O que é que está a ler?
A reler todo o Machado de Assis. Neste momento, As Memórias Póstumas de Brás Cubas.
O que é que está a escrever?
Uma biografia da Condessa de Ségur.
Quem é o seu escritor preferido?
Mudo todos os meses… E são tantos! Desde os que me entusiasmaram na infância e adolescência (Érico Veríssimo à cabeça de todos), até aos que eu chamo «a minha Santíssima Trindade»: Ruy Belo, Daniel Faria e Tolentino Mendonça) — para regressar sempre ao velho Fernão Lopes, onde está tudo: crónica, reportagem, poesia…
Quem é o seu herói da ficção?
A Sara Crewe de A Princesinha, de Frances Burnett, que devo ter lido aos 7, 8 anos, e que me ensinou que, mesmo nas horas de grande tristeza e dificuldade, «nunca se deve perder a dignidade e o requinte…» E o Florentino Ariza do Amor em Tempos de Cólera.
Qual é o seu palavrão preferido?
Os normais…
Que palavra nunca usa?
Como dizia um velho chefe de redação, «um jornal que se preza não circula com palavras fora de circulação». Jornal, livro, uma simples conversa — a frase é válida para tudo. E há aquele tipo de palavras que eu nunca mas nunca uso. «Esposa», por exemplo…
Quem é a pessoa que mais admira?
As que têm sempre tempo para os amigos.
Que talento gostaria de ter?
Gostaria de saber desenhar. Sou a mais desajeitada nesse campo. Às vezes gostava de poder ilustrar um livro meu…
Qual é o seu maior feito?
As minhas duas obras-primas: os meus filhos.
Se pudesse escolher, em que país teria nascido?
Em Portugal. Sempre. Os outros são para viajar. Para trabalhos ocasionais. Para algumas fugas necessárias. Este é aquele a que regresso sempre
Qual é a sua ideia de felicidade?
Dizia a minha avó Gertrudes, «saúde e paz, que o resto a gente faz.» É um pouco isso. O sol no céu, o mar em frente e as pessoas que amo com saúde.
Qual é o seu maior medo?
Ficar dependente de alguém.
Qual é o seu lugar preferido do mundo?
Tantos… Ericeira, Costa Nova, Paris, Timor, e muitos etc…
Que qualidade mais aprecia numa pessoa?
A inteligência e o sentido de humor.
Se pudesse reencarnar, gostaria de voltar em que pele?
Na minha. Acho que não tenho grandes razões de queixa…
Que livro ofereceria a Marcelo Rebelo de Sousa (para ele ler mesmo)?
Dou-lhe sempre os meus. E ele diz que lê. E quem sou eu para duvidar da palavra do Presidente da República?
Se desse de caras com Donald Trump, o que faria?
Sou pessoa bem educada, não faria cenas nem chamaria nomes. Mas era capaz de desatar a rir.
Com quem é que gostaria de tirar uma selfie?
Com o Papa Francisco.
Qual é o seu lema de vida?
Uma frase de Gracie Allen que há anos li num cartaz de uma igreja em Chicago e desde então sempre me acompanha: «nunca ponhas um ponto final onde Deus pôs uma vírgula». E nos meus tempos de jornalista tinha sempre na cabeça uma frase do poeta René Char: «on ne questionne pas un homme ému».
Qual o final mais marcante que já leu?
É engraçado… Eu sou mais de colecionar princípios de livros… «Era o melhor dos tempos, era o pior dos tempos…», «A infância é um país estrangeiro…» etc… Dos finais, dois clássicos: Carlos da Maia e Ega a correrem atrás do americano, «ainda o apanhamos, ainda o apanhamos!», e os últimos versos dos Lusíadas — «de sorte que Alexandro em vós se veja/sem à dita de Aquiles ter inveja» — colando a palavra «inveja» à nossa pele…