A Netflix está cada vez mais portuguesa

A primeira série portuguesa estreou há três meses e oito dias. A primeira produção nacional a ser comprada está disponível para 198 países desde quinta-feira. O talento continua a furar fronteiras e a projeção é uma evidência. Qual o impacto e o alcance de estar na maior plataforma de streaming do Mundo?

Surpreendeu, quase não se estranhou, entranhou-se rapidamente. A Netflix apresentou-se ao Mundo como a maior plataforma de streaming do Planeta e a forma de ver cinema e televisão mudou. O que se quiser, quando se quiser, onde se quiser. Está em mais de 190 países e tem cerca de 214 milhões de subscrições pagas por filmes, séries, documentários de géneros diversos e diferentes idiomas. Portugal está lá com interpretações, produções, com o talento nacional. A Netflix está cada vez mais portuguesa. Glória, pequena aldeia do Ribatejo, anos 1960, auge da Guerra Fria, e a RARET, centro de transmissões americano, emite propaganda Ocidental para o Bloco de Leste. A 5 de novembro de 2021, estreou a primeira série portuguesa da Netflix, “Glória”, que destapa uma realidade pouco conhecida da História portuguesa. Numa zona remota do país, durante quase 50 anos, existia uma aldeia construída pela CIA. “Glória” entra nesse universo. É um thriller histórico com espiões, mentiras, segredos. Nem tudo o que parece é. “Estrear em tantos países no mesmo minuto, no mesmo dia, é um feito único para a nossa produção”, refere Tiago Guedes, realizador de “Glória”. A Netflix é um rastilho para a projeção internacional. É inegável. A série gravada entre Glória do Ribatejo e Lisboa foi bem acolhida pela crítica e pelo público, centenas de publicações nos Estados Unidos, Brasil, Itália, entre outros países. Tiago Guedes deu uma entrevista para uma rádio holandesa. “Houve um tipo de público que normalmente não atingimos”, comenta.

O realizador esteve ano e meio agarrado à série. “Foi uma rodagem maravilhosa e tive uma equipa extraordinária ao meu lado.” A dedicação, o profissionalismo, a entrega, o trabalho, foram os mesmos de sempre. “Queremos mostrar que esta qualidade já cá está”, sublinha.

Há qualidade, de facto. A série “Até que a vida nos separe”, exibida na RTP no ano passado, é a primeira portuguesa comprada pela Netflix, estreou quinta-feira na maior plataforma de streaming que, mais uma vez, soube-se há dias, lidera a corrida aos Oscars. O drama da família Paixão está agora disponível em 198 países em português, inglês, espanhol, francês, japonês, árabe, finlandês, dinamarquês e por aí fora. Um feito para a ficção nacional da série da RTP numa produção da Coyote Vadio, a mesma de “Pôr do sol”, que terá segunda temporada.

“Até que a vida nos separe” conta o drama da família Paixão. A série da RTP foi produzida pela Coyote Vadio e está agora disponível em várias línguas. Um feito único para a produção nacional
(Foto: DR)

É um processo feliz. Manuel Pureza, realizador da série, produtor da Coyote Vadio, juntamente com Andreia Esteves, conta como foi. Havia vontade de uma segunda temporada, reunião com a RTP, argumentos na mesa, só que havia o contexto, as circunstâncias, projetos ainda na gaveta, as explicações faziam sentido. A produtora decidiu tentar a sua sorte. “Conseguimos chegar à cúpula da Netflix Internacional, que manifestou imenso interesse para ver a série.” Em menos de um mês, tudo tratado, era preciso guardar segredo, 40 propostas gráficas, quatro versões do trailer, todo o cuidado, o máximo respeito. A novidade foi divulgada e a alegria explodiu. “Foi um tiro muito longínquo que, de repente, acertou. É absolutamente extraordinário. São 75 atores que vão para todo o Mundo”, revela Manuel Pureza. Estar na Netflix é um excelente indicador. “Pode ser um enorme catalisador desde que não adultere a nossa matriz, como é viver em Portugal, neste retângulo à beira-mar.” A lógica, em seu entender, deve partir do local para o universal. A projeção é fantástica, mas a essência não se pode perder. “É a nossa especificidade que nos faz ser internacionais.” “A Netflix pode ser essa montra desde que não percamos a nossa identidade sem ser uma coisa sectária”, acrescenta. Um Portugal tão específico e, ao mesmo tempo, tão internacional.

A projeção internacional expõe a interpretação de 75 atores e o trabalho e a dedicação de uma equipa que acreditou que podia ir mais longe e que chegou à cúpula da Netflix Internacional
(Foto: DR)

O Mundo é global, o que era habitual ontem não é hoje, já não é preciso sair de cá para aparecer em qualquer lugar. “Estamos todos mais próximos, apesar das distâncias, e é mais fácil um diretor de casting fazer uma seleção com uma self-tape”, adianta o ator Paulo Pires, que participou na série da Netflix “White lines”, suspense e mistério à volta da morte de um famoso DJ em Ibiza, assinada por Álex Pina de “La casa de papel”. A Netflix dá visibilidade. Ponto final. “Esta é uma forma de o trabalho que se faz aqui, de técnicos, de atores, de toda a gente que está a produzir, chegar ao Mundo. Estava na hora que isso acontecesse e seria estranho que não acontecesse”, diz. O que o deixa muito contente. “Acho que é um caminho sem recuo, é o início de uma nova fase, é uma forma de chegarmos ao Mundo. E estava na hora que isso acontecesse.”

Maria João Bastos é uma atriz internacional, entrou na segunda temporada da série brasileira “O mecanismo” de José Padilha (o mesmo realizador de “Narcos), totalmente inspirada na complexa teia da operação Lava Jato. A atriz é chamada para um casting, estava em Portugal, grava uma self-tape que envia para Los Angeles, onde estava Padilha, a seleção começa, é escolhida para o papel de Maria Pia, mulher de um empreiteiro preso na Lava Jato. Mudam a sua personagem, era uma paulista, passa a ser uma portuguesa a viver no Brasil. “É uma mulher que vive numa enorme tensão, amordaçada pelo poder do marido, pela situação, como se vivesse presa na sua própria realidade. Muito subjugada ao que sabe e ao que tem de aceitar”, descreve. Tem um peso no final da história.

A atriz adorou a experiência, a série teve sucesso, está em 193 países, o tema suscita muita curiosidade em todo o Planeta. “Faz parte do meu cartão de visita, do meu showreel”, garante. O que naturalmente desperta atenção em qualquer parte. “As coisas vão-se construindo, fazendo parte da nossa história.”

Mais visibilidade, mais genica, mais propostas

Miguel Nunes é o engenheiro João Vidal da série “Glória”, jovem de uma família com ligações ao regime de Salazar, combate na Guerra Colonial, converte-se politicamente, é recrutado pela KGB, instala-se no Ribatejo para trabalhar na RARET. Está no centro da narrativa. O ator mergulhou na personagem para perceber a abordagem ao seu universo, aprofundou a época, leu bastante, preparou-se fisicamente. “É um retrato bastante fidedigno da sociedade portuguesa da altura. Regressámos ao passado para percebermos a nossa própria história”, afirma.

Miguel Nunes e Carolina Amaral estão no centro da história de “Glória”, uma produção original para a Netflix. Espiões, mentiras e segredos conduzem a série que tem como palco uma aldeia do Ribatejo, nos anos 1960
(Foto: DR)

O ator está satisfeito e orgulhoso. “Os profissionais que se juntaram para esta série são pessoas muito talentosas.” Estar na Netflix é uma porta que se abre. “É uma oportunidade para a cultura portuguesa ser difundida Mundo fora e dar-nos a conhecer a outras línguas que não ouvem falar tanto de nós.” É visibilidade, é mostrar trabalho a outros mercados, é possibilidade de ter projetos fora do país. “O alcance de público é impressionante. Os atores estão mais expostos, o corpo que é visto, dão a cara, mas neles está congregado um grupo de pessoas que sintetizam muita dedicação”, observa.

Carolina Amaral é Carolina em “Glória”, rapariga do campo com várias camadas. Sonhadora, inquieta, irrequieta, inconformada, assertiva, convicta. “Não é uma rapariga tonta, inocente. Cede ao inebriamento com convicção”, define. A atriz não é um rosto de primeira linha da televisão, circula sobretudo pelos palcos recatados do teatro, anda em digressão europeia com a peça “Trouble”, do realizador Gus Van Sant, integra uma produção de teatro francesa que será apresentada em julho, está no elenco do filme “Mal viver”, de João Canijo, que estreará neste ano. Não soube logo que aquela série de época seria para uma plataforma internacional. “Inicialmente, não sabia que era para a Netflix, sabia que seria uma série realizada pelo Tiago, com algum arcaboiço, com algum investimento”, recorda. Casting feito e ação. “Foi um processo muito fluido, delicado, nada precipitado.”

“Glória” é um thriller histórico que destapa uma realidade pouco conhecida da História portuguesa, num momento em que o mundo estava dividido em dois blocos: Estados Unidos e União Soviética
(Foto: DR)

As redes sociais manifestaram essa projeção internacional, Carolina Amaral foi abordada por pessoas que não conhecia que lhes foram mostrando o agrado pela série, comentários implicados com a narrativa, observações densas, nada pela rama. “Recebi bastantes mensagens de pessoas de fora de Portugal.” Percebeu que havia uma procura pelo seu trabalho de atriz, pelo seu percurso, além da vontade de conhecer melhor a personagem que interpreta e da “série entusiasmante e que nos prende com as escolhas estéticas, plásticas, dramatúrgicas”. “A Netflix é outra projeção, apesar de tudo. “Qualquer pessoa pode aceder a este material e ficámos muito contentes com o resultado final.”

Carolina Amaral fala num objeto de qualidade que deixa a sua marca. “É uma série que não é, de todo, dispensável, que aborda questões não só relacionadas com o contexto histórico. É um objeto relevante.” E está contente com o que tudo isso implica e que possa traduzir-se em, realça, “maior investimento, maior visibilidade no que se faz cá, mais oportunidades, mais momentos de produção cinematográfica, mais genica, mais propostas”.

Maria João Bastos também não duvida do impacto e do alcance da Netflix. É uma montra do que se faz por cá. “É extremamente importante que tenhamos feito uma produção para a Netflix porque estamos a atrair atenção para o nosso mercado, podemos mostrar a nossa capacidade de trabalho, que não é diferente de outras. É uma oportunidade de suscitar interesse nos nossos talentos”, destaca. “É uma montra de trabalho e de capacidades do que temos para um futuro que se mostra promissor”, reforça.

O catálogo da Netflix é gigante e a presença portuguesa está lá. Pêpê Rapazote na série “Narcos”, Nuno Lopes em “White lines”, Albano Jerónimo em “The one” e em “Glória”, Alba Baptista e Joaquim de Almeida em “Warrior nun”, Diogo Morgado no filme brasileiro “O matador”, são alguns exemplos.

Miguel Amorim e Albano Jerónimo são irmãos em “The one”, série britânica que estreou em março de 2021. Ficção científica num futuro distópico
(Foto: DR)

Miguel Amorim é Fábio Silva na série “The one”, série britânica sobre um futuro distópico, os relacionamentos na era moderna, um programa para encontrar a alma gémea, que estreou em março de 2021. É irmão de Matheus Silva, que é Albano Jerónimo, dois surfistas com parte importante no desenrolar da história. Miguel Amorim fala numa escala de visionamento enorme que a Netflix proporciona, o que não acontece com outras produções. Se há talento nacional a circular por esse Mundo fora, há naturalmente interesse. “Abrir o mercado português é ótimo.” Tal como ver atores e colegas nessa projeção internacional.

Miguel Amorim é uma das vozes da série de desenhos animados “Love death & robots”, assinada por David Fincher, entre outros autores
(Foto: DR)

Uma coisa puxa outra, uma coisa leva a outra, é certo, mas não é suficiente. Não basta estar na Netflix, para Miguel Amorim. “Não deve ser o único foco em termos de produção, não é suficiente para garantir a qualidade de um produto, não dá logo um selo de qualidade”, repara o ator que depois de “The one” deu voz na série de desenhos animados “Love death & robots”, criada por David Fincher, entre outros autores, disponível na Netflix. Portugal não fica atrás do que se filma e produz lá por fora. “A nível da criatividade e ambição artística não vejo qualquer tipo de diferença.”

Fazer bem, com honestidade, com sinceridade

Pedro Lopes é o autor, criador, argumentista de “Glória”. Conhecia a história da RARET, ouvia-a desde criança contada por familiares ligados à rádio, fez muita pesquisa, havia que encontrar o período mais interessante para fazer um retrato do país e do Mundo no período da Guerra Fria. Num tempo em que o Globo estava dividido em dois blocos: Estados Unidos e União Soviética. “Ter uma história que fosse profundamente portuguesa, mas que tivesse um apelo internacional.” E que, além disso, tivesse ecos com a atualidade, com a propaganda, com a desinformação.

Há um caminho até chegar à Netflix com os olhos postos em captar a atenção internacional, sabendo que o paradigma da distribuição de conteúdos estava a mudar, que era necessário pensar em posicionar de outras maneiras, desenvolver projetos. Não cruzou os braços, conseguiu uma reunião com a Netflix. “O projeto foi bem recebido, havia interesse para ver mais, para lerem um episódio que ficou escrito”, recorda.

A luz verde acabaria por chegar. Houve músculo financeiro, houve tempo, e tempo é dinheiro, para escrever durante três anos e depois ensaiar, filmar, dar atenção aos pormenores, apurar reconstituições históricas. Um projeto original, uma narrativa surpreendente, fotografia cinematográfica, elenco escolhido a dedo, realização de grande sensibilidade. “Teve um impacto muito interessante noutros países”, assegura.

Ainda é prematuro falar numa segunda temporada de “Glória”. “A série não deixa de contar uma história. Há caminho para contar, há caminho para fazer.” As plataformas de streaming são, apesar de tudo, um fenómeno recente. Ainda assim, percebe-se que o caminho pode ser proveitoso neste catálogo que jamais acaba. “Há bons sinais de que a ficção portuguesa poderá ter um percurso interessante em termos de internacionalização.” “Se conseguirmos ter projetos que são originais, que têm qualidade, teremos uma grande visibilidade”, sustenta Pedro Lopes.

Haverá um antes e um depois da Netflix? Para Tiago Guedes, ainda não há uma resposta concreta. “É extraordinário o que acontece, a projeção, a ajuda à produção, mas ainda é cedo fazer essa avaliação. Se vai fomentar o investimento cá, se isso vai de facto acontecer, não tenho a certeza, mas tenho esperança que aconteça.” Seja como for, o talento existe, independentemente das plataformas de streaming. “Já temos muitos atores a furar as paredes nacionais e que não estão ligados a estas plataformas internacionais. A qualidade fura fronteiras.”

Manuel Pureza realça o fazer bem, a honestidade e a sinceridade do que se produz, o trabalho que vai sendo feito para uma certa literacia do que vê em televisão. A partir daí, tudo acontece e o interesse surge. Não sabe se haverá um antes e um depois da Netflix, sabe, isso sim, que há um antes e um depois de a RTP apostar na produção e na ficção nacionais. “Uma teimosia interessante e saudável em fazer o que os outros não fazem.”

Aguarda-se a reação internacional à série “Até que a vida nos separe”, criada por João Tordo, Hugo Gonçalves e Tiago R. Santos, a segunda temporada acontecerá se tiver de ser, fazem-se figas com todos os dedos para que sim, por agora não é o mais importante. João Tordo reagiu na sua página de Facebook à compra da Netflix. “As séries portuguesas começam agora a entrar no mercado internacional e é importante que os seus criadores (que as imaginam, que as metem no papel) aprendam também o valor que têm. Sem eles, não há boas histórias”, escreveu.

“A metamorfose dos pássaros”, de Catarina Vasconcelos, chega à Netflix no final do seu percurso por festivais de cinema, exibição em sala e ainda na RTP2, no início do ano
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“A metamorfose dos pássaros”, de Catarina Vasconcelos, é uma das cinco longas-metragens de 11 mulheres cineastas portuguesas com exibição na Netflix em 2022, ainda sem data marcada. A Academia Portuguesa de Cinema e a plataforma de streaming selecionaram as obras depois de uma convocatória aberta dirigida a realizadoras, produtoras e guionistas. Foram apresentadas 31 candidaturas. O filme de Catarina Vasconcelos, produzido por Joana Gusmão e Pedro Duarte, fez o circuito natural. Festivais de cinema, estreou a nível mundial em Berlim em fevereiro de 2020, continuou o seu percurso, estreou em sala, conquistou vários prémios internacionais, passou na RTP2. E agora Netflix. E é assim que faz sentido para Catarina Vasconcelos que, na sua primeira longa-metragem, parte de memórias de infância e juventude para construir uma narrativa poética. Ou seja, chega à Netflix depois dessa caminhada. “É uma forma de o filme continuar a estar disponível no decorrer desse percurso, não no início, mas no final.” A seleção foi acolhida com surpresa e entusiasmo, é cinema de autor. “Os filmes são feitos para serem vistos. Ser visto e chegar a outras partes do Mundo é fundamental para um filme”, diz a realizadora.

A longa-metragem “Soa”, de Raquel Castro, na realização e argumento, documentarista e investigadora, fundadora e diretora artística do festival Lisboa Soa, também foi selecionada nesse processo. E também fez o percurso habitual pelos festivais. É um filme feito de paisagens sonoras, ruído, silêncio. Como a paisagem sonora nos afeta e como somos responsáveis pelo som que geramos. Isabel Machado, Joana Ferreira e Sara Serra Simões assinam a produção.

O filme “Soa” de Raquel Castro tem passeios sonoros, ruído e silêncio. É uma das obras selecionadas pela Academia Portuguesa de Cinema e pela plataforma de streaming, numa convocatória aberta a mulheres ligadas à arte
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Com a participação de pessoas de vários países, a vertente internacional do “Soa” existe, já de si. A Netflix facilita o acesso à obra e permite que tenha mais vida para além dos festivais. “É excelente abrir essa porta, ainda mais quando estamos a falar de trabalhos que são trabalhos de investigação”, considera Raquel Castro. “É uma montra brutal.”

Os filmes “Mar”, de Margarida Gil na realização e argumento, de Rita Benis como coargumentista, “Simon chama”, com Marta Sousa Ribeiro na realização e Joana Peralta na produção, e “Desterro”, realizado por Maria Clara Escobar, foram igualmente selecionados pela Academia Portuguesa de Cinema e pela Netflix, desconhecendo-se, por enquanto, as datas de estreia.

Com a participação de pessoas de vários países, “Soa”, produzido por Isabel Machado, Joana Ferreira e Sara Serra Simões, tem, desde logo, uma vertente internacional
(Foto: DR)

Há sempre um lugar maior. “Os filmes são construídos para uma determinada dimensão e isso é importante valorizar. A sala de cinema é o templo do cinema, com as condições ideais. Neste tempo escuro, as pessoas deixaram de ir ao cinema e, pior ainda, deixaram de ter salas de cinema”, constata Catarina Vasconcelos. “O que seria do Mundo sem cinema?”, pergunta a realizadora. “Mais triste, com certeza”, responde sem pausas.