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Vigiar e prevenir. Os benefícios da consulta de rotina

A consulta de rotina no pós-férias não serve apenas para olhar para os meses que passaram, serve também para antecipar o tempo que virá (Foto: AdobeStock)

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Fazer análises e preparar a chegada das estações frias são alguns dos tópicos que não escapam à Medicina Geral e Familiar. Um check-up médico geral é essencial nesta fase de reorganização da vida pessoal, profissional e familiar.

O sono anda desregulado. O exercício físico foi deixado de lado. A alimentação não esteve controlada. As horas de exposição solar direta aumentaram. Apesar das férias serem um momento associado ao bem-estar, a mudança de comportamentos que acontece nesta época pode levar a que a saúde fique para segundo plano. E até debilitada. Por isso, o fim das férias deve ser sinónimo de regresso a hábitos saudáveis e a cuidados de saúde.

Para Daniel Beirão, este é um momento-chave para visitar um médico de Medicina Geral e Familiar. “Estamos na época de calendarização e organização das rotinas, e nada melhor do que agendar a próxima ida à consulta de rotina”, recomenda o clínico. Pode não haver nenhuma queixa em particular a fazer ou nenhum problema concreto a ser tratado, mas a consulta de rotina deve acontecer, especialmente após uma “época de excessos”, como é o caso das férias.

Daniel Beirão, médico
(Foto: DR)

A ordem de trabalhos é abrangente. O especialista refere que a consulta deve abordar temas que vão desde a avaliação de antecedentes pessoais de doença à (cada vez mais falada) avaliação do estado de saúde mental – especialmente porque o regresso ao trabalho pode ser um momento desafiante e propício ao aumento da ansiedade e stress.

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O médico deve ainda aproveitar para abordar temas que poderão ter ficado esquecidos durante os meses de verão: a atividade física e a alimentação, incentivando a que este seja também um momento de voltar aos hábitos saudáveis. A consulta de rotina pode ainda incluir a leitura dos dados dos dispositivos eletrónicos. São cada vez mais utilizados relógios e outros equipamentos que permitem a medição de diversos parâmetros de saúde e essas informações podem, e devem, ser partilhadas com o médico, para que este ajude a interpretá-los da melhor forma.

A periodicidade da visita ao médico de família é variável, salienta Patrícia Maia. A coordenadora de Medicina Geral e Familiar do Hospital Lusíadas Lisboa refere que o número de vezes que a consulta de rotina ocorre deve ser influenciado pelas patologias de base que a pessoa tem e pela sua idade. “Para um adulto saudável esta é a altura do ano ideal para pensar em fazer análises globais e aferir a parte cardiovascular.” Estas são as análises e os exames que, segundo a médica, devem ser, à partida, passados na consulta pós-férias.

Outro dos temas a abordar na consulta, após os meses de verão, é o cuidado com o cabelo e pele, que ficaram debilitados devido à maior exposição ao sol, ao mar, à piscina e ao vento. “Hidratar muito bem é essencial”, defende Patrícia Maia. A especialista alerta sobretudo para a atenção à pele, que deve ser redobrada nesta fase. “Normalmente os problemas não surgem no imediato, mas deve prestar-se atenção a uma cicatriz que não cicatriza, um sinal que cresce, que muda a cor ou que está mais saliente. Tudo isto são questões que devem levar as pessoas a contactar o médico de família ou um dermatologista.”

Preparar para o tempo frio

Mas a consulta de rotina no pós-férias não serve apenas para olhar para os meses que passaram, serve também para antecipar o tempo que virá. Para Daniel Beirão, esta é uma altura crucial para incluir uma avaliação aos rastreios oncológicos na consulta. Perceber quais é que já foram feitos e quais é que devem ser realizados brevemente. A antecipação do tempo frio é igualmente importante. Por isso, o médico aconselha a que a consulta do pós-férias reveja o estado vacinal, abordando a importância da vacina da gripe, entre outras.

Patrícia Maia relembra a importância de voltar a falar sobre etiqueta respiratória. “Devemos começar a educar-nos para utilizar a máscara quando há queixas respiratórias e a desinfetar as mãos”, pois “a maior parte dos vírus tem uma componente respiratória”. Ainda na antecipação do inverno, sugestões sobre como vestir adequadamente para a temperatura que se faz sentir, começar a vestir por camadas ao longo dos meses e ter atenção com o aquecimento e alimentação dos mais velhos são fundamentais.

Patrícia Maia, coordenadora de Medicina Geral e Familiar do Hospital Lusíadas Lisboa
(Foto: DR)

Num momento de regresso ao trabalho, às aulas e às rotinas pessoais e familiares, uma ida ao médico pode parecer difícil de coordenar, principalmente com todos os elementos da família. Daniel Beirão, também medical adviser da Knok, start-up portuguesa de telemedicina, realça as vantagens da medicina “à distância” como complemento à visita tradicional, sendo uma forma de despistar os primeiros sintomas de um problema, sem necessidade de deslocação física ou de esforços de tempo, mantendo o contacto cara a cara através da videoconsulta.

Patrícia Maia afirma que “a rotina acaba por ser algo importante para a regulação do nosso organismo” e, por isso, deve haver um esforço para regular três pilares essenciais: sono, alimentação e exercício físico. O médico de família pode ser uma ajuda para alcançar este equilíbrio. E qualquer queixa deve ser logo exposta, fazendo a diferença para “um diagnóstico atempado”.