Mais do que aquecer nos dias frios, o chá protege a nossa saúde. Estimulante da imunidade e defensora do sistema cardiovascular, antioxidante e desintoxicante, esta bebida simples é um mistério que os cientistas tentam desvendar. E vem em três versões reconfortantes.
Como pode uma bebida tão simples ser fonte de tantos proveitos para o organismo? Essa é a pergunta à qual cientistas do mundo inteiro têm tentando responder nas últimas décadas. Afinal, a lista de benefícios do chá é impressionante e não para de aumentar. Além do comprovado poder anti-inflamatório, antialérgico e antibacteriano, que favorece a prevenção e o combate a diversas doenças, como constipações, gripes e distúrbios respiratórios, esta bebida reconfortante, oriunda de um pequeno arbusto asiático chamado Camellia sinensis, é ainda conhecida por ajudar a controlar o colesterol, impedindo o endurecimento das artérias e reduzindo, assim, o risco de problemas cardiovasculares. De acordo com um estudo recente, o chá pode até ser benéfico para quem sofre de hipertensão. «Uma chávena por dia parece contribuir para uma função arterial e uma pressão sanguínea saudáveis», afirmou Claudio Ferri, investigador italiano e autor da pesquisa publicada, em dezembro passado, no American Journal of Clinical Nutrition.
Mas os efeitos desta bebida, saudada desde sempre pelas medicinas tradicionais orientais, não ficam por aqui. Investigações mostram que o chá ajuda igualmente à resistência óssea. Não só nas mulheres, mas também nos homens. Um estudo refere que o seu consumo regular pode mesmo reduzir em cerca de 30 por cento o perigo de fraturas da anca após os 50 anos. Mais: esta bebida é ainda um poderoso inimigo do envelhecimento precoce, contribuindo para a vitalidade das células e reforçando o seu combate aos radicais livres. Um feito que não beneficia somente a saúde e da beleza da pele. Ao dotar as células de maior resistência, pode retardar o aparecimento de doenças degenerativas, como o Alzheimer, ou ser um auxiliar precioso na luta contra alguns tipos de cancro. Ao ser altamente desintoxicante, o chá promove ainda a limpeza do organismo, livrando-o de resíduos acumulados e melhorando o funcionamento do metabolismo. Resultado? Uma silhueta mais delineada e, nalguns casos, alguns quilos a menos. Depois, diversos investigadores sublinham o seu papel dissipador na ansiedade, já que colabora para a manutenção do nível adequado de cortisol, a hormona que ajuda a mediar o stress no organismo.
Donde vem todo este poder? Dos potentes antioxidantes. Entre eles estão os polifenóis, também presentes na fruta e nos legumes, mas aqui mais concentrados. É o caso das catequinas, cujos benefícios para a saúde ainda não estão totalmente esclarecidos, embora se saiba já que uma das suas variantes, conhecida pela sigla EGCG, pode ser 20 vezes mais antioxidante do que a vitamina E e cem vezes mais antioxidante do que a vitamina C. O mais surpreendente? É que o chá, além dos polifenóis, oferece também uma boa dose destas duas vitaminas e minerais raros, como manganês, flúor, zinco ou cobre.
Aparentemente, o verde e o branco são os mais amigos do organismo, embora o preto só recentemente tenha começado a ser esmiuçado pelos cientistas. Oriundos da mesma Camellia sinensis, o que os diferencia é o tratamento que recebem após a colheita. Composto por folhas não fermentadas, o chá verde possui até 40 por cento de polifenóis contra os cerca de 10 por cento do fermentado chá preto. Quanto ao chá branco, é o mais puro e, acreditam os investigadores, provavelmente o mais antioxidante dos três.
Apesar de proteger a saúde, o chá não se dá com abusos. Até porque possui teína, um estimulante que, embora mais fraco do que a cafeína, pode fazer das suas. Consuma-o com moderação e antes do final da tarde para não comprometer o sono. Se toma medicamentos, consulte o médico antes de aumentar a dose desta bebida. De resto, escolha-a na versão original, ou seja, em folhas para infusão, pois preserva melhor as qualidades. E dê preferência às marcas com selo biológico, garantia de não terem sido usados pesticidas e outros químicos durante o processo.
UMA PLANTA, TRÊS CHÁS
Chá Preto
O mais bebido no Ocidente até à chegada das outras variedades. Embora com menos antioxidantes e mais teína, estudos mostram que é também benéfico ao organismo: faz bem ao coração e reduz as hormonas do stress. Fermentado e com aromas intensos, que vão do fumado às flores, tem nomes exóticos que revelam a sua região de origem: ceylan (Sri Lanka),
Chá Verde
O favorito, hoje, graças à não fermentação, ao alto teor em antioxidantes e à pouca teína. De sabor suave, nos japoneses, ou mais forte, nos chine-ses, pode ser saboreadonuma equilibrada versão nacional, cultivada na ilha de São Miguel. Também é fácil encontrá-lo perfumado com jasmim, menta, citrinos ou especiarias. Para preservar as qualidades, siga à risca o «modo de usar».
Chá Branco
É o que menos ação humana sofre e, portanto, o mais puro. É colhido somente numa altura específica do ano, durante poucos dias e antes das jovens folhas rebentarem. O verdadeiro, com aspeto ligeiramente prateado, é habitualmente caro, mas é das três variedades resultantes da planta do chá aquela que mais antioxidantes possui, sendo uma aliada no combate ao envelhecimento precoce, um dos grandes responsáveis pelas doenças degenerativas e alguns cancros. De cor palha e perfume suave, mesmo que aromatizado com flores ou frutos, deve receber água a rondar 70 graus.