Publicidade Continue a leitura a seguir

Relações abertas: quando, como e porquê

Há vários motivos para consentir uma relação aberta. Uma doença que retira desejo sexual a um dos elementos do casal, fétiches e outros prazeres, a vontade de fugir à rotina e à monotonia.
Por vezes, não é uma questão de satisfação sexual, é uma questão de estímulos. Um ou os dois membros do casal querem novas experiências, outras sensações.
Há uma fronteira perigosa nas relações abertas. É preciso saber lidar com a situação. Colocar as cartas em cima da mesa, conversar, decidir, para que a relação não venha a sofrer a médio prazo.
Sinceridade e honestidade são fundamentais. As relações abertas exigem transparência, exigem acordo, exigem que nada seja feito às escuras, às escondidas. Ou então não há relação que resista a esta falta de confiança.
Pode tudo resumir-se ao sexo. Ou talvez não. Há elementos nos casais para quem o sexo não é importante, quem valorize outros valores como o amor e a amizade. Se a balança estiver desequilibrada, e um dos elementos não abdicar da vida sexual, então é hora de colocar os pontos nos «is».
As relações abertas abalam conceitos firmes na nossa sociedade, como monogamia e fidelidade. Mas esses valores podem não ter o mesmo significado e a mesma importância para toda a gente.

Publicidade Continue a leitura a seguir

As relações abertas, consentidas em casal, chocam de frente com o modelo social, abanam os conceitos de fidelidade e monogamia. Mas bastam dois "sins" e ninguém tem nada a ver com isso.

Uma relação aberta não significa necessariamente o fim de uma relação em casal e pode até ser o início de uma nova etapa de vida. Fidelidade pode não ter o mesmo significado para toda a gente e há situações em que o casal muda de perspetivas. Um perde o desejo sexual, o outro quer manter uma vida sexual ativa sem deixar de amar a pessoa com quem vive. E aí consente-se o sexo fora da relação. O que nem sempre é fácil.

“Se há consentimento de ambos os parceiros, nada a objetar”, diz o psiquiatra e sexólogo Júlio Machado Vaz. “É evidente que há casos em que depois de um consentimento teórico, para satisfazer a fantasia erótica do (a) parceiro(a), consciente ou inconscientemente surgem dificuldades no lidar com a situação. Se isso acontecer, mais vale discutir a questão de imediato, sob risco de a médio prazo a relação sofrer com isso”, acrescenta.

“Se há consentimento de ambos os parceiros, nada a objetar”
Júlio Machado Vaz
psiquiatra e sexólogo

Há casos em que uma doença ou problemas de saúde interferem no desejo sexual, a líbido deixa de funcionar, e o outro parceiro quer manter uma vida sexual ativa. Conversa-se e, se for possível, estabelece-se um pacto, um acordo consentido de relações sexuais fora do casal. Uma decisão que faz cair por terra o conceito de monogamia enraizado na nossa sociedade. Mas, seja como for, a decisão é tomada em casal e nessa intimidade mais ninguém manda.

Há outros motivos que explicam relações abertas. Um casal com uma vida sexual satisfatória e um dos membros quer experimentar outras sensações que fujam da monotonia e da rotina, e o outro não está para aí virado. Não é uma questão de satisfação, é uma questão de estímulos. Podem ser estranhos fetiches ou desejos obscuros. Se há acordo, não há problema.

Fugir da rotina e monotonia sexual pode ser uma razão para conversar e consentir uma relação aberta

Há situações em que o sexo pode não ser a chave de um relacionamento. O casal valoriza mais a partilha de valores e de interesses, gostam, acima de tudo, de ser os melhores amigos. O sexo não é o mais importante para se sentirem plenos ou realizados.

Se, no entanto, um dos elementos quer manter essa relação romântica, mas ter relações sexuais fora da relação, o melhor é colocar as cartas em cima da mesa. Até porque aí pode haver culpa e frustração de um dos parceiros por não satisfazer sexualmente o outro.

A monogamia é aceite como norma, a poligamia é olhada com desconfiança. Em todos os casos, ser sincero e honesto ajuda a decidir a vida e a não ficar enrolado numa relação que até pode reanimar, desde que nada seja feito às escondidas. E já se sabe que estas decisões não são fáceis tendo em conta o nosso modelo de relação social.