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Quantos mortos são precisos para voltarmos a importar-nos?

Acaba de acontecer. Mais um massacre. Um homem de 64 anos matou a tiro 58 pessoas e fez mais de 500 feridos num festival de música country em Las Vegas, Estados Unidos. Foi neste domingo. O atirador estava num quarto de hotel e disparou do 32.º piso para uma multidão de cerca de 40 mil pessoas que assistiam ao festival ao ar livre. O homem matou-se antes de a polícia chegar.
Esta data nunca mais será esquecida: 11 de setembro de 2001. Os Estados Unidos acordavam para um dos dias mais negros da sua história. O World Trade Center foi o principal alvo de vários ataques suicidas numa ação coordenada pela Al-Qaeda. Morreram quase três mil pessoas, incluindo 19 terroristas, e mais de seis mil ficaram feridas. E o mundo nunca mais foi o mesmo.
Junho de 2016, em Orlando, Florida, um homem dispara numa casa noturna frequentada pela comunidade gay. Morreram mais de 50 pessoas. O então presidente norte-americano Barack Obama condenou este ato de ódio e de violência.
Paris, 13 de novembro de 2015. Mais de 180 pessoas morreram nessa noite numa série de atentados terroristas em vários locais da capital francesa. Centenas ficaram feridas. O ataque mais mortífero aconteceu no Bataclan durante um concerto da banda norte-americana Eagles of Death Metal. Ninguém queria acreditar no que estava a acontecer naquela noite. O mundo voltou a ficar despedaçado.
França voltou a sofrer. A 14 de julho de 2016, em Nice, um camião colheu quem encontrou pela frente durante a celebração do Dia da Bastilha, na marginal mais movimentada da cidade. A multidão entrou em pânico, morreram 84 pessoas e dezenas ficaram em estado grave.
Em maio deste ano, num concerto de Ariana Grande, em Manchester, Reino Unido, houve uma explosão e morreram 22 pessoas e 58 ficaram feridas. O país e o mundo ficaram em estado de choque com este ataque de um homem bomba que matou várias crianças e adolescentes que assistiam ao concerto.
Um outro dia 11. Madrid, 11 de março de 2004, morreram 191 pessoas e mais de duas mil ficaram feridas em explosões em comboios que faziam a ligação à estação de Atocha. Os principais autores deste atentado ter-se-ão suicidado um mês depois num apartamento em Madrid.
Espanha voltou a ficar de luto este ano. Um homem numa carrinha atropelou várias pessoas que circulavam nas Ramblas, em Barcelona, numa das ruas mais movimentadas da cidade catalã. Morreram 13 pessoas, entre as quais duas portuguesas, avó e neta que estavam de férias na Catalunha.
Londres, momentos distintos. A 7 de julho de 2005, ouviram-se explosões no metro e num autocarro de dois andares. Morrem 52 pessoas e 700 ficam feridas. Em junho deste ano, oito pessoas morreram atropeladas ou esfaqueadas em ataques em vários locais da cidade londrina, numa rua, num mercado, num restaurante. A 15 de setembro deste ano, 22 pessoas ficam feridas, a maioria com queimaduras no rosto, numa bomba que não chegou a explodir por completo.
Junho do ano passado, cidade de Sousse, Tunísia, numa área muito frequentada por estrangeiros. Resorts turísticos são atacados por homens de armas na mão. Morreram 39 pessoas e várias ficaram feridas. Uma professora reformada, de 76 anos, de Vila Nova de Gaia, foi uma das vítimas mortais.
Em 2016, Istambul sofreu pelo menos 19 atentados. Na última passagem de ano, numa casa de diversão noturna, onde centenas de pessoas comemoravam a data, um homem vestido de Pai Natal entrou a matar. Disparou e matou 39 pessoas. A 20 de agosto desse ano, 57 pessoas, entre as quais 34 crianças, morrem na explosão de uma bomba durante um casamento curdo numa cidade turca perto da fronteira com a Síria.
Foi um massacre planeado. A 7 de janeiro de 2015, em Paris, dois irmãos vestidos de preto e armados entraram na redação do jornal satírico Charlie Hebdo. Mataram 12 pessoas, grande parte da equipa do jornal, e dois agentes da polícia francesa. O jornal continua a escrever e a publicar.

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Ontem foi em Las Vegas. O Daesh reivindicou, mas o FBI não confirma como terrorista (será o quê, então?) o ataque de um atirador que se suicidou após ferir 500 pessoas e matar 58.

Seja como for, Nova Iorque, Paris, Londres, Madrid, Nice, Orlando, Tunísia, Istambul, Barcelona. Perdemos a conta.

A morte entra-nos casa adentro todos os dias com imagens de atentados que matam sem dó nem piedade quem está no local errado à hora errada.

O mundo, impreparado para digerir tanto ódio, segue em frente. Até quando?