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Shoevenir. Sapatilhas que são lembranças

Gonçalo Marques e Miguel Lopes são amigos de infância e responsáveis pela marca Shoevenir

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Dois amigos formaram uma startup de calçado com uma coleção inspirada em cidades e lugares. As palmilhas são ilustradas, os materiais sustentáveis, os modelos exclusivos. São postais nos pés.

As memórias podem ser perpetuadas num pedaço recortado com a forma dos pés? Claro que podem. Gonçalo Marques, formado em Gestão, e Miguel Lopes, licenciado em Design, amigos de infância, da Póvoa de Varzim, acreditam que viagens, arte e sustentabilidade funcionam bem em conjunto. A partir de uma startup incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, mostram que é possível contar histórias nos pés com a Shoevenir, sapatilhas que retratam cinco lugares: Porto, Lisboa, Madeira, Açores e Algarve. Qual a lembrança ideal de uma viagem? A pergunta foi o ponto de partida.

As ilustrações, feitas por artistas, condensam as cidades e regiões nas palmilhas. O Porto tem pontes, ruas estreitas, vinho; Lisboa calçada portuguesa, pastel de nata, elétricos, e a Madeira carros de cestos e casas triangulares. Os Açores têm lagoas e vacas, o Algarve sol e praia. E outras coisas que fazem os lugares ainda mais bonitos. Nas etiquetas, está o nome dos lugares e as coordenadas. “A ideia é dar ao turista um produto que nunca viu”, refere Gonçalo Marques. “É muito mais do que uma sapatilha, é uma sapatilha que reúne toda a magia de um lugar.”

São sapatilhas unissexo, do 36 ao 46, produzidas em Portugal, feitas com materiais amigos do ambiente, cortiça reciclada, pele sintética, sola 100% reciclável. “As ilustrações estão dentro da sapatilha para não competirem com o design”, explica Miguel Lopes. A coleção tem também um modelo totalmente branco, o Cloud, para quem quer personalizar as suas memórias ou simplesmente calçar um visual mais clean.

O processo de gestação foi demorado e nem a pandemia travou a vontade de dar corpo à Shoevenir. “A ideia gerou-se à volta da palavra que tinha muito potencial, a associação é automática. Demos vida à ideia e fomos afinando o conceito”, conta Gonçalo. “Não tínhamos conhecimento e ligação ao mundo do calçado, pegámos no carro e fomos a Felgueiras e a São João da Madeira tocar às campainhas – e isto não é uma história para ficar bonito, foi mesmo o que aconteceu”, garante Gonçalo. Ouviram muitos “nãos” nessa procura de fornecedores, continuaram, aprenderam, não desistiram. Entraram num programa, receberam uma bolsa, perceberam qual o caminho.

As sapatilhas acabam de ser colocadas à venda através de uma campanha de crowfunding. Os primeiros cem pares, em pré-reserva, custam 75 euros. Depois disso, cada modelo terá o preço de 119 euros. A aposta é, por enquanto, no comércio digital, nas redes sociais. E, por cada par vendido, a Shoevenir planta uma árvore para compensar a pegada carbónica da produção.

Experimentar espaços pop-ups, abrir uma loja própria, e ter modelos de cidades e lugares de outros países, até de eventos e festivais de música, fazem parte dos planos. “Gostaríamos de ser o Hard Rock das sapatilhas que criem uma ligação emocional com o utilizador”, atira Gonçalo.