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Marilyn: complexa, vulnerável, extraordinária

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Os 60 anos da morte de Marilyn Monroe, ocorrida a 4 de agosto de 1962 em Los Angeles, vêm sendo assinalados nos ecrãs. A 28 de setembro estreia, via Netflix, “Blonde”, baseado no livro homónimo de Joyce Carol Oates, com Ana de Armas no papel titular. Na mesma plataforma já se vê “O mistério Marilyn Monroe: Gravações inéditas”, documentário de Emma Cooper que vive de um trunfo notável: as 650 entrevistas com gente profissional e/ou pessoalmente próximas de Marilyn, registadas em cassete pelo jornalista de investigação irlandês Anthony Summers a partir de 1982, ano em se reabriu o processo relativo às causas do falecimento da protagonista de “Quanto mais quente melhor”. As fitas são os alicerces do livro de Summers “Goddess, the secret lives of Marilyn Monroe”, de 85. No filme, o som original é complementado por encenações de atores, o que causa um certo e desnecessário ruído.

A narrativa de “O mistério…” começa em 1946, quando a ainda Norma Jean Mortenson tenta o seu caminho numa Hollywood em que o domínio masculino e a exploração sexual de candidatas a atriz são dados adquiridos. Das fitas magnéticas emergem vozes como as do cineasta John Houston, que a achava extraordinária, genuína; ou a atriz Jane Russell, sublinhando a ânsia de Marilyn Monroe pela aprendizagem da representação e pelo controlo da carreira. Uma Marilyn complexa, vulnerável, mente inquisitiva e um à-vontade invulgar com o corpo. Passa-se pelos abusos sofridos em criança, os casamentos conturbados com Joe DiMaggio e Arthur Miller, o desejo não consumado de ter filhos, a espiral de abuso de medicamentos. E aborda-se, em especial, a relação com John e Robert Kennedy que a tornou alvo e fonte de suspeita de mafiosos e FBI.