O "Espelho Meu" do psicólogo clínico, psicanalista e professor universitário.
Vejo bem
- A paixão. Como forma de pôr ganas e de pôr garra num desejo. E só porque se acredita, ir. E lutar por ele.
- A ironia. Como jeito de nos desmancharmos e de voltarmos a nós. E percebemos que nada nos demove de sermos, todos os dias, risíveis em construção.
- O brincar. Como ponte que faz do estranho alguém com quem se pensa. Com quem se ri. Com quem se ganha. E com quem se procura aquilo que sem ele o brincar não existia.
- O comover. A arte de sentir os outros em nós. De ser atencioso. De gesto em gesto, nos comovermos.
- O amor. Como janela com que se nasce para a vida. Depois de se morrer de amor. Algumas vezes.
Vejo mal
- As pessoas muito resolvidas. Das que se escondem em verdades feitas, em meias-verdades e em lugares comuns. Que nos dão a entender que todas as nossas fragilidades são fraquezas. E nada mais.
- Os roubadores de luz. Aqueles que embirram com a graça. Com a transparência. Ou com a verdade. E que tentam corromper toda a luz que não têm. Por inveja. Ou por maldade.
- Aquelas pessoas que escondem a ambição no espírito de missão. E que se dizem moídos e vergados pelo peso das responsabilidades. E sacrificáveis, claro. E que tentam normalizar tudo aquilo que estranham. Como a alegria. Que consideram que devia pagar imposto de luxo. E sobretaxas.
- Os minhoquinhas. Os picuinhas. E os maçadores. Os que vivem entre parêntesis. Aqueles para quem a alma humana devia ser uma folha de cálculo. E dar resto zero.
- Aqueles que confundem ser cruel com “muito verdadeiro”. Que, da forma como nos intimidam, conspurcam “a verdade” com as maldades que nos dizem. Porque nos querem bem…
Psicólogo clínico, psicanalista e professor universitário
60 anos