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Porque não conseguimos parar de comer nas festas?

SOPA. É um conselho válido durante todo o ano e mais ainda nesta quadra de excessos: inicie a refeição com uma boa tigela quente de sopa, que aconchega e sacia ao mesmo tempo, evitando a fome desmesurada para o que se segue. Em alternativa, aposte numas espetadas de mozzarella com tomate-cereja e manjericão.
LEGUMES. Na hora de compor o prato principal, o truque é servir as couves e leguminosas em primeiro lugar, garantindo assim que vai deixar menos espaço livre para a proteína e as batatas. Se estiver um bocadinho cansado dos “verdes” tradicionais, invente uns da sua autoria, como por exemplo um salteado de brócolos e couve-flor com pouca gordura.
PURÉS. Outras alternativas de acompanhamento para quem está farto de batatas cozidas são os purés, que resultam bastante saudáveis, saborosos, pouco calóricos e fáceis de preparar. Receitas não faltam, desde o puré de grão até ao de quinoa com manjericão, passando pelo de couve-flor, batata-doce, brócolos com cogumelos e outros que queira testar.
LOUÇAS. O seu tamanho é das coisas em que menos pensamos e mais influenciam a forma como comemos, segundo a ciência, que nos diz que pratos (e copos) grandes transmitem a sensação visual de não estarem cheios, fazendo-nos ingerir maiores quantidades. Posto isto, prepare-se para tirar o serviço mais pequeno do armário e fazer um brilharete.
PEIXE. A quadra pede bacalhau e, sabendo-se que existem mil e uma maneiras de cozinhá-lo, o ideal é avisar já a família que este ano vai fazê-lo cozido ou grelhado com um fio de azeite e alho, em vez de bacalhau à Brás ou com natas, carregado de batatas fritas e molho béchamel. O mesmo para qualquer outro tipo de peixe que decida servir no réveillon. Ah, e não repita a dose. Por muito bem que o prato lhe esteja a saber.
AZEITE. Sim, é uma gordura saudável devido à sua composição em ácidos gordos. Sim, deve integrar uma dieta equilibrada. Porém, há que ter em conta que engorda como as outras gorduras, pelo que deve ser usado com moderação. Um fiozinho a temperar é muito diferente de se afogar as batatas e couves num charco de azeite no prato.
FRUTOS SECOS. Fazem parte da mesa das festas e são saudáveis desde que comidos moderadamente (como o azeite), então reserve-lhes um lugar no final da refeição: se ajudarem a controlar aquela vontade imperiosa de atacar a tigela dos sonhos e ainda lamber a calda de açúcar no fundo, já terão feito a diferença.
FRUTA. À vista dos doces, rematar a ceia com uma banana parece desenxabido, mas tudo depende do que levar para a mesa. Comece por escolher uma fruta diferente da da época – manga, papaia, ananás –, monte um belo prato – porque os olhos também comem – e considere acrescentar um fondue de chocolate negro para os mais gulosos.
DOCES. São incontornáveis, tentadores e muito calóricos, razão por que pode sempre recorrer à criatividade para aligeirar a sua mesa. Que tal se fizer o arroz-doce com leite magro e menos açúcar? Ou as rabanadas no forno, em vez de fritas? E reduzir as quantidades de gordura? Trocar as natas por iogurte? A farinha refinada por integral?
DENTES. Mais uma vez, é um conselho precioso que vale todo o ano e não só em período de festas: assim que terminar a refeição, escove os dentes. Os sabores mentolados usados na formulação das pastas enviam ao cérebro a informação de que nos estamos a alimentar, inibindo a vontade de continuar a comer. Já para não falar nos benefícios da higiene oral em si.

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É a época mais tentadora e excessiva do ano: repetimos que é só hoje, um dia não são dias, o ginásio resolve, e lá vão três figos com nozes e um sonho. Lanches para trocas de prendas com amigos pedem fatias de bolo-rei para aconchegar. Os jantares chegam aos dois de cada vez, como as cerejas.

“Acho que toca a todos. Os excessos começam lá para 15 de dezembro e vão muitas vezes até ao Dia de Reis, a 6 de janeiro”, resigna-se Sofia Domingos, designer gráfica. São semanas às voltas com as sobras, a jurar que fechamos a boca em breve, mas então já o estrago está feito. Afinal, porque é que não conseguimos parar de comer nesta quadra?

Segundo o neurocientista Daniel Glaser, diretor da Galeria de Ciência de Londres – um novo espaço da universidade King’s College London a cruzar arte e conhecimento científico –, chegamos a comer três vezes mais do que o habitual, incluindo doses cavalares de chocolate, queijo e peru. Só os ingleses aumentam em média 2,7 quilos neste período de festas por não conseguirem (e quem consegue?) resistir a mais um pouco de comida. Tudo porque o mecanismo do cérebro que nos faz sentir fome, desencadeado pelos níveis de sal e açúcar no sangue, não é o mesmo que nos faz parar de petiscar.

“Se continuássemos a comer até os índices de açúcar no sangue voltarem ao normal era provável explodirmos”, diz o neurocientista Daniel Glaser.

“Se continuássemos a comer até os índices de açúcar no sangue voltarem ao normal era provável explodirmos, já que os efeitos de uma refeição levam mais de meia hora a alcançar a corrente sanguínea”, explica Glaser ao jornal britânico The Guardian. Em vez disso, “o cérebro baseia-se na experiência anterior para prever quando devemos parar, fazendo-nos sentir cheios no ponto em que comemos o suficiente”.

Atenção, porém, que este sistema neurológico funciona melhor com umas pessoas do que com outras, ressalva o especialista. A genética pesa, a par de outros fatores que podem interferir com a sensação de saciedade como o álcool, a ansiedade, estarmos aborrecidos ou excitados. Na dúvida siga estas dez dicas que lhe deixamos na fotogaleria, muito úteis para enfrentar o Natal.