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Família é família, não é?

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Texto e fotografias de Sara Dias Oliveira

Família é família. E ponto final. Sangue do mesmo sangue. Porto de abrigo. Suporte emocional. Nas alegrias e nas tristezas, aqui, ali, até ao fim do mundo. Confidências, desabafos, braços estendidos, conselhos, elogios, ralhetes. Lágrimas e risos. Família é amor. Incondicional. Para sempre. Faça chuva, faça sol. Foi o que nos disseram aqueles que apanhámos nas ruas do Porto.

«Família é sobrevivência»

Catarina, 21 anos, e Pedro, 28 anos, são pais de Ema Lua de oito meses. São uma família que resiste às cambalhotas que a vida tem dado, que luta todos os dias para esticar o dinheiro que chega de um emprego em part-time num call center. Não tem sido fácil.

«Família é sobrevivência», diz Pedro. «É união», acrescenta Catarina. Família é também, nas suas cabeças, um conceito alargado onde cabe mais gente que não mora debaixo do mesmo teto, quem estende a mão sem pedir nada em troca. «Temos de estar todos unidos e há quem não seja da nossa família que acaba por ser porque nos ajuda.»

E ajuda, comenta Catarina, vem de vários lados para encarar o futuro com otimismo e uma filha nos braços.

«Família é alicerce»

A angolana Giza Tomás, 43 anos, tem família espalhada por vários países. Portugal, Angola, África do Sul. Longe geograficamente, sempre dentro do coração.

«Família é família. É a base, o alicerce. É o bem mais precioso que Deus nos deu», comenta. Tem três filhas, a mais velha e o seu pai estão em Angola. Os imensos quilómetros que os separam não são capazes de os afastar. Há telefones e skype, há conversa quase todos os dias.

Giza é evangélica e amanhã, em mais uma sessão da igreja, irá falar de ética familiar. «Pediram-me para falar nesse tema, mas é muito confuso falar de ética hoje em dia.» Então porquê? «Antigamente, a família era bem estruturada, hoje está desestruturada. Pensa-se que a falta de dinheiro desestrutura uma família. Mas o amor e os afetos não estão no dinheiro», responde. Para Giza, a família é tudo. «E a base é o diálogo, a amizade, o respeito e a confiança.» E as novas famílias que se estruturam de forma menos convencional? «Não critico, mas não comento», diz.

«Família é transmissão entre povos»

Mário Vieira, reformado, 67 anos, tem cinco filhos e sete netos. «A família é uma transmissão entre povos, a família vai até ao infinito», diz. E é uma alegria quando todos se juntam.

Em tempos que já lá vão, a casa do seu avô era «uma casa cheia.» «Éramos para aí 60, 70 pessoas, a cozinha era muito grande e, mesmo assim, era complicado meter toda a gente lá», recorda.

As famílias emagreceram entretanto, já não têm tanta gente, nem precisam de cozinhas enormes. «E já não há condições para juntar toda a gente», desabafa. «A família é tudo.»

«Família é bem-estar»

«Família é bem-estar, é o amor, é a amizade, é tudo», diz, num fôlego António Vieira, 65 anos, reformado. Tem um filho de 39 anos que vive consigo.

Gosta do convívio familiar, mesmo com pouca gente. As modernices fazem-lhe franzir o sobrolho, as modernas composições familiares causam-lhe uma certa estranheza. «O que está, está muito bem como está.»

«Família é porto de abrigo»

«Família? A família é a coisa mais importante do mundo.» Marta Helena tem 18 anos, quer ser esteticista, anda a estudar para isso, e dá muito valor a quem tem em casa.

«Somos muito unidos», garante. É muito ligada à irmã. A família é um suporte, um porto de abrigo, um ombro sempre ao dispor, incansável, que sossega a alma.

«A família ainda é o que era.» Não há nada, na sua perspetiva, mesmo nada que abale a tradição da família ser o bem mais precioso que temos. E que dura para sempre.