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A importância de educar os miúdos para a solidariedade

Fotos: Shutterstock
1. Ensinar os mais pequenos a olhar para o lado: cuidar dos colegas da escola, perguntar se precisam de ajuda, falar sobre as diferenças.
2. Conversar, fomentar atos solidários, explicar a importância de estimar brinquedos e roupas que podem ser usados por outras crianças, elogiar quando mostram preocupação e estão atentos às necessidades dos outros.
3. Costumam conversar em família sobre o que afeta os outros e estão solidários com as suas preocupações e dificuldades? Esta é uma pergunta que deve ser feita.
4. Desenvolver o hábito de se ajudarem mutuamente em casa, perceber as tarefas que mais se adequam a cada um.
5. Ao fomentar o sentido de solidariedade incutem-se emoções positivas, um bem-estar único, um sentimento de missão cumprida. A solidariedade aumenta a tolerância à frustração, a resiliência perante os desafios, a relativizar e pôr em perspetiva cada situação.
6. Dar o exemplo. O comportamento dos adultos é importante para fomentar atos solidários nos mais novos.
7. Tornar a solidariedade uma prática do dia-a-dia com atitudes e vocabulário a condizer. Pergunte regularmente «como posso ajudar-te?»
8. Procurar duas ou três iniciativas anuais que proporcionem experiências solidárias estruturadas e nas quais os filhos possam participar.
9. Criar o slogan da solidariedade. Juntar a família e criar uma frase, uma ideia, uma rima, ou um verso, para escrever e colocar num local visível em casa.

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Como está a solidariedade aí em casa? É uma prática espontânea e frequente? Está na hora de conversar sobre o assunto. Agora e sempre.

A solidariedade é um valor essencial e deve começar a ser praticado cedo. Começa em casa, entre pais e filhos, nas conversas, nas ações, em tarefas simples. E é uma bela maneira de aumentar a confiança, desenvolver a autoestima, endurecer a resiliência perante os desafios.

Pode dar trabalho, mas vale a pena. «Para que faça parte do dia-a-dia é preciso praticá-la com a criança, ajudando-a a ser atenta e empática com os outros, refletindo sobre situações da escola de outras crianças, conversando muito, fomentando desde pequenas atos solidários, como estimar brinquedos e roupas e depois saber que poderão servir para outros meninos e meninas, envolvê-las e elogiá-las nos atos solidários, quando mostram preocupação ou compaixão, para que consigam sentir como é útil, importante e até gratificante saber olhar para o lado, saber e estar atento às necessidades do outro», diz à NM Rita Castanheira Alves, psicóloga clínica e de aconselhamento parental, autora do projeto Psicóloga dos Miúdos e do livro A Psicóloga dos Miúdos – Guia para Todos os Pais, em que dedica várias páginas ao tema.

A partilha é essencial e os olhos não podem estar colados ao umbigo. A psicóloga dá mais alguns conselhos. «Evitar ao máximo que a criança/adolescente esteja apenas centrado em si, nas suas necessidades, mas ajudá-lo a saber partilhar. É uma tarefa que pode fazer parte do dia-a-dia em casa e também muito na escola, uma vez que estão integrados em grupos de crianças/adolescentes com características, histórias e condições de vida diferentes.»

E como incutir a solidariedade aos mais pequenos? Em primeiro lugar, o exemplo dos adultos é crucial. As ações, o vocabulário, a empatia, tudo é importante. E não apenas em épocas específicas do ano, como no Natal, ou como um evento único e isolado. Mas em todos os dias do ano.

Na sua opinião, a prática da solidariedade nos miúdos também passa por ensiná-los a olhar para o lado, ou seja, «a cuidar dos colegas na escola, a conhecer a importância de perguntarmos se o colega precisa de ajuda, instalando o hábito de falar sobre as diferenças, a desigualdade, criando hábitos solidários dentro de casa e fora dela, pedindo a colaboração da escola para fomentar a entreajuda». Para que isso seja um ato tão simples «como vestir um casaco, concretizar um trabalho, fazer uma construção com peças de madeira ou saltar.»

Mais tecnologia, mais objetos, mais distração, menos atenção a quem nos rodeia. Há obstáculos à solidariedade. A vida acelerada dos adultos e as apertadas exigências profissionais não ajudam. «É fundamental dar a conhecer aos miúdos o local onde vivem, as desigualdades existentes, fomentar a interação com vizinhos ou colegas de escola, envolvê-los de acordo com a idade em tarefas e iniciativas solidárias.»

«Adaptar as vivências à idade, claro, mas não esconder a realidade e dar a conhecer histórias mesmo que mais longínquas de crianças ou adolescentes da mesma idade para que percebam a importância do que têm e o valor de pequenos atos de solidariedade», acrescenta Rita Castanheira Alves.

Não é muito complicado, pois não?