Texto de Sara Oliveira
Soltas sobre os ombros, as capas deverão destacar-se em múltiplos visuais nos dias mais frios que se avizinham. Não são novidade e já antes foram tendência, mas a verdade é que o outono-inverno vai ter a peça como agasalho ao mesmo tempo que marca estilo – e sem pesar.
As marcas de luxo internacionais anteciparam propostas nos desfiles de lançamento da temporada e a capa foi avistada de forma recorrente. Nas lojas há sugestões díspares, desde o tradicional ao mais arrojado. Basta usar o bom senso na hora de escolher o modelo e como usá-lo, até porque “as combinações têm muito a ver com a personalidade de cada um”.
Essa é a opinião da stylist Mónica Lafayette. A também editora de moda adverte que “as pessoas não deveriam usar literalmente o que veem nas revistas ou o que os chamados ‘influencers’ vestem, mas sim explorar. Deveriam perder tempo em frente ao espelho e a experimentar”. E deixa a dica: “Temos de abrir a mente e perceber que as tendências são feitas por nós”.
Apesar de acicatar a individualidade, Mónica aponta algumas recomendações que valem para todos, sugerindo combinar uma capa com “uma camisa branca e uma saia, conjunto que é sempre um clássico”, sendo que “o ideal é investir em cores básicas como branco, bege, preto ou cinza”.
Isto porque “os padrões são mais difíceis de gerir e devem sempre combinar com peças neutras”. E, como normalmente “a capa tem muito volume, deveria usar-se sempre algo mais justo por baixo: calças de corte direito, saia com collants e botas mais altas para alongar as pernas”, acrescenta Lafayette. Um cinto pode definir a silhueta e há quem use as capas como se fossem vestidos.
De Manteigas para o mundo
Muitas propostas atravessam gerações, passando “de mães para filhas” com naturalidade. É o caso das capas da Burel Factory que, como sublinha a diretora criativa, Margarida Santos, “se vão adaptando aos tempos” sem perder a essência que as lançou. O modelo Pastor é exemplo disso. “Embora tenhamos outras peças, continuamos a mantê-lo entre as opções, ainda que outras cores e alguns pormenores possam ser diferentes. São capas muito confortáveis e ficam bem com tudo, além de nunca saírem de moda.”
Mais “irreverente e impactante” é a capa em vermelho – tal como a do Capuchinho Vermelho – e com uma frase que todos associam à personagem, “Eu não tenho medo”, gravada nas costas. Segundo Margarida, o modelo “é muito procurado para ser usado em palco”, mas também se vê na rua por “mulheres com muita atitude, que chegam e gostam de se fazer notar”. Ou seja, do ateliê em Manteigas, no Parque Natural da Serra da Estrela, saem propostas para todos os gostos.
Em Évora, o capote alentejano reinventou-se e abraçou o universo feminino pelas mãos de Delfina Marques, a mentora da Capote’s Emotion. “A grande inovação é que tiramos o peso normalmente associado a um capote feito para os homens. Era também uma peça associada ao campo e que, há cinco anos, trouxemos para a rua vestindo as mulheres”, recorda a responsável.
“Pelo joelho ou ainda mais curtos, com forros e cores diferentes, feitos por medida e personalizados”, os capotes transmitem agora jovialidade, assim como as capas que podem ser em tecidos de duas faces, alargando o espectro da sua versatilidade.
Vestidos capa emprestam segurança
A ficção sugere que, por baixo de uma capa, há sempre uma super-heroína, enquanto na vida real é verdade que ela pode camuflar algumas inseguranças. Nessas horas, um vestido capa (ou “dress cape”) é uma opção para casamentos ou festas de gala. “É um clássico que fica bem a todas as mulheres, pois a capa permite esconder os braços que, com a idade, podem suscitar algum complexo”, afirma a designer de moda Micaela Oliveira. Nas suas coleções, costuma oferecer várias opções, inclusive macacões com capa, “enigmáticas e muito românticas”, e que tornam as clientes mais seguras com o visual final.
Entre as adeptas de vestidos capa estão a rainha Letícia ou Meghan Markle que, por diversas vezes, os exibiram em eventos oficiais, ditando também elas a moda.