Os bebés que ainda não nasceram vão ganhar menos dinheiro. E a culpa é do aquecimento global

 

Texto NM | Fotografias de Shutterstock

Esta semana, a revista norte-americana Atlantic publicou um estudo da universidade de Stanford que aponta um problema inesperado. Quantos mais dias estiver um feto ou um bebé com menos de um ano exposto a temperaturas acima dos 32 graus, maior será o impacto negativo na sua vida adulta. Sobretudo a nível salarial. O aquecimento global pode muito bem empobrecer gerações inteiras.

O estudo foi liderado por Maya Rossin-Slater, especialista em políticas de saúde, e tinha o objetivo de perceber os efeitos a longo prazo que as alterações climatéricas provocam na economia individual. Foram comparados indivíduos que tinham nascido no mesmo local, mas que tinham enfrentado condições meteorológicas diferentes na fase inicial da vida. Depois o estudo focou-se no dinheiro que cada pessoa fazia por ano.

«É bastante consensual que os fetos estão a ser afetados pelo aquecimento global», diz o obstetra Nathaniel DeNicola, da Universidade George Washington.

Parece então haver uma relação inversamente proporcional entre os dias de exposição a temperaturas elevadas e índice salarial. Quanto mais tempo um ser humano enfrenta o calor durante a gestação e o primeiro ano de vida, menor o ordenado que recebe. «Por cada dia a mais de exposição nesse período, o indivíduo recebe em média menos 430 dólares na vida adulta», explicou a cientista ao New York Times. Os dados não se referem à temperatura máxima, antes à média de cada dia.

O facto pode explicar-se pela deterioração das condições de saúde. «É bastante consensual a ideia de que os fetos estão a ser afetados pelo aquecimento global», dizia também à Atlantic o obstetra Nathaniel DeNicola, da Universidade George Washington. «O calor cria uma restruturação das proteínas que estão envolvidas na formação dos órgãos.»

Perdas de peso, nascimentos prematuros e problemas cognitivos são alguns dos efeitos mais comuns. As temperaturas extremas fazem com que mais pessoas passem mais tempo no hospital, desenvolvam mais problemas crónicos e produzam menos do que as restantes. À medida que os termómetros globais sobem, é cada vez mais importante perceber que, na gravidez e nos recém-nascidos, há uma batalha a travar contra o calor.