Mosquitos com Dengue e Zika já andam pela Europa

O risco de surtos de dengue e de zika no velho continente surge por várias razões. Mais calor, mais viagens, mais destinos tropicais, melhores condições para o inseto que transmite o agente infecioso se instalar. Essa espécie invasora, que faz jus ao nome, está em Penafiel, em Mértola, no Algarve. Só as fêmeas fazem refeições de sangue humano e, até agora, não há qualquer registo de contaminação. Portugal está atento (e previsivelmente preparado).

Os alertas estão dados, diferentes na forma, iguais no conteúdo. A Europa enfrenta o risco de surtos de dengue e de zika no verão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) pede atenção, o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) cuidados à expansão desse mosquito vetor que transmite o agente infecioso desses vírus. Novas circunstâncias, outras preocupações. Para quem viaja e para quem não sai do lugar. O Mundo está em constante mudança.

Diogo Frias e Filipa Frias têm um blogue de viagens, o Intrepid Jumpers, um site que é um diário do que vão fazendo em tantos lados do globo. Diogo é veterinário, Filipa é arquiteta e designer de interiores, ambos a tempo inteiro. Todos os anos, fazem duas viagens de um mês cada. Juntos conhecem 78 países. No portefólio conjunto, já visitaram 92 países, 230 regiões do Mundo, sete continentes. Sabem dos alertas, preparam-se antes de partir, e não têm medo. Têm informação e conhecimento. Estão conscientes e preparados.

“A recente pandemia fez-nos estar mais conscientes da importância destas doenças infectocontagiosas e do modo como se propagam. A incidência é baixa e devemos estar mais atentos à prevenção contra as picadas de mosquito”, refere Diogo Frias. Já estiveram em países com climas tropicais que têm surtos de dengue e de zika em determinadas alturas do ano, normalmente fora das estações secas, como Micronésia, Vanuatu e Equador. “Não podemos viver com medo, ninguém que tenha o gosto de viajar deve ter receio de visitar países endémicos destas doenças. É simples de prevenir e apenas se deve tomar as precauções recomendadas pelas autoridades de saúde. A prevenção da picada do mosquito reduz drasticamente a probabilidade de contágio”, diz Filipa Frias.

Ana Maia, educadora social, é mãe de gémeos, Camila e Santiago de oito anos que viajam desde os dois meses de idade. Já estiveram em 25 países e quatro continentes. Para mostrar que é possível viajar para qualquer parte do Mundo com filhos pequenos, Ana e André têm uma página nas redes “hakunamatata_its_only_twins”. Se há alerta da OMS, há preocupação. Ana Maia faz o trabalho de casa antes de qualquer viagem, pesquisa, informa-se sobre a realidade de cada país, com particular atenção às questões sanitárias e cuidados hospitalares nos destinos. “Como tenho duas crianças pequenas, tento protegê-las com alguns métodos (por exemplo, pulseira repelente) que não são infalíveis, mas ajudam a prevenir”, conta.

Camila e Santiago vão para todo o lado. “Levo os meus filhos nas minhas viagens porque os quero por perto, dar-lhes conhecimento, sair da rotina, criar memórias em família onde quer que estejamos.” Sim, é possível, são grandes aventureiros e companheiros de viagens. “Sei que alguns destinos comportam uma série de riscos, os quais assumo, mas sair da nossa zona de conforto também enriquece a nossa vida”, acrescenta Ana Maia.

Maria João Alves é coordenadora da Rede Nacional de Vigilância de Vetores (REVIVE), licenciada e doutorada em microbiologia, investigadora no Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, conhece bem as duas espécies de mosquitos invasores associados à transmissão do vírus da dengue e do zika. Elas estão cá, em Portugal, até ao momento sem qualquer mosquito dado como infetado. À exceção do que aconteceu na Madeira em 2004, quando o vetor primário, o mosquito “aedes aegypti”, entrou na ilha, previsivelmente a partir de um país das Caraíbas.

Oito anos depois, um surto de dengue na ilha, 2164 casos em três meses, não houve mortes nem formas severas de infeção. O mosquito continua lá em constante monitorização e, este ano, foi detetado noutra parte da Europa, no Chipre. E os avisos soaram.

Diogo e Filipa Frias, ele veterinário, ela arquiteta e designer de interiores, têm um site de viagens, um diário onde contam as suas aventuras
(Foto: DR)

A outra espécie, “aedes albopictus”, mosquito-tigre-asiático, vetor secundário, branco e preto, com origem nas florestas tropicais do sudeste asiático, está em várias partes da Europa. Em Portugal, foi detetado pela primeira vez em 2017 num complexo industrial de transformação de pneus em Penafiel. “No ano seguinte, estava fora dos muros da fábrica”, adianta Maria João Alves. Num perímetro de menos de um quilómetro, onde se tem mantido. Em 1979, foi encontrado na Albânia. Em 1990, em Itália; em 1999, em França; em 2004, em Espanha. Em 2018, estava num complexo turístico do Algarve, no ano seguinte em várias zonas do sul do país, Faro, no porto e no aeroporto, Loulé, Tavira, Olhão, Albufeira. “Faz jus ao nome de ser um mosquito invasor”, observa a coordenadora do REVIVE. Estes mosquitos são vorazes, têm estratégias de sucesso, estão ativos entre maio e outubro, as fêmeas podem colocar 100 ovos de uma vez e espalham-nos por vários locais. “Se a vida lhes correr bem, podem durar um ou dois meses.” Como mosquito invasor vai substituir outras espécies, distribuir-se geograficamente, tornar-se mais abundante.

Esta espécie tem as suas especificidades. “Prefere zonas temperadas e os ovos sobrevivem a temperaturas mais baixas, até 10 graus negativos”, revela Maria João Alves. Em outubro do ano passado, o “aedes albopictus” foi encontrado em Mértola, ou melhor, os seus ovos numa armadilha montada há algum tempo. E as autoridades de saúde criaram um grupo de trabalho para avaliar esta presença no Baixo Alentejo. Portugal está atento, a monitorizar as zonas identificadas.

Para haver transmissão de dengue ou zika, são necessárias várias condições. Uma abundância de mosquitos, uma pessoa infetada numa zona endémica, uma picada de mosquito fêmea em alguém com o vírus numa refeição de sangue. Cinco dias depois da digestão, o mosquito tem o vírus nas suas glândulas salivares, nova picada nas veias de um humano e pode ou não haver transmissão do agente infecioso. A dengue é uma doença tropical infeciosa causada por um vírus, manifesta-se geralmente por febre, dores de cabeça, dores musculares, vómitos. O zika tem sintomas menos graves, a gravidade da doença é normalmente ligeira, não exige um tratamento específico. De qualquer forma, as instituições internacionais recomendam às grávidas que adiem viagens não essenciais a destinos de países afetados com surtos de zika. Na memória, estão ainda os casos de malformações congénitas associadas à infeção por esse vírus no Brasil.

Machos estéreis para evitar propagação

Antes das viagens, Diogo Frias e Filipa Frias tomam as devidas precauções. Ana Maia, o marido e os filhos também. “Marcamos sempre a consulta do viajante para sabermos a situação atual nas regiões que iremos percorrer e ouvirmos os conselhos sobre a prevenção da picada do mosquito durante a viagem. Depois de chegarmos, temos atenção redobrada para os sintomas que podem surgir, já que são muito gerais e comuns aos das gripes”, conta Filipa Frias. Ana Maia recorda que o Quénia foi o país que a deixou mais apreensiva, sobretudo Mombasa, por ser zona ativa de dengue. Os filhos tinham, na altura, dois anos. E correu tudo bem. “Tomamos as devidas precauções, fazemos a consulta do viajante, onde nos é indicado todos os métodos e cuidados a ter, todas as vacinas necessárias, medicação profilática, repelentes para nós adultos e também para os meus filhos.”

Antes de partirem, Diogo e Filipa Frias vão à consulta do viajante, tomam todas as preocupações, fazem as malas sem medos
(Foto: DR)

A maioria das pessoas que procuram a consulta do viajante quer viajar para destinos tropicais e para países pouco desenvolvidos. Sandra Xará, médica especialista em infeciologia, coordenadora do Centro de Vacinação Internacional do Centro Hospitalar Universitário do Hospital de Santo António, no Porto, responsável pela consulta do viajante dessa unidade hospitalar, fala, por isso, num “viés a nível geográfico”, que não permite ter a noção se há, de facto, maior apreensão com estas patologias no continente europeu. O que se nota claramente é uma maior preocupação com as doenças tropicais de uma forma geral. “Esta preocupação prende-se sobretudo com um maior esclarecimento por parte da comunidade em relação a este tipo de riscos, fruto da globalização e maior acessibilidade a informação relacionada com esta temática.”

Nas consultas, fazem-se todas as perguntas, dão-se todas as explicações. “São habitualmente doenças de evolução benigna e autolimitadas, cuja gestão na maioria dos casos se limita ao controlo dos sintomas. A dengue apresenta, no entanto, um espectro que abrange desde formas assintomáticas a formas hemorrágicas graves, sendo estas raras no viajante. A infeção por vírus zika é mais frequentemente assintomática, embora em situações raras o doente possa desenvolver complicações neurológicas, estando também associado a quadros de microcefalia congénita em bebés de mães infetadas pelo vírus”, explica Sandra Xará. “Mais do que falar em países endémicos, devemos falar em regiões endémicas. Qualquer região entre o trópico de Câncer e o de Capricórnio é considerada região endémica de dengue e zika. São áreas do globo caracteristicamente com clima tropical e subtropical, ambientes ideais para a perpetuação do vetor”, acrescenta a médica infeciologista.

Joana Tavares é investigadora do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, da Universidade do Porto, licenciada em Ciências Farmacêuticas e doutorada em Bioquímica, debruça-se sobre os mecanismos usados pelo parasita da malária para derrubar as barreiras do hospedeiro humano e instalar-se no fígado. Está atenta aos alertas da OMS. A descoberta de uma segunda espécie da mesma família do mosquito que transmite o agente infecioso do vírus da dengue e do zika, previsivelmente mais capaz, fez soar as campainhas. “É um vetor mais competente e que existe na bacia do Mediterrâneo”, refere. Convém esclarecer que os mosquitos não transmitem doenças, transmitem o agente infecioso, sejam vírus, parasitas, bactérias.

“Só as fêmeas se alimentam de sangue para libertarem os ovos”, adianta Joana Tavares. Picada de mosquito fêmea com o agente infecioso, o organismo humano reage, pode ou não desenvolver doença. Não basta haver mosquito, para haver infeção, é necessária uma conjugação de condições e circunstâncias nos insetos e no corpo humano. Para um mosquito ficar infetado com os vírus da dengue e do zika depende de várias condições: da sua genética, do seu microbioma, do seu estilo de alimentação, da própria densidade desses insetos por pessoa. “Está muito dependente da presença do mosquito vetor com capacidade de ficar infetado e fazer transmissão”, refere a investigadora.

Ana e André são pais de gémeos, Camila e Santiago, que viajam desde os dois meses e têm agora oito anos
(Foto: DR)

No Algarve, há um projeto para controlar a população destes mosquitos. Os machos são enviados para Itália e Espanha, esterilizados através de radiação, regressam a Portugal, são libertados. É um estudo piloto do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, no âmbito do REVIVE, em colaboração com a Administração Regional de Saúde do Algarve. “Os machos são estéreis, podem procriar, mas as fêmeas não vão ter ovos viáveis”, adianta Maria João Alves. O estudo está a decorrer, ainda não há resultados. O objetivo é inviabilizar novas gerações, controlar e suprimir a população natural do “aedes albopictus”. Quanto mais baixa a população do mosquito, menor probabilidade de infeção.

Vamos ter casos de dengue e de zika em Portugal? Vamos, mas não para já, diz Maria João Alves. “É muito cedo.” A Europa é um terreno fértil, sim, reúne as condições ideais para o mosquito eclodir, isso é visível, mas Portugal ainda está numa fase inicial da ocupação. O que se passa noutros lados mostra que são precisos anos. Maria João Alves recorda o que aconteceu em França: mosquito detetado em 1999 pela primeira vez, primeiros casos de dengue em 2010. Na Europa, foram detetados 144 casos autóctones de dengue, cerca de metade, 65, foram em França no ano passado.

Um aviso da OMS é um aviso da OMS. “As alterações climáticas podem mudar completamente a distribuição destes mosquitos”, refere Joana Tavares. E há outras aspetos. Os mosquitos também evoluem, também se adaptam, estão mais resistentes a inseticidas. Por isso, é necessário dar também atenção às alterações genéticas, aos genomas em constante modificação. “A novas variantes com capacidade de infetar mais e melhor.”

Na última década, não sendo em número significativo, houve um aumento no número de diagnósticos destas viroses, segundo Sandra Xará. “Este aumento pode estar relacionado, não só com um aumento do número global de casos, mas também com o aumento exponencial de viagens, nomeadamente para países endémicos, e também da maior capacidade diagnóstica de que dispomos e uma maior sensibilização por parte dos médicos para estas patologias”, refere.

Grande abundância de mosquitos, maior distribuição geográfica, maior probabilidade de humanos infetados. Não há risco zero, portanto. Por isso, é preciso acompanhar a situação, continuar com os programas de monitorização, vigilância e colheita de mosquitos, sensibilizar a população.

Ana e André sabem do alerta da OMS e fazem questão de estar informados do que podem ou não podem fazer
(Foto: DR)

Dado o contexto, Portugal tem um sistema de saúde preparado para dar resposta a estas situações? Sandra Xará acredita que sim. “É minha convicção de que o país tem clara capacidade de gestão de eventuais surtos relacionados com estas patologias. A acontecer, nunca serão surtos de dimensão pandémica como a Covid-19, já que estamos a falar de vias de transmissão completamente distintas, que não têm capacidade do crescimento exponencial característico das epidemias por inalação de gotículas contaminadas.” Além disso, acrescenta, os casos são de doença ligeira, o que facilita a gestão em ambulatório, evitando a sobrecarga de internamentos. Ao nível da prevenção, afirma, “os profissionais de saúde têm conhecimentos e estão preparados para transmitir as informações adequadas aos viajantes para que estes se possam proteger.”

Ensinar para prevenir, os pequenos gestos

O aumento da incidência global das arboviroses, mais especificamente da dengue, aumentou nos últimos anos, a sua distribuição geográfica expandiu-se. Mais população no Mundo ajuda a explicar este cenário. E não só. “Os principais contributos estão relacionados com o crescimento populacional, planeamento urbano escasso ou inexistente nas áreas de maior risco, com sobrepopulação e parcas condições higieno-sanitárias. Isto aliado a um aumento da mobilidade e os efeitos das alterações climáticas com o aumento da temperatura global geram condições favoráveis ao alargamento das regiões endémicas e hiperendémicas e da maior frequência de surtos epidémicos. É um problema abrangente e que deve ser prioridade em termos de saúde pública”, adianta Sandra Xará.

Susana Paixão, especialista em saúde ambiental, presidente da Federação Internacional de Saúde Ambiental, professora do Instituto Politécnico de Coimbra, analisa detalhes que não são simples pormenores, reúne vários fatores para enquadrar o alerta internacional, e olha para o amanhã. “Temos uma sequência de fatores que poderá ser perigosa para o nosso futuro”, diz. Temperaturas mais altas, conexões com regiões endémicas como Brasil e países africanos, microrganismos mais perto do homem pela redução da destruição da biodiversidade, mais vírus em circulação, condições propícias para que os ovos dos mosquitos possam eclodir. “Tudo isso é muito preocupante.”

As alterações climáticas, a insegurança alimentar, o consumo de espécies selvagens, o abate de árvores, a perda de vitalidade da agricultura, a produção massiva de fast fashion. Está tudo interligado para Susana Paixão, que pede ponderação e atenção para que, sustenta, “não tenhamos estas problemáticas tão perto de nós.” “Sempre vivemos com vírus, com bactérias, faz parte da nossa biodiversidade. Quando queremos ir mais longe, deixamos de ter conexão com a realidade.”

Ana e André, pais de Camila e Santiago, tomam todos os cuidados, fazem profilaxia, informam-se sobre a assistência de saúde nos destinos que marcam no mapa
(Foto: DR)

Diogo Frias e Filipa Frias estiveram no Brasil, na América Latina, em vários países africanos, e veem cuidados nesses lugares. “Há diversos cartazes alusivos nos aeroportos e nas cidades que chamam a atenção para a prevenção. Há fumigações regulares com inseticidas para controlo da quantidade de mosquitos”, conta Filipa. “É mais uma realidade que estes países têm de enfrentar e nós, viajantes, devemos já vir prevenidos de casa. É muito mais fácil quando já temos todos os medicamentos e repelentes necessários na nossa pequena farmácia de viagem do que estar a comprar algo que nos aconselham, provavelmente com um rótulo numa linguagem que desconhecemos e que não sabemos se funciona”, acrescenta Diogo.

Os alertas das organizações internacionais estão bem presentes. “É fundamental concentrar esforços para criar estratégias de controlo das populações vetoriais, garantindo a vigilância entomológica e também epidemiológica, sensibilizando a população a adotar medidas de proteção individual”, afirma Sandra Xará. Dengue e zika exigem cuidados, evitar a picada de inseto é o principal. A médica infeciologista explica o que fazer. “Contribui para esta prevenção o uso de repelentes adequados para pele e tecidos, uso de ar condicionado, redes mosquiteiras ou difusores elétricos em espaços fechados e roupas de cor clara e que eventualmente exponham menos pele.” Relativamente à dengue, há uma vacina a ser comercializada em Portugal, há poucas semanas. É mais um contributo no combate à transmissão dessa virose. Para o vírus zika, ainda não há uma vacina, é um processo que está em desenvolvimento. “Tornar a mensagem clara é o fator decisivo para evitar histerismos coletivos. É essencial que a população tenha acesso a informação transparente e fidedigna de como se transmite e como se previnem estas patologias. Esta será sempre a melhor forma de gestão de epidemias, ensinar para prevenir”, defende Sandra Xará.

Menos biodiversidade, mais problemas. Susana Paixão fala em pequenos gestos, não ter água parada em vasos com plantas e em jarras com flores naturais dentro ou fora de casa, habitat perfeito para este mosquito – no Brasil, há campanhas sobre isso. “Num futuro muito próximo, temos de nos preocupar com estes pormenores, temos de ponderar um bocado mais os nossos atos. Há razões para estarmos preocupados”, observa a especialista em saúde ambiental. É necessário preservar o ambiente, proteger a saúde. E o clima de hoje não é o clima de ontem. “Não podemos comparar o antigamente com o agora.” As cheias, as secas, ondas de calor, ondas de fumo. Tudo se combina para que os insetos resistam. “São preocupações que temos de ter em consideração, se não for por pequenos gestos, é muito complicado”, avisa Susana Paixão.

Em vários lugares, sobretudo zonas endémicas, com clima tropicais, fazem-se campanhas de sensibilização para evitar a picada do inseto associado a vários vírus
(Foto: Cris Bouroncle/AFP)

Ana Maia está ciente dos riscos e irá continuar a fazer as malas e a levar os filhos. “Viajo porque me interessa conhecer o Mundo, novas culturas, outras realidades. Todo o processo fascina-me, desde o sonhar, o planear e o realizar. Há sempre algo novo a descobrir, mesmo diante de qualquer imprevisto.” A consulta do viajante é imprescindível. “Estas consultas devem ser planeadas com antecedência para não interferir com o plano de vacinação dos mais pequenos e não só, tudo organizado com tempo até ao último detalhe.” Ana Maia não tem qualquer dúvida. “Viajar é das melhores dádivas. A experiência das viagens dá aos meus filhos uma grande bagagem para o resto da vida.” Basta atenção, cuidado, precaução. E cumprir todas as indicações.