Apesar dos programas alternativos de integração, propostos pelas universidades, com diferentes atividades, os estudantes continuam a mostrar preferência pela receção tradicional, mesmo esta sendo alvo de notícias menos positivas com regularidade. Os episódios de violência nas praxes são uma constante há quase duas décadas. Desde lesões, a nível físico ou psicológico, a situações extremas que chegaram a levar à morte de alguns estudantes. A Notícias Magazine relembra alguns dos casos mais polémicos.
Novembro de 1999
Foi a primeira vez que uma aluna do ensino superior tornou público o seu caso, tendo iniciado um processo judicial por agressões físicas e humilhações. Cortar o cabelo foi a sanção que o “tribunal de praxe” lhe atribuiu. O caso aconteceu na Escola Superior de Educação de Leiria.
Março de 2003
Na Escola Superior Agrária de Santarém, uma estudante fez queixa, na polícia, dos abusos que terá sido submetida na praxe, onde foi “esfregada” com excrementos. Foi a primeira condenação de uma praxe em tribunal. Os agressores foram condenados a multas que variaram entre 640 e 1600 euros.
Outubro de 2003
Um aluno fez uma denúncia depois de ter sido obrigado a atar um cordão, que amarrava um tijolo, ao pénis. O pai do estudante enviou uma carta à Ministra da Educação. A governante prometeu procurar esclarecimentos sobre a alegada agressão ocorrida no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra. No entanto, não houve desenvolvimentos.
Outubro de 2004
Na Universidade Lusíada de Famalicão, um jovem, membro da tuna, morreu depois de ter sido sujeito a várias agressões, que aconteceram durante uma praxe. Em tribunal, o silêncio por parte dos colegas envolvidos no caso manteve-se. Passados mais de dez anos, a universidade foi condenada ao pagamento de uma indemnização, que rondou os 90 mil euros, à família da vítima.
Outubro de 2009
Oito alunos do Colégio Militar, em Lisboa, foram acusados pelo Ministério Público de maus tratos praticados a três caloiros. Os casos, acontecidos entre 2007 e 2008, provocaram lesões graves a dois deles: uma das vítimas ficou com um tímpano furado e outra esteve mais de um mês presa a uma cadeira de rodas.
Janeiro de 2011
Após uma queda na praxe, uma aluna do 1.º ano da Academia Militar do Exército, na Amadora, foi internada com um traumatismo craniano. Os responsáveis foram identificados e terá sido instaurado um processo disciplinar, cujo desfecho não foi tornado público.
Setembro de 2012
Uma estudante, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Beja, ficou inconsciente e entrou em paragem respiratória durante uma praxe. A jovem, na altura com 26 anos, foi internada nos Cuidados Intensivos do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, onde nunca chegou a recuperar. Acabou por morrer, deixando uma filha de quatro anos.
Dezembro de 2013
Há quatro anos, na praia do Meco, seis estudantes universitários foram arrastados por uma onda e morreram afogados. Estavam acompanhados pelo “dux”, o único que se salvou da tragédia. O processo aberto contra o sobrevivente foi arquivado por não haver indício de crime.
Abril de 2014
Na Universidade do Minho, em Braga, três alunos de engenharia informática morreram soterrados pela queda de um muro enquanto acontecia uma brincadeira entre cursos. Os alunos que subiram o muro, que acabou por tirar a vida aos colegas, estão acusados de homicídio negligente.
Setembro de 2015
Uma jovem, da Universidade do Algarve, entrou em coma alcoólico quando, enterrada parcialmente na areia, foi obrigada a ingerir álcool num contexto de “praxe académica” que envolvia outros caloiros.