Mulheres, pioneiras, a fazer história

Luísa Salgueiro, a primeira mulher presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses e da Câmara de Matosinhos. Isabel Camarinha, a primeira mulher à frente da CGTP, maior central sindical do país. Maria João Viamonte, a primeira presidente do Instituto Superior de Engenharia do Porto, em 170 anos de vida da instituição. Teresa Ricou, Tété, a primeira mulher-palhaço. Maria Ferreira, a primeira presidente da Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Elas, pioneiras, fazem História, abrem caminho, põem o Mundo a girar, e falam no plural.

Não foi fácil apanhá-la, reunião atrás de reunião, hora de almoço que raramente é hora de almoço, o rebuliço com a atividade presencial a ser retomada, a gestão de 35 estruturas da associação que comanda, 21 pessoas na direção, 60 colaboradores. “É sempre a correr”, revela. Maria Ferreira, de 22 anos, natural de Guimarães, aluna de mestrado em Engenharia Agronómica, é a primeira mulher presidente da Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (AAUTAD), em Vila Real. Nasceu para liderar, para fazer acontecer, como lhe diz a mãe. Teimosa e equilibrada, quando é para fazer é para fazer.

No mês passado, tomou posse para um segundo mandato, mais um ano pela frente. Há poucas semanas, colegas do movimento estudantil viam fotografias dos dirigentes da associação e repararam que ela era a primeira mulher em 34 anos de história da AAUTAD. Deram-lhe os parabéns. Confessa que nunca ouviu comentários machistas ou sexistas e que a academia transmontana se orgulha do facto de ter uma mulher ao comando.

Os tempos são outros, é certo, mas Maria sabe que não se pode baixar os braços na luta pela igualdade. “Não podemos ignorar que há um problema e cabe à nossa geração mudar isso. Mostrar que somos capazes de fazer, que temos os mesmos direitos. Temos de dar o nosso contributo. É um trabalho que tem de continuar a ser feito e está nas nossas mãos.” Pela parte que lhe toca, assim será. A afilhada tem cinco anos e não se cansa de lhe dizer que pode ser o que quiser ser.

Luísa Salgueiro, 54 anos, também não pára, agenda sempre ocupada, a conversa acontece ao final da tarde, à entrada de fim de semana. “É importante não dizermos sempre que não quando temos as oportunidades. Estamos sempre disponíveis para passar a nossa vez e não agarramos as possibilidades.” É a primeira mulher presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e a primeira presidente da Câmara de Matosinhos, reeleita para um segundo mandato nas últimas autárquicas com maioria absoluta. Na altura, reconheceu que o resultado tinha sido extraordinário e garantiu que manteria a atitude de diálogo, humildade e entrega. “Estou na política como estou na vida: por inteiro.” Profissional e determinada, sublinha.

Ser mulher pesou na hora de decidir ser a líder dosautarcas. Lá está, as mulheres devem dizer sim e não passar o lugar. Em quase 48 anos de democracia, a ANMP nunca tinha tido uma mulher ao leme. Garante não sentir areias na engrenagem ou obstáculos por ser mulher. Em novembro de 2010, tornou-se na primeira mulher portuguesa a ter um cargo de direção na NATO, ao ser eleita vice-presidente da Comissão de Energia e Segurança Ambiental, uma das cinco comissões parlamentares da organização, direcionada para questões do bioterrorismo e energias alternativas.

Luísa Salgueiro é a líder dos autarcas, admite que já ouviu comentários pouco simpáticos por ser mulher. Nunca os valorizou
(Foto: Pedro Correia/Global Imagens)

“Na verdade, não me sinto diferente por ser mulher no exercício dos meus cargos. Sinto-me numa condição igual para com os meus colegas, para com os meus pares.” As características contam o que contam em qualquer circunstância. “Temos exatamente as mesmas condições para exercer os cargos.” Luísa Salgueiro usa o plural para falar das mulheres. No entanto, admite que sim, já escutou comentários depreciativos por ser mulher. Entraram por um ouvido, saíram pelo outro. “Ouvi muitos, não dou relevância, tento esquecer no minuto seguinte. Só fixo as coisas boas da vida.”

Isabel Camarinha ia fazer 14 anos quando o 25 de Abril aconteceu, não foi criada, confessa, num ambiente de que por ser mulher não podia ser o que quisesse, não foi educada a pensar que os homens é que mandavam no Mundo. Sabia, porém, que não vivia numa ilha, que havia e há machismo, que havia e há discriminação. “Evidentemente que há discriminação e todas acabam por ser afetadas por ela”, frisa.

Acabou o 12.º ano, ainda pensou tirar o curso de História, começou cedo a ter um papel interventivo. “Participava de forma muito ativa no movimento sindical, na luta dos trabalhadores”, lembra. É a primeira mulher na liderança da CGTP, maior central sindical do país, em 50 anos de história, e é a primeira mulher na presidência do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritório e Serviços de Portugal. Dirigente sindical desde 1991, a tempo inteiro desde 2009. Uma mulher de causas. Sempre na luta, sempre interventiva.

Está a meio do mandato, eleita secretária-geral da CGTP em fevereiro de 2020, então com 59 anos, tomou posse, veio a pandemia e seus desafios. “Ser a primeira mulher a assumir esta função deixa-me orgulhosa. Mas, para mim, colocar-se-iam os mesmos desafios que seriam colocados a qualquer um dos meus camaradas que trabalham neste coletivo.” Ser mulher ou ser homem, neste contexto, é indiferente. Na base está sempre a defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores, as lutas pelo aumento de salários. “Lutar pela igualdade é lutar por melhores condições, pelo aumento dos salários de todos os trabalhadores.”

Dias depois de ter tomado posse como presidente do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), Maria João Viamonte, de 53 anos, a primeira mulher à frente da instituição em 170 anos de história, recebeu um e-mail. Uma aluna do 7.º ano de uma escola de Lavra, Matosinhos, leu uma notícia sobre a novidade e pediu-lhe para ir ao estabelecimento de ensino falar de engenharia e da possibilidade das meninas estudarem essas áreas. Disse que sim, mais tarde recebeu um grupo de meninas no ISEP que continua aberto a iniciativas que abordem essas questões, defende que há ideias que devem ser desmistificadas no Ensino Secundário, ou até mesmo antes, sobre as engenharias. “São tarefas que podem ser executadas tanto pelos homens como pelas mulheres.”

Maria João Viamonte está ao comando do ISEP, avançará para um segundo mandato da instituição que tem cerca de sete mil alunos, 20% são mulheres
(Foto: Pedro Correia/Global Imagens)

O seu percurso acaba por ser um exemplo. Licenciou-se em Informática numa turma maioritariamente de rapazes, chegaram ao final do curso de 1987 com tudo certinho, dois rapazes e duas raparigas. Era uma das raparigas. “Era um curso novo, aliciante, senti que o futuro ia passar pelas áreas mais tecnológicas, era boa a Matemática, decidi arriscar.” Em 1992, estava a tirar o mestrado em Engenharia Informática, trabalhava, ao mesmo tempo, no departamento de informática de uma empresa química de tintas, doutorou-se em Inteligência Artificial. Acabou por entrar no ISEP como professora e investigadora em 1997, foi vice-presidente do conselho técnico-científico durante nove anos até assumir a liderança da instituição de Ensino Superior. “É um caminho que se vai construindo. O facto de ser mulher, em situação alguma, o senti como impedimento.” Mas sabe, e fala disso, que há pais que não querem que as filhas escolham engenharia porque acham que elas não são capazes. Sente, porém, que há uma mudança de comportamentos. Neste momento, no ISEP, são mulheres que estão à frente do conselho técnico-científico, do conselho pedagógico e da associação de estudantes. Admite que é uma privilegiada pelo meio sociocultural onde nasceu e cresceu, no Porto, e pela educação que teve sem qualquer pressão nela e no irmão mais novo quatro anos e meio. “Fomos educados para sermos fortes, independentes e livres.”

O trabalho, as oportunidades, as aspirações

“As mulheres passam a vida a dar voltas ao Mundo. E nesse saber de voltas (de)grau a grau, trabalham sem descanso até conseguir.” Em abril de 2013, Teresa Ricou escrevia estas frases num editorial com ares de manifesto. “São as mulheres que aguentam as totalidades da vida”, acrescentava. As mulheres continuam a revirar o Mundo? “A luta das mulheres pela igualdade de direitos tem vindo a concretizar-se ao longo destes anos pós 25 de Abril de 74, no entanto, a condição das mulheres ainda está longe de ter concretizado os seus sonhos, as suas aspirações, o seu reconhecimento político e social, como cidadãs ao serviço do desenvolvimento do país. Elas são o garante da emancipação pela liberdade de um povo”, responde. “Elas são a grande força na linha da frente, tanto para situações mais complicadas como aplaudindo os momentos de festa e de glória que a vida merece.”

Teresa Ricou, Tété, a primeira mulher-palhaço, fundadora do Chapitô, 77 anos e uma vida cheia, viveu em vários países, teve vários empregos. Pai médico, especializado em doenças tropicais, a exercer medicina pelos países mais carenciados, a querer erradicar a lepra. A mãe, a grande mulher, “sempre na retaguarda, uma guerreira”. Pelos 17 anos, faz-se à vida, põe-se a caminho, rebelde, inconformada. “Fui aprender a pôr em prática toda a educação familiar, sem medo, de cabeça erguida, com determinação, confiante de que ia defender causas, por uma justiça social, a minha tendência para as artes de pista ajudaram-me nessa concretização, passo a passo, até à reconstrução do espaço Chapitô em 1985.” A concretização, por vezes, incomoda. “Essa determinação que me leva à concretização deste salto talvez tenha assustado quem me olhava.”

Há pouco mais de uma semana, Teresa Ricou estava numa ação-intervenção do Chapitô, sensibilizada pela questão da guerra na Ucrânia, no Terreiro do Paço, em Lisboa. Na última quinta-feira, estreou “Antígona 3 por 3,5”, a 38.ª criação coletiva da Companhia do Chapitô que estará em cena até 24 de abril, de quinta a sábado às 20.30 horas, aos domingos às 17 horas, na casa do Chapitô, número 17 da Costa do Castelo, em Lisboa. Uma peça sobre a vida árdua dos pescadores de bacalhau no mar da Noruega.

“As mulheres têm vindo a assumir, cada vez mais, funções de grande responsabilidade, não só no movimento sindical, mas em todas as áreas”, observa Isabel Camarinha. No Dia Mundial da Mulher do ano passado, o Eurostat divulgava que Portugal tinha 36% de mulheres em cargos de gestão no terceiro trimestre de 2020, percentagem ligeiramente acima da União Europeia. O gabinete estatístico europeu indicava que 46% dos trabalhadores da União Europeia eram mulheres e só 34% ocupavam cargos de gestão. Letónia e Polónia estavam no topo da lista com mais de 40%, do lado oposto, Croácia, Holanda, Chipre.

Isabel Camarinha lidera a CGTP, está a meio do mandato, refere que a igualdade é fundamental para haver progresso
(Foto: Rita Chantre/Global Imagens)

Isabel Camarinha puxa um número português. “Quando olhamos para as mulheres, elas são 52% dos trabalhadores com vínculo precário.” Há pouco mais de uma semana, a CGTP estava a discutir a discriminação salarial entre homens e mulheres. Há um ano, a central sindical divulgava um estudo, feito pelo seu Gabinete de Estudos Sociais, que fez títulos de jornais. As mulheres ganhavam, em média, menos 14% do que os homens e a diferença alargava-se para menos 26,1% em quadros superiores – dados referentes ao quarto trimestre de 2020. Nada parecia mudar em relação a 2018, quando a CGTP dizia ao país que as mulheres portuguesas auferiam, em média, salários base 14,5% mais baixos do que os homens, para trabalho igual ou de valor igual. “Para acabarmos com esta desigualdade salarial, e outras, é necessário que haja um aumento geral de todos os trabalhadores, a erradicação da precariedade, criar vínculos efetivos, valorização das carreiras e das profissões.” Salários compensadores das funções desempenhadas. “O que não está a acontecer, temos um milhão de trabalhadores com o salário mínimo nacional.” Cerca de 71% dos empregos, criados em 2021, pagam até 900 euros. “Como vamos ultrapassar a discriminação se reduzimos o poder de compra e o salário real de todos os trabalhadores?”, questiona. Não há aqui homens e mulheres, há gente que trabalha. E uma coisa é certa: a luta é de todos. “Precisamos de lutar pela igualdade, por melhores condições de vida e de trabalho e de garantir que o futuro é um futuro de progresso e não de retrocesso. Para haver progresso, a igualdade é fundamental.”

Na ANMP, Luísa Salgueiro tem um mandato até 2025 e muito trabalho pela frente. A autarca está ciente dos desafios que estão em cima da mesa, desde logo a regionalização, a gestão do processo de descentralização, bem como garantir que os próximos fundos comunitários sejam “usados da melhor forma”, além de toda a exigente vida do município que lidera e ter de estar a par de tantos e vários dossiês. “O país tem condições para avançar para um processo de organização da Administração Pública. É uma oportunidade única que não podemos desperdiçar. E sinto-me preparada com os meus pares. Tenho uma excelente equipa de colegas.”

Luísa Salgueiro é autarca, política, mãe, mulher, filha. E as horas não esticam. “É difícil, o tempo que sobra é pouco. Tenho uma família muito compreensiva e tolerante que perdoa muito tempo de ausência.” Numa mensagem às mulheres do seu país, mantém o plural e a esperança. “Temos todas as condições, qualidades e competências, e nada nos deve fazer sentir inferiores aos homens. Devemos acreditar em nós e não ter receio.”

Maria João Viamonte está quase a terminar o mandato de quatro anos, tomou posse em abril de 2018, vai recandidatar-se a um segundo, oito anos parecem-lhe o tempo perfeito para o cargo. Apanhou uma pandemia pelo meio que alterou dinâmicas e rotinas, quer implementar projetos que ficaram por fazer, repensar alterações dos curricula, continuar campanhas que alertam para a consciência ambiental e ecológica. “Gosto muito do que faço, é um exercício constante de aprendizagem.” Lidera uma instituição de ensino superior com cerca de sete mil alunos, 500 professores, 130 funcionários. É um cargo de alta responsabilidade que exige disciplina e organização da vida pessoal para acompanhar os dias do filho adolescente. “A educação também se faz com o exemplo, exemplo de luta, de querer fazer, de superar algumas expectativas. Sempre fui muito disciplinada e organizada. É preciso muito equilíbrio, as mulheres são experts em conseguir esse malabarismo.”

Preconceitos, quotas, condescendência

A questão de sempre que não vale a pena contornar. Qual o papel da mulher? “Intervenção social e política em qualquer lugar de chefia de responsabilidade, mediante as suas competências, a sua vontade e disponibilidade para qualquer quadro”, refere Teresa Ricou. As lutas e as conquistas. A mulher tem o seu lugar? “A mulher, desde a criação do Mundo, sempre foi um elo mais forte, com a fragilidade de qualquer ser humano, e com a força que só ela pode responder, com o ato da maternidade, é ela, a mulher que põe o Mundo a girar – o seu destino não é ser parideira, nem a sua condição, mais sim por opção ao fazer nascer outros para todo o Mundo, eles/elas serão os/as impulsionadores, a energia sempre renovada, na educação, na justiça, economia, saúde, na política, nas artes, no Mundo, a mulher comanda a vida, ela é o farol sempre atento e iluminado a tudo o que nos rodeia – a vida”, acrescenta.

Teresa Ricou, Tété, a mulher-palhaço, fundou o Chapitô, acredita que as mulheres são a grande força na linha da frente
(Foto: Leonardo Negrão/Global Imagens)

Licenciada em Direito, pós-graduada em Direito do Ambiente, advogada, consultora jurídica, vereadora na Câmara que agora lidera, deputada do PS durante três mandatos, Luísa Salgueiro concede que a balança não está equilibrada, que não há os mesmos espaços de oportunidade. Di-lo com todas as letras, novamente na primeira pessoa do plural. “É mais difícil encontrarmos espaços para oportunidades, é preciso provarmos mais.” Luísa Salgueiro recorda a Lei da Paridade, aprovada em 2006, já era vereadora da Câmara de Matosinhos, com os pelouros da Ação Social, Habitação, Saúde e Juventude. É anterior a essa lei que estabeleceu uma representação mínima de 33% de cada um dos sexos nas listas para a Assembleia da República, Parlamento Europeu e autarquias locais – e que, em 2019, aumentou para um limiar mínimo de 40% de mulheres e homens nos cargos e órgãos de decisão política e administração pública. As quotas foram bem-vindas, em seu entender, mas reveladoras de que a balança continuava a pender mais para um lado, o lado masculino. “Num Mundo ideal, as quotas não deviam ser necessárias, mas, na verdade, foram muito importantes, e continuam a sê-lo, acautelando a participação das mulheres na vida política”, sustenta.

No entanto, o número de mulheres eleitas para a presidência de câmaras municipais caiu nas últimas autárquicas de 32 para 29, o mais baixo desde 1985. E os estudos indicam que os portugueses só elegem 13,5% das mulheres candidatas a presidente de câmara. São números preocupantes para Luísa Salgueiro quando se olha para um universo de 308 municípios.

Teresa Ricou torce o nariz ao sistema de quotas. “Parece-me óbvio que uma equipa tem que ter homens e mulheres – tanto para uns como para outros/outras. Tem que ser por opção de cada um, as competências e capacidades de pensar, planificar, criar, liderar, concretizar, para a realização de qualquer projeto, com todo o empenho e bom desempenho, só assim faremos a grande mudança”, salienta.

Maria João Viamonte concorda. “As quotas não deviam de ser necessárias, são uma forma de condescendência”. Este sistema não a agrada. “Está tudo na nossa cabeça. Tudo nos é possível desde que estejamos preparadas para isso. As mulheres têm de lutar por aquilo que querem. Devemos ser corajosas nos tempos que vivemos, ter coragem para seguir os sonhos, temos as competências necessárias para termos sucesso.”

A lei da paridade foi cumprida de forma natural na AAUTAD, não foi preciso fazer contas para cumprir quotas. Maria não concorda com a lei, acha, contudo, que pode até fazer sentido, que terá o seu impacto. “Mas estar a condicionar um lugar por ser rapaz ou rapariga é um pouco chato.” “Faz sentido mostrar que as mulheres têm poder”, comenta.

Maria tem a vida pela frente, gostaria de ter a sua própria empresa na indústria alimentar, produzir e transformar alimentos. É teimosa, quando é para fazer põe tudo a mexer. Para o ano, quando sair, quer deixar a associação consolidada, robusta. “Quero deixar tudo direitinho para quem chegar a seguir.” Até lá, continuará mergulhada em projetos e a tentar evitar o abandono escolar, uma das suas grandes prioridades.

Não é uma mensagem, é um conselho de Teresa Ricou. “Não façamos o melhor possível, mas sim é sempre possível fazer cada vez melhor… Sem condescendência, pois que o terceiro setor deverá dar tudo do melhor para quem quase nada tem. Só a força positiva e a determinação na conquista dos nossos direitos para toda a emancipação e libertação de condição feminina nos levarão a uma igualdade de direitos”, destaca. “Somos mulheres a tempo inteiro. Não somos partenaires. Não somos part-time. Não somos part-night. Somos cuidadoras com afeto e toda a responsabilidade.”