Uma história de peso

Texto de Ana João Mamede

A balança tem uma história com sete mil anos. Foi inventada em 5000 a.C., no Egito, porque os egípcios ansiavam por um utensílio que lhes permitisse pesar o ouro. No entanto, rapidamente compreenderam as inúmeras utilidades do objeto, adotando-o para tornar as trocas comerciais mais justas.

As primeiras balanças eram simples. Continham um travessão único com um eixo central, tendo em cada extremidade um prato. Num deles, era depositada uma peça com um peso padrão; no outro, colocava-se o que se pretendia pesar. Quando o travessão se encontrava equilibrado, era possível saber o peso do objeto.

Mais tarde, surgiu a chamada balança romana. Pendurada num gancho existente num ponto fixo, tinha dois braços de pesagem com comprimentos desiguais. No mais curto, colocava-se o objeto; no mais longo, que possuía marcações de indicação da massa, fazia-se deslizar um peso em ambas as direções, até se encontrar o ponto de equilíbrio. Essas balanças, tal como o nome indica, tiveram grande sucesso em Roma e, sem surpresa, espalharam-se pelo Mundo.

Os anos passaram e a balança resistiu sem evoluções, assim (sobre)vivendo durante mais de três milénios. No século XVI, graças às exigências do mercado farmacêutico – procurava-se uma pesagem mais rigorosa dos compostos -, voltou a sofrer alterações.

Com a expansão da metalurgia, em meados do século XVII, foi possível fazer balanças mais sensíveis a pequenas variações de massa. O cutelo – um apoio triangular onde o travessão “descansava” – fez com que as balanças ganhassem maior sensibilidade.

No século XIX, o latão tornou-se a principal matéria-prima na construção de balanças. Florenz Sartorius, engenheiro alemão, percebeu que havia caminho a trilhar e, com base numa peça de alumínio, concebeu um modelo leve, de braços curtos e fechado numa caixa de vidro, montado na própria estrutura do objeto. A simplicidade de manejo e a precisão superavam as balanças até aí desenvolvidas. Uma revolução que permitiu uma diversificação de modelos e a presença efetiva em todos os domínios da química.

No século passado, a evolução continuou. A balança não só confirmou as inúmeras utilidades que lhe eram atribuídas como se atualizou. Melhorou desempenhos e entrou em todas as casas. Daí ao estatuto eletrónico foi um pequeno passo tecnológico. As falhas mecânicas desapareceram, assim como diversas tarefas necessárias para se obter a leitura correta da massa.

Hoje, quando a usamos, seja para manter debaixo de olho os quilos a mais ou para dar uma mãozinha na hora de cozinhar, ninguém imagina os sete mil anos de história da balança. Sempre à procura do peso certo.