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Eduardo Sá: “Vejo mal os que escondem a ambição no espírito de missão”

Fotos: Maria João Gala/Global Imagens

Eduardo Sá, que acabou de lançar o livro “Nada no amor é por acaso”, o seu segundo romance, foi fotografado em casa

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O "Espelho Meu" do psicólogo clínico, psicanalista e professor universitário.

Vejo bem

  1. A paixão. Como forma de pôr ganas e de pôr garra num desejo. E só porque se acredita, ir. E lutar por ele.
  2. A ironia. Como jeito de nos desmancharmos e de voltarmos a nós. E percebemos que nada nos demove de sermos, todos os dias, risíveis em construção.
  3. O brincar. Como ponte que faz do estranho alguém com quem se pensa. Com quem se ri. Com quem se ganha. E com quem se procura aquilo que sem ele o brincar não existia.
  4. O comover. A arte de sentir os outros em nós. De ser atencioso. De gesto em gesto, nos comovermos.
  5. O amor. Como janela com que se nasce para a vida. Depois de se morrer de amor. Algumas vezes.

Vejo mal

  1. As pessoas muito resolvidas. Das que se escondem em verdades feitas, em meias-verdades e em lugares comuns. Que nos dão a entender que todas as nossas fragilidades são fraquezas. E nada mais.
  2. Os roubadores de luz. Aqueles que embirram com a graça. Com a transparência. Ou com a verdade. E que tentam corromper toda a luz que não têm. Por inveja. Ou por maldade.
  3. Aquelas pessoas que escondem a ambição no espírito de missão. E que se dizem moídos e vergados pelo peso das responsabilidades. E sacrificáveis, claro. E que tentam normalizar tudo aquilo que estranham. Como a alegria. Que consideram que devia pagar imposto de luxo. E sobretaxas.
  4. Os minhoquinhas. Os picuinhas. E os maçadores. Os que vivem entre parêntesis. Aqueles para quem a alma humana devia ser uma folha de cálculo. E dar resto zero.
  5. Aqueles que confundem ser cruel com “muito verdadeiro”. Que, da forma como nos intimidam, conspurcam “a verdade” com as maldades que nos dizem. Porque nos querem bem…

Psicólogo clínico, psicanalista e professor universitário
60 anos