Os confinamentos despertaram as manualidades e são muitos os que pegaram nas agulhas para tricotar ou fazer croché. Há quem garanta que é terapêutico e que nunca é tarde para aprender.
Fechados em casa por causa da pandemia, os portugueses puseram a mão na massa para fazer pão e bricolage, mas não só. Também se dedicaram a trabalhos manuais, executando peças quentinhas com coloridas lãs. Foi já no primeiro confinamento que muitos se refugiaram no tricô ou no croché para desanuviar em tempos pandémicos e a história tem-se repetido nas últimas semanas. Até porque “tricotar descontrai e as contagens relaxam”, assegura Zélia Évora, autora do livro “A Terapia do Tricot”, reconhecendo que “as pessoas agora têm mais tempo”. Dedicada desde muito nova a tudo o que tenha a ver com malhas, Zélia também costura, e vende, peças que servem para arrumar agulhas, novelos e todos os acessórios inerentes à prática, inspirada na própria experiência.
Para Elisabete Oliveira, fazer croché “é quase como fazer meditação”. “Ajuda a desligar e, para a mente, é melhor do que ir ao ginásio”, confidencia. Designer de formação, Elisabete lançou a marca Kensho Handmade, através da qual cria bonecos de todas as espécies com a técnica japonesa ‘amigurumi’. Meia volta, dá workshops em que ensina a arte que a descontrai.
No Porto, à semelhança de outros negócios, a loja especializada em tricô Ovelha Negra tem as portas fechadas, mas continua a satisfazer as necessidades dos clientes, enviando fios, agulhas, marcadores e tudo o que se relacione para onde for preciso. Joana Nossa, a responsável, conta que tem recebido muitos pedidos e até está a ser “o melhor ano em termos de vendas”. “Desde março que houve um boom e notámos que muita gente está a a dedicar-se ao tricô”, acrescenta. O mesmo constata Paula Pinto, a proprietária do espaço Caxemira, em São João da Madeira, a quem têm dito que “pegar nas agulhas é terapêutico”. Entre os testemunhos, revela que “há quem esteja aprender a tricotar com as filhas”, até porque nunca é tarde para começar. Para iniciantes, Paula recomenda “agulhas n.°5, fio e, claro, motivação e vontade de aprender um novo hobby”.
No YouTube, não faltam tutoriais a ensinar estes ofícios e no Facebook abundam páginas que partilham dicas e receitas com instruções para arriscar nas laçadas. Também há cursos online, alguns grátis como aqueles que oferece o site da Learncafe. Em Lisboa, a Companhia das Agulhas continua com as suas aulas, agora à distância, contemplando a iniciação para quem quer agarrar a técnica base. Custa 125 euros, com material incluído, ensinando a montar malhas, a tricotar em liga ou meia e interpretar receitas. De resto, mesmo com o distanciamento que se impõe, há sempre a avó, a tia ou uma amiga pronta a passar umas dicas e a dar orientações.