Isabel II. Uma vida no trono

A rainha de Inglaterra está a comemorar 70 anos de reinado, o mais longo da História britânica, logo depois do duro golpe da morte do marido e no meio de polémicas mediáticas que envolvem a família real. Sete décadas aplaudidas por ingleses e pelo Mundo. Num respeito que atravessa gerações. A festa já faz mexer o Reino Unido.

“A monarquia é demasiado frágil. Mais um escândalo nacional e tudo pode acabar.” A frase atribuída à rainha Isabel II no trailer que arranca a série ficcional que destapou a cortina para a vida dentro do Palácio de Buckingham, “The Crown”, ainda veste os dias de hoje, ao fim de 70 anos de trono. Sabemos todos que o fim de uma monarquia, que tem resistido a polémicas ao longo dos anos, não haveria de ser ditado. E já lá vão sete décadas, um feito histórico, que nenhum outro monarca britânico conseguiu.

O Jubileu de Platina já faz mexer o Reino Unido, com uma pandemia, a recente morte do marido e casos a encher páginas de jornais à mistura. A data oficial é 6 de fevereiro, mas manda a tradição que as celebrações só aconteçam em junho. Os planos? Quatro dias de festa, 1400 soldados, não só no Reino Unido, por toda a Commonwealth, 54 países (eram nove quando foi coroada), um terço da população mundial. Contas feitas: 70 anos de soberania de uma rainha de corpo inteiro, quase centenária, mais velha do que 90% de todos os seus súbditos.

A imagem da rainha, de preto e com o rosto coberto pela máscara, isolada, no funeral do marido, impactou a Internet
(Foto: Jonathan Brady/AFP)

Os tempos são de abrandar, os médicos aconselharam a reduzir os compromissos, a esvaziar a agenda, à conta da pandemia e da idade. Aos 95 anos, Isabel II parece acatar contra a vontade. Está habituada a ser ativa, já fez mais de 200 viagens internacionais, duas a Portugal – lá iremos. Nunca fumou, ao contrário do pai e da irmã. Bebe com moderação, a contrastar com a rainha-mãe, sua conselheira, que morreu aos 101 anos. A genética joga a favor, se esquecermos a morte precoce do pai, Jorge VI, aos 56 anos, quando Isabel II teve que assumir um trono para o qual ainda não tinha sido educada.

“Um reinado tão longo é de louvar. A rainha sempre foi uma pessoa muito disciplinada, na maneira como organiza a sua vida, como come, como faz atividades físicas. Não faz ginástica intensiva, mas anda a pé, a cavalo. A genética pesa, mas é muito mérito dela própria.” D. Duarte Pio contacta com regularidade com a Casa Real britânica. E conhece Isabel II. “Ela mantém-se igual. Sempre muito simpática e calorosa. Ao mesmo tempo, prudente em manifestar opiniões políticas.” Não se sabe, por exemplo, o que a monarca pensa sobre o Brexit.

A rainha Isabel II a posar com o marido e os três filhos, Eduardo, Carlos e André, no Castelo de Balmoral, Escócia, em 1979
(Foto: AFP)

O duque de Bragança trabalha lado a lado com os príncipes Carlos e Eduardo, filhos da rainha, no programa para a juventude, o prémio Infante D. Henrique, a versão portuguesa do prémio Duque de Edimburgo, Filipe, o eterno rebelde, o marido que a monarca perdeu em plena pandemia, 2021, a menos de um ano do Jubileu de Platina. E com quem D. Duarte chegou a viajar para a Austrália e Nova Zelândia. “As graças do príncipe Filipe davam episódios muito engraçados. Ele podia permitir-se a isso, as pessoas sabiam que ele era assim. E ele adorava divertir a rainha.”

Milhões viram a coroação

Curiosamente, foi o marido Filipe quem deu a notícia a Isabel II da morte do pai, quando, a 6 de fevereiro de 1952, durante uma viagem do casal ao Quénia (que Jorge VI doente já não foi capaz de fazer), se transformava na rainha de Inglaterra. Tinha 25 anos e acabava de se tornar numa das mulheres mais poderosas da Europa e do Mundo. O luto empurrou a cerimónia da coroação para 2 de junho de 1953. E as mudanças faziam-se sentir logo ali.

A coroação de Isabel II foi a primeira a ser transmitida pela televisão, por insistência do marido, e contra a vontade de Winston Churchill, então primeiro-ministro – diz-se que foi o mais querido da rainha entre os sucessivos líderes com quem contactou – 14 no Reino Unido, incluindo a histórica Dama de Ferro Margaret Thatcher, e mais de 170 na Commonwealth. Uma cerimónia, mais de oito mil convidados, três horas de duração, dezenas de milhões de libras gastos. E mais de 270 milhões de espetadores assistiam ao momento, as imagens eram da BBC. Abriam-se, assim, as portas do mundo da realeza aos media. É esse o momento que Bob Morris, especialista em monarquia britânica e investigador na Universidade de Londres, destaca como o maior das últimas sete décadas. “A Grã-Bretanha é a única monarquia europeia ainda a ter uma coroação e o evento em 1953 foi uma grande celebração pós-guerra da monarquia imperial para uma Grã-Bretanha que tinha desaparecido.”

Mais de 270 milhões assistiram, na televisão, à coroação da rainha, a 2 de junho de 1953, na Abadia de Westminster
(Foto: AFP)

O duque de Bragança aponta outros momentos altos do reinado. “O último Jubileu foi uma manifestação fantástica. Ou o papel que a rainha teve quando aconteceu a invasão argentina nas Malvinas.” E lembra que se olharmos politicamente para o reinado, por exemplo, “todos os presidentes norte-americanos destacam a visita à rainha de Inglaterra, sobretudo porque há um grande respeito”.

Polémicas de uma Coroa que resiste firme

O Mundo mudou desde a coroação, a sociedade inglesa também. Curioso que, apesar de uma fortuna pessoal estimada em 365 milhões de libras (cerca de 438 milhões de euros), a rainha ocupa a 372.ª posição na lista dos mais ricos do Reino Unido. Há pouco mais de 30 anos era a n.º 1. Um sinal dos tempos que se faz sentir noutras dimensões. É certo que a maior abertura da monarquia pagaria um preço, numa série de escândalos que se sucederam. A começar nas falhas de afeto ao primogénito, o príncipe Carlos. Mas era o ano horribilis, como Isabel II lhe chamou, 1992, o exemplo claro. “Durante o qual houve um incêndio grave com grandes prejuízos no castelo de Windsor e o divórcio de três dos seus filhos, num ano que também marcou o 40.º aniversário do seu reinado”, descreve Bob Morris. Além do incêndio e das separações de André, Ana e Carlos, surgia uma biografia de Diana de Gales, que apontava o dedo a Camilla Parker-Bowles e a divulgação de conversas íntimas da princesa do povo com um amigo, o “Dianagate”.

Diana de Gales, a “princesa do povo”, rendeu muitos escândalos à monarquia. A sua morte, em 1997, chocou o país
(Foto: Jerome Delay/AP)

Aliás, é a morte trágica, num acidente em Paris em 1997, da princesa Diana, já divorciada do príncipe herdeiro, que D. Duarte Pio recorda como o pior momento desta história. Até porque os Windsor demoraram a reagir, o que gerou grande revolta. Não era a primeira vez que a rainha mostrava a dificuldade que tinha em lidar com desastres que comoveram o país. “Foi um drama enorme para a Inglaterra e para a família real. Mas, curiosamente, creio que dois anos depois, houve uma sondagem feita por uma televisão, em que perguntavam se Inglaterra fosse uma república quem seria o primeiro presidente. E em primeiro lugar surgia o príncipe Carlos. Mesmo depois de todo o drama familiar, e alguma culpa teve, era o preferido dos ingleses para chefe de Estado.”

É o pragmatismo britânico a vir à tona. “Se funciona bem há séculos, porquê mudar?”, questiona o duque de Bragança. Mas as controvérsias atravessam os anos. E, chegados a 2022, a rainha continua sem ter a vida facilitada, mesmo com o Jubileu à porta. O caso do príncipe André é sintomático. Além da amizade com o agressor sexual Jeffrey Epstein, que se suicidou na prisão, o terceiro filho de Isabel II foi acusado por uma mulher de abusos sexuais quando era ainda menor. O duque de York já perdeu os títulos militares e reais. “Este é um escândalo pessoal para o príncipe André. É difícil que venha a ter algum efeito duradouro na monarquia como instituição. As pessoas certamente perceberam que a rainha agiu rapidamente para retirar ao príncipe as funções oficiais”, defende Bob Morris.

Só que a polémica vem logo a seguir à saída de Harry e Meghan de Inglaterra, com o irmão de William a abdicar do seu papel como membro da realeza. Basta recuarmos ao início de 2021, o Mundo inteiro a assistir à entrevista do casal à apresentadora americana Oprah Winfrey, em que os dois relataram o racismo que Meghan terá sofrido dentro da família real. Um tsunami mediático, que não faria, contudo, tremer a instituição.

A entrevista de Harry e Meghan a Oprah Winfrey bateu recordes de audiências, quando o casal acusou a família real de discriminação
(Foto: DR)

“Historicamente, tem havido dificuldades para lidar com o status dos herdeiros que tendem a distanciar-se do trono, e muito pouco terá sido pensado para os preparar para vidas profissionais alternativas”, explica Bob Morris, para logo acrescentar: “O príncipe Harry escolheu construir uma vida para si e para a sua família fora do Reino Unido. Embora ele esperasse manter algum status público como membro ativo da família real em part-time, esse desejo não foi considerado compatível com a vida de serviço à nação que o status real exige. Há uma diferença entre serviço à nação – realeza – e serviço a si mesmo – celebridade. É previsível que a maioria das pessoas na Grã-Bretanha perceba e aceite a diferença.” E o casal continua a dar que falar, já este ano, com a notícia de que criou 11 empresas em paraíso fiscal.

Apesar de tudo e de tanto, da assumida dificuldade em expor os sentimentos ou da confessa falta de carisma, a rainha mantém o respeito de todo o Globo e a adoração dos ingleses. Um feito assinalável. “Isso acontece porque ela permaneceu firme não apenas como chefe de Estado, mas também como chefe da Nação. Em todos os momentos, ela é amplamente reconhecida como tendo sido um modelo de serviço impecável e obediente na sua conduta pública em tempos de grandes mudanças”, acredita Bob Morris.

Os escândalos a envolver casas reais não são exclusivos de Inglaterra, longe disso. Olhemos para a vizinha Espanha, onde o antigo rei Juan Carlos, além dos rumores de infidelidade, tem sido investigado por suspeitas de receber doações não declaradas e pela possibilidade de ter escondido fundos em paraísos fiscais. Desde agosto de 2020 que Juan Carlos está exilado nos Emirados Árabes Unidos e a monarquia está nas mãos de Filipe VI e Letizia. Também podemos apontar baterias ao caso do Mónaco, onde os divórcios, os filhos bastardos, as traições, os escândalos sexuais, casamentos infelizes ou a morte trágica de Grace Kelly mexem mas ainda não abalaram a monarquia.

Uma série aclamada, a abertura, o futuro

Certo é que era impossível ao Palácio de Buckingham escapar à hipermediatização do Mundo moderno. É João Távora, presidente da Real Associação de Lisboa, quem o diz. “A monarquia inglesa é muito espetacular, vive também desse espetáculo e está sempre sujeita ao outro lado da moeda. Mas os britânicos gostam do sistema, porque impõe equilíbrio ao país. Apesar de todo o folclore, a Coroa impõe uma disciplina de tal forma rígida que a figura da rainha é levada de forma muito séria.” E as intrigas que alimentam o imaginário das pessoas não ficam de fora. Filmes como “The Queen” ou a premiada série “The Crown”, vista por milhões e criticada pela família real que exigia à Netflix o aviso de que se tratava de uma ficção, mostram-no bem. São representações que permitem às pessoas ligarem-se à monarquia moderna.

“A série está equilibrada. Não creio que faça má propaganda. E acho que não vale a pena resistir a esses aspetos do tempo. A Coroa inglesa tem-se adaptado bem.” De tal forma que está presente nas redes sociais, com uma exposição controlada, pensada, moldada à realidade dos dias de hoje. Outro exemplo é a própria rainha ter lançado uma marca de ketchup, produzido com a receita favorita da família real inglesa. “É extraordinária a forma como a Coroa britânica evoluiu ao longo dos séculos. Com uma intervenção na vida política feita através do costume. Soube perceber o seu papel na história daquele povo”, comenta Távora.

Numa imagem de 2016, Isabel II aprecia o quadro pintado pelo artista inglês Henry Ward, no castelo de Windsor
(Foto: Dominic Lipinski/AFP)

Do povo inglês e não só. De toda a Commonwealth, dezenas de países unidos por uma raiz comum: a rainha. “E todos a consideram um símbolo de unidade. Nós, com a CPLP, estamos a tentar ir por esse caminho. Mas não há um chefe de Estado comum”, refere D. Duarte Pio, que sublinha que “todas as monarquias europeias tiveram problemas familiares”, mas “vivem muito profundamente os valores democráticos, quando há muitas repúblicas na Europa que, sendo democráticas, não vivem profundamente a sua democracia”.

Uma maior abertura, a aproximação ao povo será o caminho no futuro? João Távora acredita que sim. “As monarquias têm que estar atentas aos grandes movimentos que a História indica. Mas a figura do rei, da rainha e da família real tem que ser sempre de uma grande exigência ética. No dia em que a família real for igual a uma família normal, na sua exigência moral, ética e estética, perde a autoridade. A Coroa é um contrapeso à voracidade política do dia a dia.” É uma máquina poderosa e afinada. O escândalo de Juan Carlos de Espanha é um exemplo, para Távora, do que não pode acontecer, é a “negação de todas as virtudes”. “Percebe-se que os partidos políticos estejam expostos a determinadas atrações, agora se a Coroa tem uma vantagem é a de estar noutra dimensão. Como modelo para a comunidade. Até porque não é escrutinada por eleições.”

A partir de Londres, Bob Morris reconhece que “será sempre difícil conseguir o equilíbrio certo entre abertura e privacidade”. Cada geração real tem de encontrar o caminho, sobretudo em tempos de uma exposição mediática implacável. D. Duarte de Bragança mantém relações próximas com várias famílias reais europeias, da Suécia, Holanda, Bélgica, Luxemburgo ou Liechtenstein. Talvez por isso diga que “quem pensa que as monarquias estão ultrapassadas são pessoas que não perceberam a política atual. Os países que têm reis e rainhas como chefes de Estado são as democracias que funcionam melhor”.

Portugal na história e um Jubileu em festa

Em 1957, a notícia de que a jovem rainha Isabel II visitaria Lisboa, mas também Porto, Vila Franca de Xira, Nazaré, Alcobaça e Batalha disparou o frenesim para receber Sua Majestade e o príncipe Filipe. Era o glamour a bater à porta de Portugal, com vestidos e joias encomendados a Paris, cortejos ensaiados, a requalificação da calçada portuguesa. E uma receção apoteótica de uma multidão empolgada. A mais faustosa visita oficial de um chefe de Estado a Portugal no século XX. Durou cinco dias. D. Duarte Pio era um miúdo, não tem memória do momento. Mas lembra-se de o pai, que já a conhecia, ter gostado muito de conversar com a rainha.

Este é um registo da visita de Isabel II e do duque de Edimburgo ao Porto, em 1957, recebidos em apoteose
(Foto: Viseu Caldeira/Global Notícias)

Isabel II haveria de voltar a Portugal, quase 30 anos depois, 1985, a um país já livre da ditadura e prestes a aderir à Comunidade Económica Europeia – antecessora da União Europeia. A rainha, recebida pelos então presidente da República, Ramalho Eanes, e primeiro-ministro, Mário Soares, quis vir lembrar a importância da velha aliança entre Portugal e o Reino Unido. E surpreendeu-se, imagine-se, com o interesse com que os portugueses acompanhavam o futebol inglês.

Sete dezenas de anos se passaram desde o momento em que uma jovem frágil e tímida se via obrigada a subir ao trono, quase sem preparação. Conseguiu, ao longo do mais extenso reinado inglês, manter o prestígio pessoal e provar a solidez da Coroa britânica. A festa, essa, promete-se gigante. Longe da imagem forte (abril de 2021) de sofrimento só e tangível de quem acabou de perder o marido na capela de São Jorge, no castelo de Windsor, ou das polémicas que fazem a espuma dos dias. As celebrações do momento único vão prolongar-se por quatro dias, entre 2 e 5 de junho. O anúncio foi feito pelo secretário da Cultura do Reino Unido, Oliver Dowden, que quer “igualar o espetáculo inesquecível dos Jogos Olímpicos de Londres em 2012”, onde a rainha apareceu ao lado de James Bond na abertura.

Há uma longa programação com eventos por todo o Reino Unido e pelos 54 países da Commonwealth. Tanto a rainha, que aí já terá 96 anos, como a família real vão andar a viajar pelo país. Desfiles de mais de 1400 soldados, 200 cavalos e 400 músicos pela capital britânica, monumentos iluminados tanto no Reino Unido como nas capitais da Commonwealth, missas, corridas de cavalos, um espetáculo no Palácio de Buckingham com os maiores artistas do Mundo transmitido pela BBC, e almoços nas ruas. Há até um concurso a decorrer para criar a sobremesa perfeita. Quatro feriados a comemorar o serviço de Sua Majestade.

Rainha Isabel II
(Foto: Victoria Jones/AFP)

E como é que os ingleses vão viver a celebração? “Gerações diferentes vão vivê-la de forma diferente. Os velhos vão lembrar-se dela a subir ao trono não muito depois da II Guerra Mundial, ainda como uma jovem com dois filhos pequenos à época. E vão pensar na estabilidade e continuidade que ela representa. Os jovens podem vê-la como uma eterna avó, estabelecendo padrões na sua devoção ao dever. Todos se vão identificar com a geração da família que combina com a sua e refletir sobre as grandes mudanças sociais, económicas e políticas durante o seu reinado”, diz Bob Morris.

Há uma certeza inequívoca de que é “um reinado extraordinário”, segundo João Távora. De uma mulher que atinge níveis de popularidade que extravasam género, raça, credo ou nacionalidade. “O facto de haver gerações que se cruzam, que assistem, que são testemunhas, que cresceram e envelheceram com uma chefe de Estado. A própria figura de uma senhora com 95 anos impressiona. Há uma identidade comum e uma ligação afetiva a esta longevidade.”

Isabel II é a rainha do imaginário de todos os que cresceram na segunda metade do século XX. É muito mais do que a rainha de Inglaterra. É a mais reconhecida figura da monarquia atual. Emblemática, firme e elegante, é assim que Marc Roche, correspondente do jornal francês “Le Monde” em Londres, que se especializou em monarquia britânica, que muito conversou com a soberana e que escreveu uma biografia de Isabel II – a reedição do Grupo Presença sai neste mês de fevereiro em Portugal -, a descreve. Uma mulher de carne e osso, mas que se tornou dona e serva de um destino excecional. Que assistiu à reconstrução do país no pós-guerra, aos anos 1960, à Guerra Fria, a atentados. Uma existência programada ao minuto, de agenda carregada, rotina dura, sem nunca ter tido a privacidade dos comuns mortais e privada de devaneios. Com falhas, é certo. E com apelos constantes à união. Já dizia a personagem de Isabel II em “The Crown”: “A história não é feita de pessoas que nada fazem”.