Texto de Ana Tulha
Já foram práticas primitivas (desde há milhares de anos, estima-se), símbolos distintivos de marinheiros e até apanágio de marginais. Só que o tempo universalizou-as. Ao ponto de, nos dias de hoje, as tatuagens serem imagem de marca de novos e velhos, homens e mulheres, dos mais rebeldes aos mais “certinhos”. A técnica, essa, foi sendo aprimorada com os anos. A criatividade também. Não espanta que o universo das tatuagens se tenha desdobrado entretanto numa multiplicidade de estilos e modas. Tantas que, no fim de contas, fica difícil apontar uma tendência homogénea que molde os tempos que correm.
Caio Nardi, do estúdio Caio Nardi Tattoo, refere isso mesmo. “Antes, havia muito o tribal, o japonês, o old school. Agora nem tanto. Tanto se fazem tatuagens minimalistas, com linhas soltas, como coisas mais abstratas, com cor e texturas diferentes. Cada vez se fazem mais coisas diferentes, até porque as pessoas têm hoje mais acesso aos desenhos e à arte no geral.” O tatuador dá um exemplo concreto: “Antes, as raparigas pediam mais sóis, fadas. Agora, fazem-se coisas mais elaboradas”. Mas então, qual é a tendência? “Cada vez mais a tendência é não haver tendência”, resume, defendendo, ainda assim, que o desenho estilizado tem vindo a ganhar espaço.
Do realismo à geometria
Ganham os amantes de tatuagens, que podem escolher das opções mais simples às mais trabalhadas, com diferentes tipos de traços e estilos. Hugo Sousa, por exemplo, 34 anos e tatuador há sete, é muito solicitado para trabalhos de realismo – que no fundo consiste em reproduzir, da maneira mais fiel possível, uma determinada imagem ou foto na pele. “Retratos, cobras, objetos. Depende muito. Retratos que remetem para o cinema ou para a cultura pop, por exemplo. Mas também há muita gente que gosta de ver esse tipo de tatuagens e depois não tem coragem de as fazer”, partilha.
Também faz muito “blackwork”. “Tatuagens só com tinta preta, em que as sombras em vez de serem realistas – ou seja, em vez de terem um aspeto mais suave -, têm um aspeto mais sketch, tipo lapiseira.”
Já Lara Amorim, da Lara Wings Tattoo & Piercing, é frequentemente procurada por homens que pretendem tatuagens mais geométricas. Como assim? “Uma figura realista, como um focinho de um lobo, mas em vez de ser feita com profundidade e sombras, leva figuras geométricas. Um olho em forma de triângulo em vez de ter um formato oval, por exemplo. Ou então mesmo figuras geométricas aleatórias, como se pegássemos numa caneta e fizéssemos um desenho num papel.”
E quanto às mulheres? “Nesse caso a tendência é mais o minimalismo, tatuagens mais pequenas, linhas muito finas, por vezes uma única palavra”, explica, antes de partilhar uma “moda” curiosa: “Há cada vez mais estrangeiros a tatuar a palavra saudade. Costumo dizer que já não se compram ímanes para pôr no frigorífico. Fazem-se tatuagens”.