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Anselmo Borges: «O inferno afinal não existe»

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Texto de Alexandra Tavares Teles | Fotografia de Leonel de Castro/Global Imagens

Teológo, filósofo, professor universitário, cronista, autor, e crítico reconhecido de alguns aspetos da doutrina oficial católica, Anselmo Borges foi desde cedo abalado pelas perguntas fundadoras. Quem somos? De onde vimos? Para onde vamos? O sonho do jovem padre nascido em Resende (Viseu), hoje com 73 anos, «era ajudar as pessoas a encontrar o sentido último da vida, revelado em Jesus Cristo».

«A bondade sozinha não abre horizontes novos nem ilumina caminhos e a razão sozinha pode tornar‑se cruel e fazer um sem-número de vítimas.»

Desse rapaz permanecem inalterados «o trabalho, o esforço, a irrequietude na busca da verdade, num pensar aberto e crítico». O percurso foi polémico e o processo exigente, iniciado aos 25 anos com a primeira crise e uma acusação de heresia e resolvido aos 50 depois de um ajuste de contas consigo próprio. Pelo meio, confirmou que o inferno, afinal, não existe. A descoberta «foi uma libertação».

Professor da Universidade de Coimbra, encontra no ensino motivo de orgulho. Confessa a tentação da intolerância «com ignorantes culpados que ocupam lugares de mando na Igreja» e admira os que não cedem ao infortúnio «com ânimo e sem queixumes».

O Novo Testamento escreve que Deus é Logos («Razão») e Agápe («Amor incondicional»). Para Anselmo Borges o desafio maior está em saber entrecruzar os dois princípios. «A bondade sozinha não abre horizontes novos nem ilumina caminhos e a razão sozinha pode tornar‑se cruel e fazer um sem-número de vítimas.»

UMA VIDA EM NÚMEROS

1 – UNO
«Um só Deus, uma só terra, uma só Humanidade»

7 – FAMÍLIA
Os pais e os cinco irmãos

1967 – VOCAÇÃO
Ordenado padre e enviado para Roma, a respirar os tempos do Concilio Vaticano II.

1982 – DOR
Morte do pai. O primeiro confronto com a morte na sua proximidade

3 – FÉ
Santíssima Trindade