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Angola: fingir-se de morto é a nova onda de protesto contra o governo

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Quando, a 18 de janeiro, o recém-eleito presidente de Angola, João Lourenço, viu aprovado o orçamento de estado por 144 votos a favor e 56 abstenções, há de ter ficado satisfeito com tamanho consenso. Em Luanda, no entanto, a reação foi bem mais fria.

A chuva que caía na capital angolana provocava dezenas de desalojados e acabaria por fazer 10 mortos, entre os quais uma criança. «Na sequência disso arrancou uma campanha de repúdio pela falta de políticas públicas para minorizar os problemas da população», escrevia dias depois a agência de notícias Deutsche Welle. «E tornou-se viral nas redes sociais.»

São fotografias de simulações de morte, partilhadas no facebook e no instagram com o hashtag #acabademematar. No início os rostos estavam tapados por blocos de cimento, depois houve quem começasse a enfiar a cabeça na areia, no lixo, dentro de água. Agora também há quem dê a cara ao seu manifesto.

O protesto que começou com as cheias alargou-se. Há quem se cubra de armas para criticar a violência, de livros para exigir melhor educação, de jornais em nome da liberdade de imprensa. José Kaliengue, diretor do jornal angolano O País, escreveu um editorial a elogiar a criatividade do protesto e a compará-lo com o maio de 68. «Não, não são doidos. É preciso ouvi-los.»

Algumas das imagens que pode ver na fotogaleria acima podem ser chocantes.