A vida excêntrica e nebulosa de Abramovich

Ficou órfão aos dois anos e meio, construiu uma fortuna do zero, tornou-se rei e senhor do petróleo, do alumínio, do futebol. E ainda soube posicionar-se nos corredores da política, ao ponto de estar hoje envolvido nas negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia. Mas a ascensão andou sempre de braço dado com as polémicas. Desde a duvidosa aquisição da Sibneft, nos anos 1990, à recente atribuição da nacionalidade portuguesa.

Corria o mês de agosto de 1999 quando Boris Yeltsin, primeiro presidente da Rússia (aí já no ocaso da carreira política), nomeou Vladimir Putin para primeiro-ministro. Ato contínuo, o recém-empossado chefe de Governo iniciou a escolha do futuro elenco governativo. Mas nenhum dos novos ministros avançou para o cargo sem antes passar pelo crivo de uma entrevista com um indivíduo na casa dos 30 anos, afastado dos holofotes, mas já tão influente nos bastidores: Roman Abramovich.

A sua preponderância política não ficaria por aqui. Muito menos a relação estreita com Putin. Nos tempos que se seguiram, o empresário foi o cérebro discreto do partido (“Unity”) que acabaria por ajudar a catapultar o sanguinário líder russo para a presidência, em 2001. “Anda de braço dado com o Kremlin há mais de 20 anos”, resume, em conversa com a “Notícias Magazine”, Dominic Midgley, um dos dois autores da biografia não autorizada de Abramovich.

Capa da biografia não autorizada de Roman Abramovich, da autoria de Dominic Midgley e Chris Hutchins

Ainda assim, quando no início de março, dias depois do arranque do conflito na Ucrânia, pôs o Chelsea à venda (sem sucesso, até ver), garantiu que o montante amealhado com o negócio seria destinado a ajudar as vítimas da guerra. E acabou mesmo por entrar em cena como intermediador “neutral” das negociações de paz, alegadamente a pedido do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, com quem partilha a ascendência judaica.

Segundo o “The Wall Street Journal”, Zelensky terá até chegado ao ponto de interceder junto do presidente americano, Joe Biden, no sentido de que Abramovich fosse poupado das sanções impostas a vários oligarcas russos. Este emaranhado de contradições aparentemente insanáveis é porventura a melhor definição de uma das figuras mais mediáticas do momento. Hábil, engenhoso, “jogador”, camaleónico até, Abramovich parece saber exatamente como conquistar quem se afigure essencial para chegar onde quer. O que possivelmente explica que tenha superado uma infância marcada pela orfandade e pelas dificuldades económicas rumo a uma vida bilionária e excêntrica. Nebulosa também.

Dominic recorda, por exemplo, que Boris Berezovsky, antigo parceiro de negócios de Abramovich (entretanto falecido), em tempos o descreveu como “o jovem mais dotado que conheceu”, um craque nas “relações pessoais” cujo maior talento era, imagine-se, “ser um bom psicólogo”. É também conhecido por saber adaptar na perfeição a abordagem mediante o interlocutor que tem pela frente. E por expor supostas fraquezas próprias, criando empatia imediata.

“Anda de braço dado com o Kremlin há mais de 20 anos”, garante Dominic Midgley, um dos autores da biografia não autorizada de Abramovich

“Diria que tem muita inteligência emocional. Disfarça o lado implacável com o jeito charmoso e o lado arguto. Isso explica que não faça inimigos ao mesmo ritmo que os outros oligarcas fazem. Mesmo na relação com Putin, sempre foi muito inteligente.”

Infância dura e ascensão duvidosa

Resiliente também. Até porque a infância lhe foi tudo menos meiga. Nascido a 24 de outubro de 1966 em Saratov, antiga república da União Soviética, Roman Arkadievich Abramovich perde a mãe, Irina, ainda antes de completar um ano, por causa de supostas complicações com uma segunda gravidez. Depois, com dois anos e meio, fica também sem o pai, Arkady, vítima de um acidente de trabalho enquanto visionava uma obra. Passa uns tempos com a avó, depois muda-se para casa de uns tios, sempre na gélida república de Komi.

Numa das raras entrevistas que deu até hoje, ao jornal inglês “The Guardian” (curiosamente, não consentiu sequer que fosse usado gravador), procurou desdramatizar. “Para dizer a verdade, não posso dizer que a minha infância tenha sido má. Na infância não se consegue comparar as coisas: um come uma cenoura, outro um doce, e ambos sabem bem. Quando és criança não percebes a diferença.”

Em Komi, mais precisamente em Ukhta, estuda no Instituto Industrial, mas com 16 anos acaba por ingressar no Exército, onde fica até aos 18. Terá saído de lá desiludido, mas o serviço militar teve a sua importância, espécie de porta de entrada para o mundo dos negócios… duvidosos. Roman terá começado por vender gasolina aos oficiais do Exército.

E assim vai amealhando dinheiro para se lançar num negócio de brinquedos. Pelo meio, ainda cursa Direito na Moscow State Law Academy. Mas a queda para o mundo empresarial era indomável e rapidamente seca quaisquer outros planos. Aos 22 anos, deixa os estudos de vez.

Dos brinquedos, rapidamente salta para áreas tão distintas como as fazendas de porcos, a recauchutagem de pneus ou a segurança privada. E, claro, o petróleo. Primeiro, assume-se como intermediário de negócios internacionais nesta área. Depois, aproveita a ressaca de uma União Soviética caída em desgraça e uma onda de liberalização económica e privatizações severamente danosas para o Estado (sobretudo na área da indústria petrolífera) para se fazer milionário em menos de nada.

É aqui que entra Boris Berezovksy, oligarca já estabelecido, seu mentor e peça fundamental na ascensão de Roman, o tal que lhe chamou o jovem mais dotado que já conhecera. Em parceria, tirando partido da grave crise económica em que a Rússia estava mergulhada, negociaram uma das mais rentáveis privatizações dos anos 1990 – também houve quem lhe chamasse “o maior roubo da história corporativa” -, a aquisição da Sibneft (holding que congregava uma empresa de gás e a maior refinaria do país) a troco de 176 milhões de euros. E assim Roman se tornou bilionário quando ainda nem 30 anos tinha feito. Estávamos em 1995.

Edifício principal da antiga Sibneft, a empresa do ramo petrolífero que permitiu a Abramovich fazer-se bilionário ainda antes dos 30 anos
(Foto: Sibneft/AFP)

Para se ter uma noção da pechincha, basta ver que oito anos depois, em 2003, a empresa foi avaliada em 13 mil milhões de euros – 75 vezes mais que o valor da compra. Aliás, anos mais tarde, no decorrer de um processo judicial (lá iremos), o próprio advogado de Abramovich, Jonathan Sumption, chegou a admitir que a venda foi manipulada. Com o virar do milénio, estende a sua influência à área do alumínio, num período em que o setor atravessou uma fase particularmente violenta. Chamaram-lhe mesmo “as guerras do alumínio”. Nada que o tenha impedido de se tornar num dos grandes produtores do país.

O vício de injetar milhões. Da política ao futebol

Perspicaz, rapidamente percebeu que com um tal património na sua posse, teria de se posicionar junto dos mais altos poderes políticos, a fim de evitar problemas. E assim, também graças a Berezovsky, que lhe abriu as portas do Kremlin, chega ao núcleo duro de Yeltsin, um círculo tão próximo que foi apelidado de “A Família”. Paralelamente, em 1999, é mesmo eleito para a Duma (Parlamento russo) como representante do remoto distrito de Chuktotka, no extremo nordeste da Rússia.

Pouco tempo depois, algures enquanto se vai instalando discretamente no Kremlin, ao ponto de os candidatos a ministros terem de passar por ele, chega mesmo a governador desta região, mantendo-se no cargo até 2008 – altura em que renuncia por vontade própria.

Não sem deixar um legado profundamente admirado pelos habitantes da região. Ao longo de oito anos, Abramovich investiu perto de mil milhões de euros do próprio bolso na tentativa de melhorar a qualidade de vida dos moradores de um distrito que é considerado um dos mais inóspitos da Terra (no inverno, que dura nove meses, as temperaturas chegam, imagine-se, aos 60 graus negativos).

Segundo a sua assessoria de imprensa, financiou a construção de 18 escolas, 38 hospitais e centros médicos, cinemas, hotéis, museus, supermercados, até centros culturais. Tratou até de garantir que todos os anos as crianças da região tinham direito a umas férias de verão num qualquer local quente e aprazível. Além de que, durante o seu tempo de governação, o salário médio dos trabalhadores de Chuktotka quintuplicou.

“Quando chegas lá e vês a situação em que estão 50 mil pessoas, sentes que tens de fazer algo. Nunca vi nada pior na minha vida”, frisou ao “The Guardian”. Já os críticos garantem que o bilionário quis apenas mostrar à trupe de Putin (entretanto empossado presidente da Rússia) que estava disposto a devolver ao país uma parte da fortuna que havia construído, à custa de graves prejuízos para o Estado.

Qual das versões é a verdadeira é uma pergunta que fica por responder. Certo é que Abramovich se livrou mesmo do destino sombrio a que foram condenados muitos oligarcas russos, a partir do momento em que Putin assumiu a presidência e encetou uma espécie de purga a determinados empresários que haviam enriquecido à custa da ruína do país. Berezovsky, antigo sócio de Abramovich, foi um dos visados.

Primeiro foi obrigado a fugir, depois acabaria mesmo por ser encontrado morto. Provavelmente para evitar um destino semelhante, Abramovich opta por vender a participação que tinha na Sibneft à Gazprom (por 11,5 mil milhões de euros), indo ao encontro das pretensões de Putin, que estava determinado a controlar os ativos energéticos do país.

Quem não ficou minimamente agradado com o negócio foi o malogrado Berezovsky, que em 2008 pôs a correr na Justiça um processo contra o anterior delfim, acusando-o de o ter forçado a vender a sua parte da participação recorrendo a ameaças de violência. O processo cairia, no entanto, em saco roto. Em 2012, os tribunais britânicos dão por encerrado o caso, sem que fossem provadas as acusações.

Enquanto isso, Abramovich aproveita a verba choruda obtida com a venda da Sibneft para diversificar o leque de investimentos. Desta feita, aposta na companhia aérea Aeroloft, na maior companhia de alumínios russa, nos setores automóvel, energético, elétrico, farmacêutico, entre outros.

A companhia aérea Aeroflot foi outra galinha dos ovos de ouro do empresário russo
(Foto: Kirill Kudryavtsev/AFP)

Antes disso, em 2003, tinha já surpreendido o Mundo ao adquirir o Chelsea por 335 milhões de euros. Louco por futebol, Roman estava decidido a comprar um clube de uma das mais competitivas ligas europeias. Ainda viu potenciais alvos em Espanha e Itália, chegou até a equacionar o Manchester United, mas acabou por se decidir pelo Chelsea, acossado por graves dificuldades financeiras. Só para pagar dívidas, o bilionário investe 165 milhões de euros.

Mas a ideia foi sempre conquistar títulos e conduzir os “blues” ao topo do futebol europeu. Por isso, trata também de garantir nomes sonantes, pagando verdadeiras fortunas por eles. É nesta fase que o caminho do empresário se começa a cruzar de forma mais estreita com o nosso país. A Portugal, vem contratar tanto reforços de peso como Ricardo Carvalho, Tiago ou Paulo Ferreira, como o treinador que acabara de conduzir o F. C. Porto a uma das páginas mais brilhantes da sua história, com a conquista da Liga dos Campeões em Gelsenkirchen. Falamos, pois, de José Mourinho.

Abramovich estava de tal forma envolvido nas questões internas do clube que, naquela altura, à boleia de Jorge Mendes, empresário do técnico, e de Peter Kenyon, um dos diretores dos “blues”, se deslocou propositadamente a Portugal para negociar com Mourinho os termos da sua contratação. Tudo aconteceu no restaurante “O Camelo”, na Apúlia, como recorda Rui Camelo, proprietário do restaurante e amigo de Jorge Mendes.

“Encontraram-se aqui. O Jorge pediu-me para fechar o restaurante para poderem estar à vontade”, conta o proprietário, que não ouviu a Abramovich mais do que um boa tarde e um obrigado. Lembra-se, no entanto, que o almoço demorou horas. E que Abramovich pediu marisco. E assim Mourinho mudou-se para Stamford Bridge, dando início a uma saga vitoriosa.

E se fez questão de ir até à Apúlia para contratar José Mourinho, o empresário russo também era uma figura indissociável do dia a dia do clube. Mesmo que se tenha mantido sempre reservado, numa certa pose de distanciamento. Um dos primeiros jogadores portugueses a aterrar em Londres, que preferiu não ser identificado, lembra que Abramovich era presença assídua nos treinos, e que até tinha o hábito de ir ao balneário cumprimentar os atletas depois dos jogos, mas que não se recordava sequer de o ter visto a falar com algum elemento da equipa – à exceção dos habituais “bom dia”, “boa noite”, “obrigado”. Mesmo os contratos nunca eram tratados com ele. “Só assinava os cheques.”

A ostentação de Abramovich traduz-se num património recheado de bens luxuosos. Desde um iate que custou 563 milhões de euros a um Boeing 767, passando por mansões pelo Mundo fora
(Foto: Ali Balli/EPA)

Ricardo Fonseca, que trabalhou no hotel do clube entre 2004 e 2008, fala também de uma pessoa discreta, que só por lá apareceu três ou quatro vezes (invariavelmente rodeado de uma numerosa equipa de seguranças), apesar de ter o último piso do hotel totalmente reservado para ele e para a família. Ainda assim, assegura o português, era alguém muito acarinhado, tanto pelos adeptos (“que valorizam e sabem que o que ele fez pelo clube foi extraordinário”), como pelos funcionários. Até por um certo episódio inesquecível. “Em 2008, quando o Chelsea disputou a final da Champions em Moscovo, pagou o bilhete e os voos charter a todos os funcionários. E soube-se que foi algo que partiu mesmo dele.”

Nem tudo correu bem ainda assim. Apesar das verbas astronómicas que injetou no clube – até ao verão de 2020, eram já 2,5 mil milhões de euros, só em transferências, mais do que o valor gasto por Florentino Pérez no Real Madrid – foi frequentemente notícia pela relação conturbada com alguns treinadores. E pela rapidez com que despediu alguns deles.

Polémicas para dar e vender

Esta é só a ponta do icebergue do lado mais sombrio de Abramovich, irremediavelmente marcado pelas polémicas. Além do diferendo com Berezovsky na Justiça, sobre Abramovich recaem outras suspeitas, como a de ser o alegado autor moral de várias mortes ocorridas durante as chamadas “guerras do alumínio”, no início do milénio. No entanto, nunca foi formalmente acusado. Ressalve-se, aliás, que apesar de já ter estado na mira das autoridades por diversas vezes, o bilionário russo acabou sempre inocentado.

E ainda assim as suspeitas sucedem-se. Recentemente, uma investigação da BBC, veio expor os contornos sórdidos da duvidosa aquisição da Sibneft, já abordada neste artigo, dando ainda conta de um outro leilão alegadamente manipulado por Roman. Em causa a alegada pretensão de adquirir a Slavneft, que estaria em vias de ser travada por concorrentes chineses. Numa solução desesperada, o empresário terá dado ordens para raptar um dos representantes da empresa chinesa. Os advogados de Abramovich negaram perentoriamente o caso.

Quanto à polémica mais recente, até tem ligação direta ao nosso país. Tudo por causa da nacionalidade portuguesa que lhe foi atribuída em abril do ano passado, ao abrigo da lei que permite a descendentes de judeus sefarditas adquirir a cidadania como compensação pela expulsão decretada no final do século XV. No caso de Abramovich, esta atribuição não é consensual, havendo vários factos, no mínimo, suspeitos.

Por um lado, a falta de ligação aparente entre Abramovich e os judeus sefarditas. Por outro, o facto de ser há vários anos parceiro da Comissão de Certificação do Judaísmo, que lhe comprovou a ascendência. E ainda por ser patrocinador da Comunidade Judaica do Porto e do Museu do Holocausto (também no Porto), cujo curador, Hugo Miguel Vaz, lhe terá editado a página da Wikipédia perto de duas dezenas de vezes, introduzindo várias referências às alegadas origens sefarditas do russo.

Abramovich, de ascendência judaica, numa visita ao Muro das Lamentações, em Jerusalém
(Foto: Orel Cohen/AFP)

Suspeitas que terão sido suficientes para que, em janeiro deste ano, a Procuradoria-Geral da República, abrisse um inquérito à atribuição da nacionalidade portuguesa a Abramovich. Entretanto, o rabino do Porto, Daniel Litvak, foi detido pela PJ, por alegadas ilegalidades na emissão de certificados de nacionalidade para judeus sefarditas. No entanto, Abramovich continua a ter nacionalidade portuguesa, podendo circular livremente pela União Europeia. O mesmo não acontece em relação ao Reino Unido, onde o visto de investidor expirou em 2018 e não foi renovado (entretanto, adquiriria também a nacionalidade israelita).

A este rol de controvérsias, somam-se as punições recentes que lhe têm sido impostas na sequência da guerra da Ucrânia e da sua alegada proximidade com Putin, fazendo dele uma espécie de meio para atingir um fim. Primeiro, a 10 de março, foi o Governo britânico a incluí-lo numa lista de sanções visando vários oligarcas russos (na sequência disso, também a Premier League lhe retirou o cargo de presidente do Chelsea). Dias depois, foi a vez de a União Europeia fazer o mesmo, invocando os “laços estreitos” do empresário com Putin, que o terão ajudado “a manter a sua considerável fortuna”.

Abramovich tem estado presente nas negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, como intermediador “neutral”
(Foto: Handout /Turkish Presidential Press Service/AFP)

Considerável é, na verdade, um termo lisonjeiro. Com participações no grupo multinacional de aço Evraz e na produtora de metais Norilsk Nickel, Roman integra o leque das 200 pessoas mais ricas do Mundo (surge na 142.ª posição), segundo lista divulgada pela “Forbes” no ano passado, com uma fortuna estimada de quase 13 mil milhões de euros. Ostentação que salta à vista no seu vasto património. Entre as suas aquisições mais sonantes, destacam-se, por exemplo, os iates Eclipse (custou-lhe 370 milhões de euros) e Solaris (563 milhões). Ou um Boeing 767.

Ou as múltiplas mansões que tem em cidades como Londres, Nova Iorque ou Moscovo. Ou uma vasta coleção de arte avaliada em 900 milhões de euros. Um império construído do zero, com a mesma habilidade e versatilidade que agora lhe permitem estar sentado à mesa das negociações de paz na guerra da Ucrânia, como alguém que parece ser capaz de se moldar para agradar a ambos os lados. Qual camaleão.