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Bonzinhos por fora, maldosos por dentro: como detetar um passivo-agressivo?

Parecem bonzinhos, não fazem nada por mal, quando não corre bem não sabem de nada. Não elogiam e, por vezes, recorrem ao insulto disfarçado de boas intenções.
Os passivo-agressivos boicotam o trabalho dos outros. Ou esquecem-se deliberadamente de enviar um email para um colega sobre uma reunião importante, ou dizem que fazem determinada tarefa e deliberadamente não cumprem.
Dizem uma coisa e fazem outra. Esta é uma característica dos passivo-agressivos. Não exteriorizam a sua agressividade ao chamar nomes, partir coisas ou bater na mesa, quando alguma coisa corre mal. A aparente passividade acaba por ser usada de forma agressiva.
É comum fazerem-se de vítimas. Se não correu bem, a culpa não é deles. Ou não perceberam o que era para fazer, ou tentaram e não conseguiram. Há sempre desculpas para as falhas.
Os passivo-agressivos podem procurar ajuda psicoterapêutica para tentarem melhorar esse traço da personalidade. Os amigos devem confrontá-los diretamente, chamando a atenção, alertando que não podem sistematicamente dizer uma coisa e fazer o contrário.

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São muito bonzinhos, não fazem nada por mal, dizem coisas que magoam, mas sem querer. Por fora muito tranquilos, por dentro constroem estratégias para boicotar trabalhos de equipa. Dizem uma coisa e fazem outra. Os passivo-agressivos andam aí. Aprenda a reconhecê-los.

Aquela mãe que diz à filha para sair à noite, para se divertir, para aproveitar a juventude, mas não sem fazer notar que não vai dormir enquanto ela não chegar, que se mata a trabalhar e que o dia seguinte vai ser horrível. E insiste que a filha saia.

Aquele colega de trabalho que não confronta ninguém diretamente e que na hora de comunicar uma reunião importante não inclui propositadamente alguns nomes na lista de e-mail. E depois faz cara de inocente quando é confrontado com o “esquecimento”.

Aquele amigo, normalmente pontual, que nunca chega a tempo quando é você a escolher o filme, o restaurante ou o bar para uma noite divertida.

Ser passivo agressivo não é uma patologia, é um traço de caráter, um modo de funcionamento da personalidade.

São os passivo-agressivos. Bonzinhos por fora, não fazem nada por mal, se não corre bem é porque não perceberam. Maldosos por dentro na versão de vítimas.

Não é uma doença, é um traço da personalidade. «Não é uma patologia, é um modo de funcionamento», explica a psiquiatra Ana Matos Pires, diretora do serviço de Psiquiatria da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, em Beja, e professora na Universidade do Algarve. É uma agressividade paradoxal, dissimulada, rasteira.

Os passivo-agressivos não gritam, não batem, não partem coisas para exteriorizar a sua fúria e angústia quando alguma coisa corre bastante mal. «Têm uma postura motora de aparente passividade, mas usam essa passividade de uma forma agressiva. É uma agressividade plástica», refere a psiquiatra.

Há comportamentos que saltam à vista
– Vitimização
– Teimosia
– Ressentimento
– Azedume
– Falhas deliberadas e repetidas para atrasar ou impedir pedidos ou tarefas.

Os passivo-agressivos não dizem que não fazem uma determinada tarefa quando estão à mesa das reuniões, só que depois não mandam fazer, não fazem e colocam em causa compromissos assumidos. É também habitual deixarem as coisas pela metade, está quase, quase, só que o trabalho nunca aparece pronto.

Não é fácil detetá-los, mas há formas de lidar com os passivos-agressivos. A psiquiatra Ana Matos Pires aconselha o confronto. Chamar a atenção, falar sobre o assunto, explicar que não é possível sistematicamente dizer uma coisa e fazer outra.

O relógio é um fardo, os atrasos são deliberados e sem explicações compreensíveis, normalmente não elogiam e quando o fazem essa apreciação vem sempre acompanhada por uma frase desagradável que abala qualquer elogio. Alguns usam o insulto disfarçado, até parece que o que dizem é uma coisa boa, mas há sempre um «mas» que estraga a conversa. E o silêncio, por vezes, é uma estratégia, quando essa falta de comunicação pode ser vista como uma provocação.

Eles andam aí, por vezes, não é fácil detetá-los, mas há formas de lidar com eles. Se esse traço de personalidade for uma constante há acompanhamento psicoterapêutico para quem quer tentar melhorar. Ana Matos Pires aconselha o confronto. Chamar a atenção, falar sobre o assunto, explicar que não é possível continuar sistematicamente a dizer uma coisa e a fazer outra. E pode ser que as coisas mudem.