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Congelar alimentos é um assunto sério

Há, naturalmente, fatores a ter em conta neste processo (Ilustração: MG/NotíciasMagazine)

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É um método conveniente e acessível para conservar produtos e tê-los sempre à mão. Há, no entanto, regras a cumprir e erros a evitar.

Congelar ou não congelar? Em que embalagens? Durante quanto tempo? Como é com a carne e como é com o peixe? E com os legumes e as frutas? A qualidade nutricional mantém-se intacta? Parece simples, mas há matérias a saber na arte de usar o congelador. E é preciso também respeitar recomendações, nomeadamente no uso de recipientes adequados à congelação e armazenamento de acordo com a capacidade do aparelho.

Há benefícios em congelar alimentos? Alexandra Bento, presidente da Ordem dos Nutricionistas, diz que sim. “Desde logo, permite uma conservação mais prolongada dos alimentos, aumentando a quantidade disponível para a alimentação.” Mas não só. “A congelação inibe o desenvolvimento microbiano e a atividade enzimática, com consequente diminuição da degradação dos alimentos”, refere. É, no fundo, um método simples, conveniente, e acessível para conservar produtos saudáveis de todos os grupos da Roda dos Alimentos, incluindo leguminosas, frutas e hortícolas. “As características nutricionais dos alimentos são genericamente mantidas, desde que sejam congelados o mais frescos possível.”

Há, naturalmente, fatores a ter em conta neste processo. A referida frescura do alimento antes de ir para o frio, a congelação propriamente dita, e a descongelação, são importantes. A tecnologia pula e avança e há técnicas eficientes para preservar a qualidade dos alimentos e as suas propriedades. Em todo o caso, há cuidados a ter. Na carne, é preciso retirar a pele, sempre que possível, os ossos e a gordura visível. No peixe, escamar, retirar as vísceras, limpar e lavar. Os produtos hortícolas têm de ser bem lavados, cortados, sem as partes não comestíveis. “De modo a inativar as enzimas, reduzir os microrganismos e manter a cor, é aconselhável fazer a sua imersão em água a ferver, por um curto período, e de seguida passá-los por água fria. No final deste procedimento, retirar a humidade e posteriormente acondicionar corretamente nas porções necessárias”, sugere Alexandra Bento. Tudo em embalagens identificadas, próprias para congelação, e com data. Recipientes próprios, hermeticamente fechados, que podem ser de vidro temperado ou de plástico.

Cátia Miranda, nutricionista, explica que congelar alimentos ajuda a ter escolhas saudáveis e conscientes quando faltam alimentos frescos. “Contudo, sabemos que há uma perda nutricional de alguns micronutrientes, pelo que devemos minimizar esta situação fazendo uma boa congelação dos alimentos saudáveis.” O embalamento é, portanto, importante porque aumenta a vida útil dos alimentos e preserva as características nutricionais e propriedade organoléticas.

Frutas que mudam de cor

Há alimentos que não devem ser congelados como, por exemplo, os vegetais que são para consumir crus, como o tomate ou o pepino. “O mesmo se aplica às folhas que serão consumidas em forma de salada crua. As exceções são aqueles vegetais que serão utilizados como temperos de pratos quentes, como salsa, cebolinho e coentros, que podem ser congelados”, adianta Cátia Miranda.

As frutas que reagem mal ao congelamento são, principalmente, as que têm alto teor de água, como é o caso da melancia, melão, mamão. O seu sabor modifica bastante quando descongelam. Há frutas mais sensíveis e a sua cor é alterada quando expostas a baixas temperaturas. É o que acontece com a banana e a pera, que escurecem rapidamente quando descongeladas. “A solução é congelá-las cozidas e utilizar depois como substituto de um doce.”

Segundo Cátia Miranda, o leite, por conter bastante água na sua composição, congela de forma irregular, ou seja, cada parte congela num tempo diferente. “Esse facto é um fator negativo para quem quer consumir o leite na sua forma líquida, depois de descongelado”, faz notar. Se o objetivo for usar o leite em alguma preparação, essa questão não se coloca. O leite deve descongelar de forma natural, dentro do frigorífico, aproximadamente 24 horas.

Natas e iogurtes também não devem ser congelados pelo mesmo motivo do leite. “Os ingredientes tendem a separar-se, cada um é congelado em determinada temperatura. Ao serem descongelados, essa característica dá ao produto uma aparência talhada. Com a maionese o processo é o mesmo que ocorre com o leite, natas e iogurte”, salienta.

Ovos crus não devem ser congelados inteiros, já que o líquido se expande e a casca quebra. O melhor é separar as claras das gemas, bater as gemas com uma pequena pitada de sal ou açúcar de coco e congelar as duas separadamente. “Os queijos não devem ser congelados pois perdem a sua textura e sabor. Se o queijo for de um tipo mais duro, ao ser descongelado, perderá em textura, pois ele ficará desfeito”, alerta Cátia Miranda.

Na compra de alimentos já congelados, é preciso ter em conta a integridade das embalagens, prazo de validade e o interior. Cátia Miranda avisa que é de evitar a compra de produtos em fase de descongelação e com a presença de cristais de gelo.

E durante quanto tempo os alimentos podem ficar no congelador? Não há uma resposta única para todos os alimentos, frisa Alexandra Bento. De três a 12 meses, não mais do que isso. Com uma temperatura de congelação de -18 °C, a carne de bovino, frutas e hortícolas aguentam entre seis meses e um ano. Porco e borrego, aves, peixes e mariscos de três a seis meses. As leguminosas seis meses e o pão e pastelaria três meses. Os alimentos e as refeições que já foram descongelados não podem voltar ao congelador. E o processo de congelar carne e peixe é semelhante.

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