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André Neves: o poeta-músico no seu labirinto

André Neves dá palestras em escolas, partilha descobertas, conversa sobre vários temas, acredita que vale a pena trocar ideias com a nova geração. (Foto: Pedro Correia/Global Imagens)

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Começou cedo a desenhar e a escrever. De tudo um pouco. E o caminho parecia traçado. Estudou Artes Visuais na Escola Soares dos Reis, no Porto, passou pelo curso de Design Gráfico da ESAD – Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos, que não chegou a terminar. Apaixonou-se pelo hip-hop, fazia umas rimas e batidas, grafítis nas paredes do Porto e, entretanto, a música meteu-se ali pelo meio. E resiste ainda hoje. Estudou, trabalhou, fez música, fez tudo isso ao mesmo tempo. O hip-hop manteve-se de pedra e cal.

André Neves, Maze no meio artístico, 40 anos, do Porto, a viver em Lisboa, é um homem multifacetado. Os seus sonhos não são bem sonhos, são projetos que quer concretizar. Um livro com a compilação dos seus poemas é um deles. A palavra, sempre a palavra, como forma de expressão, como arma de intervenção. Sempre foi a sua maior matéria-prima. “A palavra tem um poder mágico, transformador, tem o poder de criar realidade”, explica.

“Percebi muito cedo que o que me dava mais prazer na vida era criar. A imaginação estava sempre na base do que gostava de fazer”, recorda. O grafíti, o hip-hop, o rap, a escrita, a palavra, as artes visuais. E os Dealema, a sua banda. Começou a tocar, a ter concertos, a gravar, a compor. Mergulhou de cabeça e, neste momento, está dedicado ao próximo trabalho do grupo. Sem pressões, sem pressas. “Vivemos ao nosso ritmo”, diz. A solo, assina “Brilhantes diamantes”, um dos clássicos do rap nacional, e o álbum “Entranhas”, que faz das tripas coração.

As artes visuais não ficaram adormecidas. Dedicou-se à fotografia e foi alimentando o Instagram com um cunho pessoal. “Com uma linguagem muito própria, fotografias muito gráficas, uma ótica muito específica, muito particular”, conta. Torna-se líder de viagens a Nova Iorque, a primeira acontecerá no próximo ano. Desenhou um roteiro alternativo, à volta dos seus interesses. “Nova Iorque é uma cidade que fervilha artisticamente. Vamos mostrar Nova Iorque do ponto de vista musical. Há muitas formas de estar à volta da música, do jazz, do rap, do hip-hop.” Uma Nova Iorque que não vem nos postais, a sua Nova Iorque.

É cinturão negro de Maha Kuk Sool, arte marcial tradicional coreana. Deu aulas no Porto e em Lisboa. “Tem uma componente muito forte que passa pela meditação. Não tem nada a ver com desporto, é uma forma de estar na vida.” Dos vários conhecimentos adquiridos, de diversos conceitos assimilados, dos trabalhos artísticos, da palavra, da música, surge uma costela mais virada para a área educativa. Dá palestras em escolas, partilha as suas descobertas, conversa sobre vários temas, acredita que vale a pena trocar ideias com a nova geração. “Parto de coisas muito supérfluas para fazê-los pensar por eles próprios, para que percebam do que gostam, o que querem, o que são, para que a partir daí construam as suas vidas.”

Em miúdo lia muita banda desenhada e sonhava ser um super-herói. “O meu alter ego quase me permite isso”, confessa. Escolheu um nome curto, Maze, labirinto em inglês, porque gosta do significado. Curioso por natureza, com vontade de aprender. E sempre nos seus labirintos artísticos.

Foto: Pedro Correia/Global Imagens