Texto de Filomena Abreu
É daquelas pessoas que passa a vida a esquecer-se de tudo, dos nomes dos colegas aos compromissos agendados, mais as coisas que tinha de comprar no supermercado? Não faz mal. Apesar de ser chato ter brancas a meio de um exame e da sensação de estar sempre a falhar com os outros, os apagões na memória podem significar afinal que tem uma inteligência acima da média.
De acordo com a publicação científica americana “Neuron Journal”, o esquecimento é um processo natural do cérebro que pode, até, tornar-nos mais inteligentes. A explicação é simples: o hipocampo (a zona onde armazenamos a memória) precisa ser “limpo” de vez em quando. Logo, o que o nosso cérebro faz é filtrar o que é mais importante e descartar tudo o que não é. Daí que, por vezes, nos lembremos da cara de uma pessoa mas não do seu nome. Socialmente pode ser mau, mas no que toca à sobrevivência, lembrar o rosto é fundamental.
Porém, às vezes sentimos que há coisas importantes de que nos deveríamos sempre lembrar, só que… esquecemos. Isso acontece porque quando o cérebro substitui memórias antigas por novas às vezes entra em conflito no momento de tomar decisões eficientes.
O estudo, conduzido pelos professores da Universidade de Toronto Blake A. Richards e Paul W. Frankland, concluiu também que ter uma memória perfeita não está intimamente ligado ao facto de se possuir mais ou menos inteligência.
Atualmente, reter muita informação no cérebro é complicado por causa do uso frequente de tecnologias e do vasto e rápido acesso à informação. É mais útil para nós, por exemplo, saber como escrever no Google as palavras-chave que permitam procurar como se monta um aparelho eletrónico do que recordar como isso se fazia há 20 anos.
Conclusão: não há mal em ter pequenas falhas de memórias. E da próxima vez que se esquecer de alguma coisa, lembre-se que o cérebro só está a fazer o trabalho dele e a evitar que guarde informação desnecessária.