos podem provocar doenças como o cancro.” Aos 51 anos, e depois de mais de uma década de recurso a essas soluções, Sónia Duarte explica por que será difícil voltar aos outros protetores solares. “O que sinto de diferença entre estes e os que comprava na farmácia ou no supermercado é que nunca mais tive um escaldão, nem aquela sensação de pele seca ou ressequida que nos faz esfolar.”
Claro que a opção da cosmetologista não dispensa os cuidados que todos os especialistas alertam para termos com o sol. Ainda para mais em Portugal, onde a costa de praia é vasta e o sol, regra geral no verão, aparece com força. “Tento fazer apenas exposições de manhã, antes do meio dia. E se vou à água, depois volto a aplicar.” Até porque o nível de proteção máxima dos produtos naturais equivale ao fator 30.
Cheiros e perigos
Para já, não são conhecidas contra-indicações a estas emulsões, manteigas, loções, óleos ou cremes vegan. “Aplicam-se da mesma forma que os outros. Durante a praia, com regularidade. Sendo resistentes à água, convém ainda assim não facilitar. E deve evitar-se as horas de maior intensidade solar.”
Se estiver decidido a experimentar, saiba que a única indicação que existe é o gosto pessoal por cada um dos cheiros, uma vez que as propriedades das emulsões são muito idênticas. O único problema é que, à exceção de casas com produtos naturais, o sítio onde é mais fácil procurar protetores sem filtros químicos é a internet, onde vive o maior mercado vegan. No caso das cápsulas solares, já é possível encontrar facilmente em farmácias.
O normal é que os protetores que existem no mercado, ainda que contenham químicos, sejam regulados pelas autoridades competentes. De recordar que algumas substâncias já foram consideradas, em vários estudos, potencialmente perigosas para a pele e para o organismo. Como o “methylbenzylidene camphor”, o “octyl-methoxycinnamate”, o “octyl-dimethyl-PABA”, “bexophenome-3” e o “homosalato” . Basta passar os olhos pelos rótulos.
Além dessa questão, coloca-se ainda o critério da sustentabilidade. A maioria dos protetores solares comuns não são biodegradáveis e são bioacumulativos. Ou seja, permanecem na praia, na areia e na água do mar, das piscinas, dos rios e do banho. Os protetores naturais apresentam-se assim como uma alternativa, livres de químicos. E há cada vez mais marcas atentas a essa questão.
Pele morena e protegida
O sol é fundamental à vida e, em doses moderadas, tem inúmeros benefícios para a saúde e bem-estar. Deixa-nos mais bem-humorados, melhora a qualidade do sono. Em Portugal abundam os dias de sol, sinónimo de cuidados a ter para proteger a pele e prevenir problemas futuros:
• Evitar a exposição direta ao sol no período de maior intensidade da radiação, entre as 12 e as 16 horas
• Fazer uma exposição gradual e progressiva ao sol
• Aplicar protetor solar com índice elevado (igual ou superior a 30, que proteja das radiações UVA e UVB), em todas as áreas expostas do corpo.