Modalidade criada por bailarino internacional ajuda a prevenir e a tratar lesões. Pode ser praticada com ou sem máquinas e já há vários estúdios no país onde é possível frequentar aulas.
“Gyrotonic” e “Gyrokinesis”. São dois termos desconhecidos da maioria dos portugueses, mas que começam a ganhar nome no mundo da alta competição, da moda ou do cinema. Celebridades como Madonna, Gwyneth Paltrow ou Naomi Campbell já se renderam à modalidade, assim como atletas como o tenista Andy Murray, o surfista Kelly Slater ou o golfista Tiger Woods. É uma metodologia de exercício que ajuda a enfrentar e prevenir lesões, mas também “desafia o corpo a sair dos movimentos robóticos do dia a dia”, típicos da vida sedentária, promovendo a expansão dos músculos e das articulações.
O Gyrotonic faz-se com máquinas, enquanto o Gyrokinesis dispensa os aparelhos, representando a modalidade na sua origem, mas mais difícil para quem está a começar. Ambas foram criadas por Juliu Horvath, bailarino de topo mundial que se debatia com graves lesões. Os médicos disseram-lhe que não teria muito tempo para dançar e, em 1985, desenvolveu o Gyrokinesis que rapidamente ganhou fama no mundo da dança de Nova Iorque. Depois desenvolveu as máquinas para potenciar os resultados. Na base dos dois métodos está a respiração.
Em Portugal, o Gyrotonic entrou há cerca de 20 anos pela mão de Bernardo Gama, bailarino da Gulbenkian, que viveu anos com dores intensas durante os treinos. Em 2002, esteve quase a desistir dos palcos. Até que lhe falaram num programa de “reabilitação com abordagem holística, tridimensional, que mantém a amplitude dos movimentos ao mesmo tempo que trabalha a força e a estabilidade”. Entusiasmou-se e seguiu para Nova Iorque onde fez um plano intensivo de Gyrotonic. “Tinha tantas dores na lombar que evitava mexê-la. Passei a movimentar uma área que estava adormecida pela dor”, recorda o bailarino, hoje com 53 anos. Aos poucos, Bernardo começou a comprar equipamento e a introduzir a modalidade em Portugal. Tem um estúdio em Lisboa – o Equilibrium, perto do Jardim da Estrela – tornou-se instrutor e foi formando novos professores.
Entre eles, Amine Benderra, pioneiro desta prática no norte. Filho de uma fisioterapeuta e de um osteopata, Amine dá aulas no Instituto Terapias do Lago, no Porto. Tem alunos dos 20 aos 80 anos, desde cirurgiões, a ourives, atletas de ténis, padel e surf. Procuram o Gyrotonic como terapia ou para prevenção de lesões. “As pessoas devem praticar vários desportos, não devem só correr ou só jogar futebol. A monotonia no exercício faz com que se criem posturas erradas”, defende Amine.
No estúdio de Amine há quatro máquinas que ajudam “a dançar e a espreguiçar um pouco mais, a potenciar movimentos” através da circularidade. À primeira vista, o equipamento e o conceito assemelham-se ao Pilates, mas tanto Amine como Bernardo asseguram que se trata de uma “experiência diferente”. Nem melhor nem pior, até há estúdios em que as duas modalidades coabitam, mas “diferente”.
Além do Porto e de Lisboa, já há estúdios em Braga, Viseu e no Algarve. Aos poucos, o Gyrotonic vai-se espalhando pelo país e os clientes que experimentam “ficam fiéis” durante anos, garantem Bernardo e Amine.