Júlio Machado Vaz: “A amizade é sagrada”

Leonel de Castro/Global Imagens

Por Sara Dias Oliveira

Vejo bem… 1. A amizade é, com efeito, sagrada. Não vou ao ponto de, como Brel, a decretar acima do amor, mas sou mais tolerante com os caprichos dele. 2. Acrescentemos a franqueza à lista – não gosto do espelho nem um bocadinho. Ele fita-me, sardónico, e dispara – deseja acrescentar aos defeitos a incapacidade de me olhar de frente? Entre a espada e a parede, avanço – sim.

Vejo mal… 1. Preguiça. É verdade, física e mental, um sofá abraçado por música e livro sempre me pareceu o paraíso na Terra. Acho que projetei a doce firmeza do olhar de minha Mãe sobre o mundo inteiro, não importa quão exausto esteja por trabalho duro, o receio permanece – vão descobrir a preguiça enroscada lá no fundo; imperturbável. 2. Previsibilidade. Nem sequer posso invocar o álibi do envelhecimento, não me recordo de algo diverso. Destinos de férias, restaurantes, livros…, onde me sinto bem, regresso com gosto. As novas experiências são aventuras cautelosas, em geral a pedido da família.

Médico psiquiatra
68 anos