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A psicologia que nos ensina a ser felizes

Fotos: Shutterstock
EMOÇÕES POSITIVAS. Ser capaz de gerar emoções positivas é um dos ingredientes principais da felicidade. Sentir emoções positivas passa por aprender a identificar aquilo que é mais importante para cada um individualmente, mas também em «investir» em estados de espírito que, comprovadamente, fazem toda a gente sentir-se melhor: ser otimista, ter esperança, cultivar o perdão e a gratidão.
SIGNIFICADO. Ter um propósito e atribuir um significado à nossa vida é um ponto-chave para ser feliz. O significado é definido como o uso dos nossos pontos fortes ao serviço de algo maior do que nós próprios: pode ser a família, a comunidade, a religião, o país, o sistema de valores e crenças que defendemos. É quando estamos a trabalhar para algo que vai além dos nossos próprios interesses que nos sentimos mais recompensados.
RELAÇÕES. Somos animais sociais: são as pessoas, não os objetos, que nos trazem felicidade. Ter uma teia de relações saudáveis – pessoais, profissionais e sociais –, dar e receber afeto, sentir amor, experimentar a intimidade e interagir emocional e fisicamente com os outros é o que nos faz suportar melhor as dificuldades e nos amplifica as alegrias. Para ser feliz o isolamento e a solidão devem ser combatidos e as relações interpessoais fortalecidas.
ENVOLVIMENTO. Já todos tivemos momentos em que não sentimos o tempo a passar: estamos tão envolvidos no que estamos a fazer que uma hora parece cinco minutos. Mihály Csíkszentmihályi, um dos teóricos da psicologia positiva, chamou fluir (flow) a esta sensação de envolvimento profundo e sem esforço que surge quando adoramos o que estamos a fazer. E estes momentos são geradores de grande bem-estar. Resumindo: é essencial, tanto no trabalho como no lazer, descobrir quais são as tarefas que produzem estes momentos nos quais o tempo para fazê-los acontece mais vezes.
REALIZAÇÕES. Ter objetivos e metas na vida e trabalhar para os alcançar proporciona uma sensação de realização e orgulho pessoal que são muito positivos para o nosso bem-estar subjetivo. Estas metas devem estar alinhadas com os nossos objetivos de vida e os nossos pontos fortes e ser desafiantes, mas realistas. Não é apenas alcançá-las que traz felicidade, mas antes o caminho que nos move até elas e o sentido de autoestima que produzem.

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Hoje comemora-se o Dia Internacional da Felicidade, um reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) à importância da felicidade na vida de todos. A psicologia positiva fornece as pistas acerca de como podemos ser mais felizes.

Duas décadas de estudos e revisões sistemáticas da literatura no campo da psicologia positiva já produziram conhecimento em quantidade suficiente para ser possível avançar com conclusões acerca do que, geralmente, nos faz felizes.

Mas um estudo que data de 1978, muito antes do conceito de psicologia positiva existir, fornece uma das mais interessantes e surpreendentes pistas acerca da felicidade.

Os investigadores Philip Brickman, Dan Coates e Ronnie Janoff-Bulman fizeram uma comparação improvável entre dois grupos distintos: pessoas que tinham ganhado a lotaria há cerca de um ano e pessoas que tinham ficado paraplégicas na sequência de um acidente há cerca de um ano.

Concluíram que os níveis de satisfação com a vida de uns e outros eram idênticos – na verdade, os paraplégicos ficaram à frente, embora não de forma significativa.

Garantidas as necessidades básicas, as circunstâncias de vida têm pouco peso nos níveis de felicidade

Ninguém duvida que uma destas realidades é objetivamente melhor e mais desejada do que a outra, mas o que o estudo mostra é que, apesar de nos meses que se seguiram aos eventos os paraplégicos sofrerem uma queda acentuada dos seus níveis de satisfação com a vida e os milionários um aumento exponencial, um ano depois os níveis de felicidade de uns e outros são idênticos.

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Quer isso dizer, por mais contraintuitivo que pareça, que garantidas as necessidades básicas, as circunstâncias de vida têm pouco peso nos níveis de felicidade.

O que pesa então? A componente genética não é de desprezar, mas a chave são os nossos comportamentos, pensamentos e atitudes intencionais: a felicidade não se encontra, cria-se todos os dias. Martin Seligman, um dos pais da psicologia positiva (ver caixa) defende que são cinco os principais pilares da felicidade que sistematizou no modelo PERMA:

  • Positive emotions (emoções positivas)
  • Engagement (envolvimento)
  • Relationship (relações)
  • Meaning (significado ou propósito)
  • Accomplishment (realização)

O NASCIMENTO DA PSICOLOGIA POSITIVA

O ponto de partida do movimento denominado por Psicologia Positiva deu-se em 1998, quando Martin Seligman, durante a sua presidência da American Psychological Asso ciation, começou a chamar a atenção para esse assunto, perguntando qual o sentido de insistir em centrar a psicologia só no transtorno, na disfuncionalidade, na doença e nos estados patológicos.

Durante décadas esse foi o foco e ganhou-se muito com isso: aprendeu-se mais sobre a patologia mental e encontrou-se forma de tratar muitas desordens. Mas a disciplina esqueceu-se de duas coisas: tentar melhorar a vida daqueles que vivem vidas normais – porque a ausência de patologia não significa uma vida feliz – e estudar aqueles que, apesar das circunstâncias adversas, eram felizes.

Foi este novo olhar que a disciplina inaugurou e este tem sido o seu foco desde então.