Vítor, o humanista

Notícias Magazine

Texto de Cláudia Pinto | Fotografia de Adelino Meireles/Global Imagens

O projeto Sorrisos de Porta em Porta, integrado no Mundo a Sorrir – Associação de Médicos Dentistas Solidários Portugueses, foi criado em 2012. Tem como público-alvo a população idosa que está em lares, centros de dia e instituições de terceira idade e o objetivo é acompanhar e melhorar a saúde oral dos idosos, formar e capacitar os profissionais que lidam com os mesmos de forma a melhorar a prestação de cuidados na área.

Além da aposta na consciencialização e na capacitação das equipas que lidam diretamente com idosos, a realização de rastreios orais permitem sensibilizá-los para uma adequada higiene oral e até referenciar casos mais urgentes e emergentes.

O médico dentista Vítor Neves é o coordenador nacional do projeto e dificilmente poderia estar mais satisfeito com o arranque. O projeto-piloto tinha como meta integrar cem médicos dentistas, cem instituições e apoiar 1500 idosos a residir no Porto. Ao vencer o I Concurso do Centro de Inovação Social promovido pela Câmara Municipal do Porto foi possível passar dos números à realidade.

Além da aposta na consciencialização e na capacitação das equipas que lidam diretamente com idosos, a realização de rastreios orais permitem sensibilizá-los para uma adequada higiene oral e até referenciar casos mais urgentes e emergentes. «Muitas vezes, as pessoas não percebem o que é um desgaste fisiológico natural do processo de envelhecimento», diz o dentista. «Há dentes que apresentam um desgaste natural com o passar dos anos mas que são saudáveis.»

Outro ponto importante é a higiene das próteses dentárias. Humanizar os cuidados de saúde oral tem sido a maior lição que Vítor Neves retira da experiência. Apesar de a base do projeto ser a formação, o clínico não consegue «deixar de lado» os casos que necessitem de outro tipo de acompanhamento pois a sua referenciação dita a melhoria da qualidade de vida da população acompanhada pelo projeto.

O desafio torna-se ainda maior quando não há resposta favorável por parte das clínicas a que recorrem, daí que fosse positivo desenvolver um maior número de parcerias com consultórios. Até ao momento, são 33 as clínicas que colaboram com o projeto, mas estão a ser encetados contactos com vários municípios para criar sinergias que permitam «assegurar o acompanhamento de situações graves e criar uma maior envolvência dos dentistas locais com a comunidade de idosos».

O projeto – que até ao final do ano pretende abranger 15 mil beneficiários, três mil profissionais e trezentas instituições – tem conseguido avançar devido aos apoios que tem recebido e a concursos e prémios que tem ganho.

Até à data, «contam-se pelos dedos das mãos» os contactos feitos por iniciativa das próprias entidades. «A grande maioria é contactada por nós.»

O projeto – que até ao final do ano pretende abranger 15 mil beneficiários, três mil profissionais e trezentas instituições – tem conseguido avançar devido aos apoios que tem recebido e a concursos e prémios que tem ganho. «Atingir esta dimensão e tornar-se um projeto nacional só tem sido possível porque recebemos, em 2013, um donativo através do Prémio BPI Seniores que tem permitido dar continuidade aos objetivos nestes dois anos.»

Vítor Neves considera que a formação dos médicos dentistas é muito virada para a vertente técnica e para o ambiente de consultório. «Não nos podemos esquecer de que estamos permanentemente a lidar com pessoas.» Que aprenderam a conhecer melhor os seus dentes e os cuidados de higiene a ter. Idosos que enfrentam a terceira idade com um sorriso. Sem o esconder.

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