Era o nosso primeiro Mundial a sério e foi fulgurante. Pudera, puxados por um cometa… Em Inglaterra, Portugal até ao Brasil de Pelé deu chapa 3. Eusébio destronava o Rei e parecíamos imparáveis. Parou-nos Bobby Charlton e alguma secretaria.
A fotografia assinala o começo de uma praga que, só há pouco se soube, não duraria meio século: em futebol, Portugal era para ir longe, mas para morrer na praia… Longe, a ponto de ser icónico: essa imagem de Eusébio a chorar foi a que mais mundo correu, no Mundial de 1966. Mas, lá está, Eusébio chorava e não era de alegria. Estádio de Wembley, Londres, 26 de julho de 1966, o estreante Portugal em fases finais do Mundial acabava de perder a oportunidade de ir à final: Inglaterra, 2, Portugal, 1. Para chegar a esse quase, Portugal fizera um percurso brilhante. Na fase de grupos, despachou todos os adversários com três golos, Hungria, Bulgária e o bicampeão mundial, Brasil. O Brasil de Pelé, se faz favor. Seguiu-se uma das mais famosas reviravoltas da história das taças mundiais. A sensacional Coreia do Norte (que vinha de desqualificar a Itália) estava a ganhar-nos 0-3, aos 25 m da primeira parte. Até Eusébio dizer «alto e para o baile», e ele só parar aos 5-3 (dos quais, quatro são golos seus). Este jogo foi em Liverpool e, pelo calendário acordado, três dias depois, Portugal deveria repetir, aí, o jogo seguinte, a meia-final com Inglaterra. Era uma vantagem para Portugal, que estava instalado em Liverpool há semana e meia. Mas a Inglaterra, anfitriã, desfez o calendário e marcou o jogo para Londres, o que nos obrigou a uma viagem a mais e a perder a tranquilidade da rotina. Portugal não protestou muito, ignorante que a glória exige sempre que se dê importância aos pormenores. Pagámos com as lágrimas desta fotografia.