Texto de Ana João Mamede
São 32 retratos fotográficos e estão em exposição na Galeria de Santa Maria Maior, em Lisboa. “Orgulho Bairrista”, assim se chama o projeto, surgiu em 2015. Andy Dyo, fotógrafo russo, e Iñigo Sánchez, investigador espanhol na Universidade Nova de Lisboa, residiam em Portugal e quiseram explorar a forma como os marchantes da Mouraria vivem as marchas populares e o orgulho que sentem em representar o bairro. O resultado do trabalho, inaugurado a 14 de fevereiro, estará patente até 22 de março.
Os marchantes foram fotografados em dois momentos diferentes. Em estúdio, despidos de qualquer peça ou acessório, e no dia do desfile, na Avenida da Liberdade, fardados. “Foi um verdadeiro desafio. Dois estrangeiros a tentar mergulhar nessa tradição tão especial. Tivemos de ganhar a confiança deles. Foi uma experiência cultural única. As expectativas eram altas e eu e o Andy tínhamos nas mãos essa responsabilidade. Quisemos chamar à atenção pela diferença e conseguimos”, declarou Iñigo Sánchez à “Notícias Magazine”.
Além dos retratos, a iniciativa registou em vídeo testemunhos das histórias de vida dos participantes. “Tínhamos de apoiar o projeto. É importante manter a tradição viva e valorizar as pessoas que dão, todos os anos, o corpo ao manifesto. Vê-se a genuidade e o orgulho deles nas fotos. O que aqui está exposto não é o nu. São, sim, pessoas que sentem a marcha e amam o bairro da Mouraria. Existe um sentimento de pertença e comunidade”, afirmou Rute Reimão, responsável pela galeria que acolhe a exposição e elemento da Junta de Freguesia.
“A exposição tem sido um sucesso. O dia da inauguração foi especial e emotivo. Nunca tinham visto as fotos e foi uma experiência maravilhosa e um sentimento de orgulho partilhado, sentia-se no ar”, acrescentou Iñigo Sánchez. Nos testemunhos, os jovens mostram-se, de facto, orgulhosos por pertencer à Mouraria, por poderem representar o bairro e por, dessa forma, não deixarem morrer a tradição. No entanto, devido às transformações sociais que a Mouraria está a viver, não deixam de manifestar alguma preocupação pelo futuro da marcha.