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Selfies: um guia para sair bem no retrato

FAZER PARECER NATURAL O QUE NÃO É - Ponha de lado o biquinho (duck face na foto), a sobrancelha levantada, o ar enjoado ou pensativo, o ar de quem foi apanhado de surpresa. Soa a falso – porque é. Se quer ficar sério, fique sério, se quer ficar a sorrir, sorria. Só isso.
UMA QUESTÃO DE DISTÂNCIAS - Acha que fica sempre com a testa ou nariz demasiado grande, mais gordo ou com o rosto com uma proporção estranha? É porque fica mesmo. A distância entre a câmara e a cara e a distância focal têm o poder de distorcer as feições. Nas selfies, a principal causa de distorção é ter a lente demasiado perto do rosto, por isso estique mais o braço ou arranje um selfie stick.
O ENQUADRAMENTO - Tirar a foto completamente de frente, com a máquina ou o telemóvel alinhados com o rosto – tanto vertical como horizontalmente –, costuma resultar mal a curta distância porque as linhas do rosto desaparecem – as maçãs do rosto, por exemplo, são menos notórias. O ideal é a cara estar ligeiramente virada para a esquerda ou para a direita. Para decidir para que lado é melhor voltar a cara, só conhecendo o seu rosto e experimentando: quase todos nós temos um lado mais fotogénico. A câmara também deve estar um pouco – apenas um pouco, não exagere – mais alta do que a linha do nariz, mais uma vez para criar perspetiva e tornar mais percetíveis os ângulos do rosto. Se o cenário for bonito mostre ­o, caso contrário, um fundo liso (uma parede, por exemplo) costuma resultar melhor.
FILTROS SIM, MAS COM CONTA, PESO E MEDIDA - Se o objetivo não é fazer um autorretrato cómico, use os filtros com conta, peso e medida. Já todos nós vimos selfies que nos fazem sentir vergonha alheia: os populares filtros de aumento de olhos e estreitamento do rosto, por exemplo, quando aplicados em excesso, não fazem ninguém mais bonito, apenas parecido com um extraterrestre.
A ILUMINAÇÃO - A luz natural é sempre preferível à artificial e o flash não costuma resultar bem em selfies porque acentua o brilho da pele. Mas seja a luz natural ou artificial, tenha atenção às sombras no rosto. Sabendo jogar com o contraste luz/sombra pode fazer­­se numa foto artística bonita, mas caso contrário coloque ­se completamente ao sol ou completamente fora dele para evitar manchas estranhas na cara.

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Texto de Sofia Teixeira | Fotografia de Shutterstock

A autorrepresentação é tão velha como os espelhos. Ainda a fotografia não tinha sido inventada, já se faziam autorretratos: as crianças sempre se desenharam a si próprias, os pintores e escultores sempre pintaram e moldaram o seu próprio rosto.

E desde os primórdios da fotografia que os fotógrafos se retrataram a eles próprios usando botões de disparo à distância e tripé, espelhos e vidros, ou simplesmente afastando os braços e rodando a lente na sua direção. Fazendo selfies, portanto.

Os outros acham sempre que estamos bem ou estamos normais, nós achamos sempre que estamos mal. Que fenómeno é este?

Quase toda a gente adora tirar fotografias, mas quase ninguém se acha fotogénico. Parece que ficamos sempre pior do que somos na realidade. E se estivermos a falar de selfies, isso é especialmente notório: são necessárias dezenas de fotos antes de conseguirmos escolher uma para guardar ou publicar.

«Esta não, estou com papada», «Esta não, a boca está esquisita», «Esta não, fiquei com cara de parva». Esporadicamente as nossas queixas não são rebatidas pelos outros (ou seja, ficámos mesmo com cara de parvos), mas a maioria das vezes são. Os outros acham sempre que estamos bem ou estamos normais, nós achamos sempre que estamos mal. Que fenómeno é este?

Imagem invertida, é o que é. Estamos habituados a ver o nosso rosto ao espelho e o espelho reflete a imagem horizontalmente. Quando tiramos uma fotografia, vemo‑nos como os outros nos veem, sem essa inversão. Por isso onde os outros veem o costume, nós vemos, literalmente, a cara ao contrário: o que costumamos ver à direita passa a estar à esquerda e vice‑versa.

Como explicam vários fotógrafos e especialistas em imagem, isto produz‑nos uma sensação estranha. Como o nosso rosto não é simétrico – há sempre um olho ligeiramente maior, uma sobrancelha mais pontiaguda, sinais de um dos lados do rosto que o outro não tem –, quando olhamos para nós pelos olhos dos outros não nos reconhecemos ali.

Esta é parte da história, a outra, que diz respeito às selfies, tem que ver com as nossas fracas noções de iluminação, enquadramento e composição. Para ajudar nessa parte, aqui ficam as regras básicas a ter a conta.

A TÉCNICA DO SQUINCH

O fotógrafo Peter Hurley batizou a técnica, em 2013, e garante que é meio caminho andado para ficar bem nas fotografias: o squinch. Quando tiramos fotografias, a tendência é abrir bastante os olhos, explica, mas isso só nos faz ficar com um ar assustado. O fotógrafo e vlogger garante que o squinch, que passa por apertar levemente os olhos – atenção, levemente, a ideia não é ficar de olhos fechados –, faz passar uma atitude de autoconfiança e torna­nos a todos mais fotogénicos.