O último discurso de Martin Luther King Jr., o homem que ousou sonhar

Martin Luther King Jr organizou, em 1965, uma marcha desde Selma a Montgomery que juntou milhares de pessoas (Foto: Peter Pettus - Library of Congress)

A rubrica "Máquina do tempo" desta semana apresenta o último discurso antes da morte de Martin Luther King Jr.

A 3 de abril de 1968, há precisamente 54 anos, Martin Luther King Jr. fez o derradeiro “sermão” da sua vida. Foi assassinado no dia seguinte.

O discurso não foi sobre um sonho, mas também haveria de ficar eternizado nas páginas da História. Há precisamente 54 anos, Martin Luther King Jr. erguia a voz numa igreja, o Mason Temple, em Memphis, Estados Unidos, para apoiar a greve e uma marcha de trabalhadores negros por melhores condições.

Luther King foi um dos mais importantes ativistas norte-americanos contra o racismo
(Foto: Birmingham ALabama pD)

Não estava planeado, mas o ativista, que lutou até ao fim da vida contra a segregação racial, discursou naquele 3 de abril de 1968. Haveria de ser o seu último discurso. “I’ve been to the mountaintop” – em português, “Estive no topo da montanha” – foi um grito, uma ode à liberdade de protestos não violentos, de boicotes, de uma resistência ao racismo que se fez sempre pacifista e que já lhe tinha valido o Nobel da Paz em 1964. A morte entrou no discurso, qual premonição de quem confessava, ali mesmo, não ter medo.

No dia seguinte, ao final da tarde, Martin Luther King era assassinado, quando estava na varanda do seu quarto no Lorraine Motel, onde estava hospedado. Tinha 39 anos. A vida roubada por um tiro não viria a apagar as páginas de avanços que um dos mais importantes líderes dos movimentos pelos direitos civis negros nos Estados Unidos escreveu.

Martin Luther King Jr foi preso em 1963 por protestar contra o tratamento dos negros em Birmingham
(Foto: Nobel Foundation)

Do ativismo conquistou o direito de os negros poderem sentar-se nos primeiros lugares do autocarro, acederem a parques públicos, bibliotecas, cafés. O direito ao voto, conquista histórica. Chegou a ser preso. Na mais emblemática marcha que liderou, em Washington, reuniu 250 mil pessoas, quando fez o popular discurso “I have a dream”. Anos antes de morrer, foi criada a Lei dos Direitos Civis nos Estados Unidos, que garantia a tão esperada igualdade entre negros e brancos, o sonho a que dedicou a vida. Mas a sua luta nunca acabou. E ainda segue viva.