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Enurese: o seu filho ainda faz xixi na cama? Saiba como lidar com isso

CAUSAS. Espera-se que as crianças não façam xixi na cama a partir dos 5 anos e, regra geral, apenas se considera o tratamento médico quando já têm mais de 7. Para o diagnóstico, há que ter em conta fatores hereditários fisiológicos (como o facto de haver outros casos de enurese na família – acontece em 70 por cento dos casos) e descartar fatores fisiológicos como infeções urinárias ou malformações diversas. Também os rapazes tendem a demorar mais a controlar os esfíncteres.
HÁBITOS. Se os atuais já não funcionam, adote novos hábitos urinários para garantir que a criança se deita de bexiga vazia. O ideal é ela fazer xixi pelo menos cinco a seis vezes por dia, uma das quais – obrigatória – imediatamente antes de ir para a cama. Mesmo que diga que não tem vontade.
EXERCÍCIO. Ensine a criança a reter a urina em cada micção, sem ir logo a correr para a casa de banho, de modo a fortalecer os músculos pélvicos. Aos poucos aprenderá a controlar os esfíncteres vesicais.
ÁGUA. É muito bom a criança bebê-la durante o dia, no entanto convém moderar as quantidades cerca de três horas antes de se deitar.
CONFORTO. Use um resguardo na cama, uma proteção adicional e, até a criança se sentir confortável, nada contraindica o uso de fraldas ou cuecas absorventes. Leve uma muda de roupa para a escola e fale com professores ou auxiliares para poderem ajudar com discrição. Diminuir a ansiedade em torno da enurese é essencial – o tempo ajudará.
MOTIVAÇÃO. Crie um quadro semanal e use uma simbologia engraçada para assinalar os dias em que a criança molhou a cama (pode ser o desenho de um aguaceiro) ou passou a noite sem xixi (um sol). Ver essa evolução dá-lhe confiança e permite aos pais irem fazerem o ponto da situação dia a dia.
DIETA. Sabendo-se que tudo o que comemos influencia o funcionamento do organismo em geral, os especialistas em desenvolvimento infantil desaconselham as crianças a consumir sumos, cafeína, chocolate, bebidas com gás, tomate e outros alimentos altamente diuréticos a partir do meio da tarde.
TRATAMENTO. Inclui diversas abordagens comportamentais, farmacológicas, acupuntura, uso de alarmes, programas de treino e técnicas de psicoterapia. Os medicamentos mais utilizados são a desmopressina e antidepressivos tricíclicos, embora quase nunca em crianças com menos de 6 anos.

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Aos 6 anos, acabado de entrar no segundo ano e a sentir-se tão crescido em tantos aspetos, Gabriel não percebe porque é que aquilo lhe acontece todas as noites. Claro que bebe muita água: jogar à bola faz sede. E sempre um ou dois sumos de laranja ao jantar: a mãe faz os melhores do universo. Os pais falam em enurese e ele sabe que tem a ver com o xixi na cama, que muito o envergonha. Se ao menos conseguisse ficar acordado para não o deixar sair…

“A enurese é a incapacidade de controlar voluntariamente o esfíncter urinário, levando a criança a sofrer perdas de urina em contextos que podem ser constrangedores”, explica Teresa Andrade, psicóloga clínica e investigadora em pedagogia. As causas mais comuns? Reduzida capacidade funcional da bexiga durante a noite e aumento da produção de urina (poliúria noturna). Tudo palavrões que podem ocorrer em simultâneo para entornar ainda mais o caldo.

“Este é um problema que não pode ser desvalorizado porque as crianças sentem vergonha e baixa autoestima. Têm muito medo de ser gozadas ou excluídas de atividades sociais”, alerta Teresa Andrade, sublinhando aquilo que os pais nunca devem fazer: “Não podem ridicularizar os filhos, chamar-lhes “bebés” ou “porcos”, diminuí-los em frente de terceiros. Também não podem falar constantemente no assunto ou compará-los negativamente com outros miúdos que não sofram do mesmo problema.”

Se a criança nunca chegou a ter controlo esfincteriano autónomo, a enurese é chamada de primária. Enurese secundária é quando já o teve e voltou a perdê-lo, nomeadamente por razões emocionais.

Estima-se que em Portugal existam cerca de 80 mil crianças com enurese, sendo a primária a disfunção física com maior incidência na infância a seguir às manifestações alérgicas.

“Essencialmente, a criança sente estar a fazer algo de errado que não consegue controlar, o que aumenta ainda mais a sua ansiedade e a possibilidade de continuar a sofrer dos mesmos problemas”, diz a psicóloga clínica. A enurese noturna afeta-lhe a qualidade de vida e a autoestima, pelo que valorizá-la por cada noite seca é fundamental.

Isso, e diminuir a ansiedade em torno do tema, algo que os pais podem fazer recorrendo às dicas simples que lhe deixamos na nossa fotogaleria.