Estrangeiros a viver em Portugal voltam a casa em agosto

Agosto é o mês dos emigrantes. Mas há ainda o fenómeno de regresso a casa em sentido contrário. Agosto é (também) o mês dos imigrantes. Miku, Dave, Danniek e Viola são jovens oriundos de várias partes do Mundo, dos Estados Unidos ao Japão, que escolheram Portugal para viver. Por aqui desejam continuar durante, pelo menos, uma mão cheia de anos. Entretanto, preparam as malas para visitar amigos e família na terra de onde partiram.

Aproxima-se a hora de visitar a família e amigos em Saitama, uma cidade nos arredores de Tóquio, Japão. Lá estão perto de 40 graus. Muito calor, mas também muita humidade. Levar camisolas frescas, um casaco para a viagem – já que por Lisboa não faz tanto calor como lá – e todos os acessórios indispensáveis para aguentar um voo que durará mais de 13 horas. Mas, ainda que voltar a casa seja fisicamente duro (e financeiramente pesado), o entusiasmo de ver velhos conhecidos é grande. Antes de fechar a mala e dar os preparativos como encerrados, falta a parte mais importante de todas para Miku.

A viver em Portugal há quase 15 anos, não é a roupa ou os acessórios que são indispensáveis, esses poderão ser comprados em qualquer cidade, país e até loja de aeroporto. É o que leva de cá que não se pode esquecer. E quanto a isso, não precisa de se preocupar muito. “A minha ‘avó’ portuguesa trata logo de comprar um bacalhau para eu levar.” Um bacalhau para a família, pastéis de nata para o pai e vinho para a mãe. Se apanhássemos Miku Orita a meio da viagem para o Japão e lhe abríssemos a mala, não haveria dúvidas de onde tinha partido. Portugal está empacotado numa mala. E não é por cá viver praticamente durante metade da sua vida (atualmente tem 33 anos e mora em Portugal desde os 18) que a mala deixa de ir menos vazia de culturalidade. O pai não perdoava se não recebesse doces portugueses. A mãe não dispensa um bom vinho do Douro. O irmão prefere que Miku traga consigo histórias sobre futebol, gosto que têm em comum.

A relação de Miku com Portugal tem início exatamente por aí. Recuemos até uma jovem que ainda não tinha terminado o Ensino Secundário. “Na minha escola no Japão tínhamos a oportunidade de nos inscrevermos num intercâmbio e terminar o último ano de ensino antes da universidade num outro país.” O Mundo é grande. A escolha era variada. Mas Miku não teve dúvida. Portugal. E a história começa a deslindar-se mal Miku troca um email com alguém. Uma pista: o endereço incluiu a palavra “Cristiano”. Mas ainda que se adivinhe o que aí vem, contado por Miku, dá a sensação de se reviver o sentimento de fervilhar adolescente.

A terra do Cristiano

“Hoje em dia, quando olho para trás, tenho até uma certa vergonha do fanatismo que tinha, ou pelo menos da forma como o expressava, mas a verdade é que foi o Cristiano Ronaldo que me levou a escolher Portugal como casa.” Recuemos ainda mais. Nascida e crescida na cidade do Saitama SC, um clube de futebol japonês que atualmente compete a nível regional, mas que aglomera grande massa adepta, Miku sempre foi uma criança com fascínio pela bola. Semanalmente, comprava uma revista de futebol. Numa altura em que a Internet ainda não estava disseminava, era a forma de conhecer o jogo para lá das fronteiras da sua cidade.

Foi então que, eventualmente, se cruzou com um nome: “Cristiano Ronaldo”. Miku teria 13 anos. Cristiano 18 e, a assinar pelo Manchester United, começava a causar alarido pelos quatro cantos do Mundo. Miku nunca mais esqueceu aquela imagem. Mas encontrar mais informação sobre ele não foi fácil. “Quando tinha acesso à Internet procurava pelo nome, mas numa altura em que estávamos no pós-Mundial do Japão e da Coreia, na qual o Brasil saiu vencedor, ‘Ronaldo’ significava em todo o lado apenas o brasileiro, não o português.” Mas não era o Ronaldo Nazário que Miku queria. Era, à altura, “o outro”. “Era difícil encontrar aquele bonito e jeitoso Ronaldo, só encontrava informação e fotos do feio e grande.”

Ainda que a distância entre Lisboa e Londres não seja demasiada, é com menor frequência do que desejava que Viola Helen visita a família e amigos. Sempre que o faz, não podem faltar pastéis de nata para todos na mochila
(Foto: Gerardo Santos/Global Imagens)

E como a vontade (e a escassez) faz a força, foi por volta daquele momento que o sonho de vida de Miku se formou: conversar com Cristiano Ronaldo. E foi esse desejo (que ainda continua de pé, dado ainda não se ter concretizado) que pautou todas as decisões que se seguiram na vida da japonesa. Inscreveu-se no tal intercâmbio em Portugal, fez um curso intensivo de Língua Portuguesa para não-nativos e seguiu pelo Ensino Superior na área de Ciências da Comunicação, na Universidade de Lisboa. “Decidi que viria a ser jornalista para ter a oportunidade de entrevistar o Cristiano Ronaldo.” Com as voltas da vida e o curso terminado, não se tornou jornalista, mas tem sido consistente em trabalhos de tradução para equipas de futebol ou meios de comunicação japoneses.

O início do sonho

Foi então que, em 2016, chegou mais perto do sonho, quase que lhe tocando. “Através do contacto com uma equipa do Japão que queria fazer uma entrevista à família do Ronaldo, fui até à Madeira e fiz a tradução da conversa com dois dos irmãos dele. Foi uma experiência inesquecível”, recorda com um sorriso rasgado e os olhos a brilhar. Mas ainda que falar com os irmãos do “campeão” tenha sido perto de sonho, foram as gentes da terra que a cativaram. “Foi muito bom aprender sobre o Ronaldo e sobre as origens dele pelas experiências de quem lá vive.”

Quando regressa a casa, a Saitama, ou quando a mãe, o pai e o irmão a visitam em Lisboa, é também isso que transmite de Portugal, para lá da comida, há a simpatia, a proximidade, o carinho. “Não é que não haja amor no Japão, mas temos uma cultura mais distante. Aqui em Portugal há beijos e abraços para toda a gente. Se há alguém triste ou a chorar, há imediatamente um gesto de carinho, um toque, um aconchego. E isso cura.” Foi essa forma de curar que Miku aprendeu por cá, especialmente com a família de acolhimento que, no tal intercâmbio há quase 15 anos, a recebeu. Hoje são família. Tanto que são tratados por “mãe”, “pai”, “avó” e “manas”. Miku orgulha-se de ter duas famílias, uma de cada lado do Planeta.

No primeiro ano em que viveu em Portugal, aos 18 anos, Miku sentiu-se uma pioneira. “Lembro-me de a orientadora do intercâmbio, no Japão, me ter dito que eu era a primeira pessoa neste século a escolher Portugal e que, por isso, não tinham nenhuma informação ou recomendação para me dar. Acabei por ser eu a levar o que aprendi para lá.” Assim foi. Partiu para Lisboa, para estudar um ano numa escola secundária pública. Sem computador e sem telemóvel, de início, chegou com uns singelos “bom dia”, “boa noite” e “obrigado” gravados na memória. “Na verdade havia uma única frase que eu consegui aprender e decorar ‘gosto muito de futebol’.”

Terminado o intercâmbio, regressou ao Japão apenas por questões burocráticas porque, na mala, já levava consigo todos os documentos de inscrição no tal curso de línguas da Universidade de Lisboa. A reação dos pais não foi difícil, lembra. “Sempre fomos uma família viajada. Em criança já tinha visitado muitas cidades japonesas e muitos países do Mundo. Os meus pais sempre nos incutiram esta cultura de conhecer outros lugares e esta vontade de viajar, por isso, decidir viver noutro país logo na juventude não foi uma surpresa.”

O típico novo imigrante

Uma cultura de abertura à novidade, uma educação baseada em viagens e um espírito aventureiro são, aliás, comuns a vários jovens estrangeiros que atualmente residem em Portugal. Além de Miku, e da experiência que tem com amigos internacionais que foi conhecendo ao longo dos anos, é também essa a realidade de Dave, um norte-americano que se mudou oficialmente para Portugal há um ano, mas que por cá começou a construir ligações ainda em 2020.

“Eu nasci no Michigan, mas em criança mudei-me com os meus pais para o Nevada e aos 18 anos fui sozinho morar para Los Angeles. Entretanto já vivi um pouco por toda a costa oeste dos Estados Unidos. Antes disso, aos 15 anos, vivi durante um ano no México, a propósito de um intercâmbio. Com todas estas experiências, a vontade de viver fora era praticamente inevitável. E a Europa foi o local que decidi desde a adolescência que seria o meu futuro.” E assim foi. Com um pai piloto de aviões e uma mãe hospedeira de bordo, as viagens para todas as partes do Mundo fizeram sempre parte do imaginário de Dave, hoje com 35 anos.

Descrevendo-se como um rapaz calmo que não gosta de discotecas ou de noite, mas antes de uma casa com jardim junto ao mar, foi quando lhe falaram de Portugal que ficou convencido que seria o local ideal. Com a pandemia e o corte de funcionários na empresa para a qual trabalhava, dedicou-se profissionalmente a uma paixão que já o acompanhava desde os 13 anos: a multimédia. Em 2020 apostou então na carreira por conta própria na área das filmagens e edição de vídeo. Portugal seria o seu escritório. E a sua casa. Assim que as restrições de viagem com os Estados Unidos, devido à covid-19, foram levantadas, Dave veio certificar-se do que já era praticamente uma certeza: do quão idílico é este pedaço de terra à beira-mar plantado. Não se desiludiu, antes pelo contrário. E foi assim que traçou o caminho para hoje viver numa aldeia nos arredores da Ericeira.

Há 15 anos em Lisboa, Miku Orita (à esquerda) continua a não abdicar de levar azeite, vinho e bacalhau quando visita o Japão. Para isso, conta com a ajuda da família portuguesa, em especial da “avó” (à direita) que a acolheu no primeiro ano
(Foto: Leonardo Negrão/Global Imagens)

De Portugal, sempre que vai aos Estados Unidos, leva a calma que procurava e que por cá encontrou. “Lá o ritmo de vida não é como aqui. Os norte-americanos vivem para trabalhar, não têm vida para lá disso. Em Portugal é o contrário, as pessoas trabalham para viverem. E aproveitarem.” Consciente, diz, “da cultura de sobrecarga de trabalho mal remunerado” em Portugal, Dave acredita que, ainda assim, quando há férias ou folgas, “os portugueses conseguem mesmo desligar-se do trabalho”. Não pensam em trabalho. Pensam na família. Algo que não sentia a acontecer nos Estados Unidos.

Quanto à gastronomia, não houve grandes surpresas, conta Dave. “Fazendo a comparação com o que vivi no México aos 15 anos, acho que é bastante semelhante a Portugal. Por isso, tanto a relação próxima entre todos como a gastronomia já eram algo conhecido.” Sobre a proximidade das relações, fala das suas vizinhas e dos seus vizinhos. A viver numa pequena terra, toda a gente se conhece. Toda a gente se cumprimenta. Toda a gente se ajuda. “Todos os ingredientes que uso para cozinhar vêm de um raio de 10 quilómetros no máximo, muitos deles são vegetais e frutas oferecidos pelos meus vizinhos e colhidos nos quintais deles.”

Esta relação com o próximo, realça, seria impensável num país com a dimensão dos Estados Unidos. E era exatamente esta pequena escala que procurava. “Todas as semanas vou até ao café beber uma cerveja com os mais velhos ou as senhoras idosas convidam para ir provar um prato novo a casa delas. Sinto-me parte da comunidade.” E quando fala de Portugal aos amigos e à família não deixa de referir uma das suas atividades favoritas: as festas populares e os bailes da aldeia, em que faz questão de comparecer sempre que existem. “É muito engraçada esta cultura portuguesa de que qualquer situação é razão para fazer uma grande festa.”

O vinho não pode faltar

A última vez que esteve nos Estados Unidos foi no Natal do ano passado. A mala foi (e vai, já que está a preparar uma outra visita) recheada de portugalidades. “A minha família não me deixava sair de Portugal sem um monte de coisas boas para lhes levar.” Mas o principal elemento é o vinho. Esse, conquistou toda a gente. “Da última vez que lá estive levei também uma andorinha de cerâmica, típica daqui, para cada pessoa importante.”

Mas falemos de comida. Sobre isso, como já referido, Dave não teve problemas em integrar-se. Tal como no México, nota, “por aqui comem-se todas as partes do animal, sempre acompanhado de batata e legumes”. E não há molhos ou temperos em demasia a disfarçar uma falta de sabor devido a maus cozinhados (algo que contrasta com os Estados Unidos, confidencia). “Se tiver de me lembrar de algo que provei em Portugal pela primeira vez e que ainda não aprendi a apreciar é a orelha de porco e as tripas. De resto, sou um amante da cozinha portuguesa. Especialmente de bacalhau à Brás.”

Para lá do vinho, dos pastéis de nata e até do azeite, o bacalhau à Brás é um dos tópicos mais repetidos quando a pergunta é “o que levas de Portugal?” Foi igualmente esta a resposta de Danniek Oberije, holandesa de 27 anos atualmente a viver em Lisboa. Repetindo também a narrativa do norte-americano Dave relativamente ao ritmo de vida desacelerado, foi por cá que a jovem procurou assentar numa rotina sem tantas pressões. “Aos 25 anos já sentia uma enorme pressão para ter sucesso e um bom desempenho. Todos esperavam que já conseguisse ter uma casa comprada, um trabalho de sonho e uma educação e um status elevado.”

(Re)começar do zero

Parte dessas exigências já tinham sido cumpridas por Danniek. Tinha um negócio próprio, uma relação longa e estável e uma casa comprada a meias com o companheiro da época. Foi então que uma amiga de Danniek, em preparativos para se mudar para Portugal, a convidou para ir passar umas férias a Lisboa. A conexão foi instantânea. Ainda que a holandesa esteja habituada a viajar e a conhecer outros locais – voltamos aqui ao passado comum com Dave e Miku, baseado numa educação de conhecimento de outras culturas através de viagens na infância – foi em Portugal que se sentiu em casa pela primeira vez.

“Logo no primeiro dia tive a sensação estranha de estar em casa, como se sentisse um pequeno fogo dentro de mim que me chamava para viver naquele lugar.” Em boa verdade, retifica-se, aquele verão de 2021 em Lisboa não foi a primeira vez que teve esta sensação de aconchego, já o tinha sentido em 2018 no Porto, quando visitou Portugal pela primeira vez. “Mas aí era mais nova e ainda não tinha capacidade para ser independente, por isso tive de reprimir esse sentimento. Aos 25 anos foi diferente. Já podia fazer algo com aquele sentimento.”

Danniek Oberije escolheu Portugal como residência para mudar de ritmo de vida. Por cá apaixonou-se pela diversidade de paisagens e pelo bacalhau à Brás, que faz questão de dar a provar a todos aqueles que a visitam desde a Holanda
(Foto: Pedro Rocha/Global Imagens)

E fez. Voltou para a Holanda. Conversou com o então companheiro. Decidiram terminar a relação. Venderam a casa recém-comprada. Fez o luto daquele término. Tratou da burocracia. E em maio de 2022 era oficial: tornava-se residente em Portugal. “Foi tudo um misto de medo e contentamento, porque, ainda que a minha amiga tenha decidido primeiro do que eu mudar-se para cá, eu fui a primeira a concretizá-lo. Por isso, vim sozinha. Tive de começar o meu círculo social do zero. Começar a minha vida do zero.” Sobre fazer amigos, portugueses ou não, Danniek não encontrou qualquer problema. Excetuando a volatilidade dos habitantes da capital portuguesa, talvez. “O que senti no início é que há muita gente jovem a viver em Lisboa, mas grande parte está de passagem, por três, seis meses ou um ano. Foi difícil encontrar um círculo de amigos estável.”

Parar para aproveitar

Lá conseguiu e, hoje, é uma das coisas que mais leva na mala quando regressa ao país (pelo menos na mala emocional): as ligações que por cá fez. E o ritmo a que se vivem as amizades. “Uma das razões que me fez vir embora da Holanda foi a dificuldade em manter uma amizade. Se eu convidasse um amigo para um café ele provavelmente responderia que só estaria disponível dali a dois meses a uma determinada hora. Em Portugal não é assim. Há espontaneidade.” Em suma, há a tal cultura do lazer de que Dave também falava.

Mas como não podia deixar de ser, e acompanhando o bacalhau à Brás que abriu a conversa com Danniek, a jovem natural da Holanda faz questão de referir ainda o vinho verde. “É a minha nova perdição. E da minha família. Nunca me posso esquecer de levar umas garrafas na mala quando lá vou visitá-los.”

Miku, Dave e Danniek são três dos mais de 780 mil cidadãos estrangeiros a residir em Portugal. 65% destes, tal como os três jovens, habitam nos distritos de Lisboa, Faro e Setúbal. Cada vez há mais jovens a escolher Portugal para residir e a radiografia destes baseia-se muito nestas histórias: jovens qualificados, com educação superior, que trabalham remotamente. Japão, Estados Unidos da América e Holanda não estão sequer nos primeiros dez países com mais expatriados em Portugal. Nesse ranking inclui-se uma última história: a de Viola Helen, do Reino Unido.

O país de Sua Majestade é o segundo com mais cidadãos residentes em Portugal. “No meu entender, o Brexit foi a ignição para todos aqueles que já vinham tendo alguma vontade de viver fora do país”, conta a jovem de 26 anos. Viola, nascida na China, mas criada em Londres, pelos pais adotivos, revela que, tal como grande parte da sua geração, cresceu a sentir-me europeia. “Quando o Brexit nos tirou a possibilidade de poder continuar a sentirmo-nos e agirmos como europeus, quem já tinha alguma ideia de emigrar, fê-lo, antes que se tornasse mais complicado.”

O tal do Bacalhau à Brás

Sobre o porquê da escolha de Portugal, a jovem diz que não há muita ciência. “Eu já tinha visitado praticamente todos os países da Europa, mas Portugal não. Pensei que seria uma boa ideia começar num sítio desconhecido para mim.” O facto de trabalhar remotamente na área do marketing digital, facilitou a escolha.

O percurso por Portugal começou com seis semanas de um curso intensivo de Língua Portuguesa em 2020. No ano seguinte era oficial a mudança de residência. Hoje, Portugal é um plano de longo prazo. “Quero ficar pelo menos cinco anos para ter a cidadania, mas quando penso neste país, mesmo que eventualmente vá viver noutro lugar do Mundo por algum tempo, penso que regressarei sempre aqui. Ficarei sempre com um pedaço de portuguesa em mim.”

Para já, o objetivo para se sentir mais “de cá” é dominar a língua. Mas é difícil treinar, afirma, porque há muita gente a falar inglês. “Dos amigos aos funcionários do supermercado, por exemplo, eu tento treinar o português, mas todos acabam por responder em inglês para facilitar.”

Ainda que a viagem seja curta, Viola só tem visitado a família em Londres uma vez por ano. Na mala, e nas conversas, leva para partilhar a diversidade gastronómica. “Lisboa está uma cidade cada vez mais internacional, pode comer-se qualquer coisa de qualquer parte do Mundo, aqui.” Mas apesar da variedade, é a tradição que a conquista. Em especial o bacalhau à Brás (cá está ele novamente). Para além disso, nunca pode falar o já falado e repetido pastel de nata. Na mala vão ainda fotografias e memórias, para mostrar à família e amigos o quanto as paisagens lisboetas a cativam, em especial os miradouros naturais, algo que pouco se encontra por Londres.