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Os países que Trump chamou «de merda» estão a crescer como nunca

Donald Trump chamou «países de merda» ao Haiti e às nações africanas, mas a melhor resposta que África lhe pode dar é a extraordinária evolução que o continente teve na última década, em todas as áreas.
As imagens de pobreza extrema a que o mundo se habituou atá aos anos oitenta já não são tão generalizadas.
Os últimos 20 anos permitem-nos ver como a taxa de pobreza extrema (de gente que vive com menos de 1,90 dólares por dia)desceu de valores muito perto dos 60 por cento, em 1990, para uma taxa próxima aos 40 por cento, em 2013.
A diminuição da fome crónica é uma das grandes conquistas do continente. Ainda que haja muito a fazer neste capítulo.
Pode já não haver países onde a fome afeta 80 por cento da população, como em 1991. Mas ainda há nações com uma taxa de subnutrição de 50 por cento. resolver este problema resolveria muitos dos problemas de África.
Esta é uma das mais relevantes conquistas da saúde pública no continente.
Nos últimos 15 anos as mortes por malária reduziram para menos de metade. Há aqui muito trabalho de prevenção e das organizações humanitárias.
Também na área política África tem assistido a grandes desenvolvimentos.
Nos últimos 30 anos extinguiram-se praticamente todas as autocracias e aumentaram as democracias. Hoje o continente é dominado por anocracias, que conseguem misturar democracia com ditadura. Mas há 10 países completamente livres, quando há 30 anos não havia nenhum.
Quanto mais nova a população, maiores os níveis de alfabetização. Há nações onde a população mais velha tem níveis de literacia abaixo dos 10 por cento e os mais novos perto de 100.
Mais um calcanhar de Aquiles africano que avança favoravelmente.
A mortalidade nas crianças com idades inferiores a 5 anos caiu a pique, muito graças à implementação de políticas de cuidados primários. Angola regista hoje os piores números do continente.
No acesso à Educação há uma verdadeira revolução em África.
Em 60 anos África conseguiu inverter um nível de escolaridade praticamente nulo.

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A semana passada Trump convocou para si mesmo uma nova vaga de fúria ao chamar de shithole countries (países de merda) o Haiti e as nações africanas.

O chefe de estado norte-americano questionava a imigração destes países, mas a maneira como os definiu escandalizou o mundo. A União Africana exigiu mesmo ao presidente dos Estados Unidos que se retratasse. Trump não o quis fazer.

Pouco depois destas declarações de Trump, o professor de economia Max Roser, que criou um grupo de investigação na universidade de Oxford chamado Our World in Data (em tradução livre, o nosso mundo em dados), começou a compor estes mapas para perceber até que ponto a nossa visão das nações africanas corresponde à realidade.

Os dados mostram evoluções notáveis em todas as áreas. Há menos fome e há mais democracia, há maior alfabetização e mais saúde. Trump, bem vistas as coisas, não foi apenas rude. Também foi ignorante.