Publicidade Continue a leitura a seguir

10 lições que Jane Austen nos ensinou

Publicidade Continue a leitura a seguir

Texto NM | Fotografias Direitos Reservados

É por tudo isto e muito mais que continuamos a gostar tanto de Jane Austen.

SE ACREDITA EM ALGO, VÁ À LUTA

Quando a aristocrata Lady Catherine De Bourgh, a tia de Mr. Darcy em Orgulho e Preconceito, vai a casa dos Bennet intimar Elizabeth a recusar a proposta de casamento do sobrinho – claramente, não a considera à altura de pertencer a uma família de tão nobre gabarito como a deles –, Lizzy recusa-se a deixá-la falar consigo naquele tom altivo e responde-lhe à letra, mostrando-lhe que pensa por si mesma e só fará o que, no seu entender, lhe trouxer a felicidade. Se os outros quiserem confundir a sua independência e inteligência com teimosia e petulância, problema deles.

ABRA-SE A SEGUNDAS OPORTUNIDADES

Já todos tivemos primeiras impressões erradas acerca de alguém e Lizzy Bennet (Orgulho e Preconceito) não foi exceção: julgava Fitzwilliam Darcy um homem altivo e desprezível, arrogante para lá do imaginável, quando no final descobriu nele o seu grande amor. O próprio Mr. Darcy permitiu-se uma segunda oportunidade: ao ultrapassar o estrito sentido de classe que o impedia de ver além do seu mundo, aprendeu a apreciar o caráter forte de Lizzy e tornou-se melhor pessoa.

NAMORADO ALGUM SUBSTITUI AS AMIGAS

Sim, é bom namorar – Jane Austen apaixonou-se e pôde atestá-lo. Era importante casar bem, sobretudo no período georgiano de inícios do século XIX, em que aquilo que os pais mais queriam era ver as suas filhas sob a proteção de um marido (de preferência endinheirado). Porém, Austen não concebia uma relação sem amor, muito menos que a felicidade de uma mulher dependesse do casamento. O seu próprio núcleo englobava apenas a irmã mais velha, Cassandra, as amigas e algumas sobrinhas chegadas. Nunca um homem dominou a existência da autora, o que se traduziu em heroínas determinadas e senhoras do seu nariz.

APRENDA COM OS ERROS

Em Emma, Emma Woodhouse é jovem, bonita, espirituosa, inteligente, mas também manipuladora (ainda que não mal intencionada) e casamenteira. É justamente quando persuade a amiga Harriet Smith a rejeitar Mr. Martin – um pequeno proprietário gentil que Emma julga desadequado – na tentativa de juntá-la com o pároco local Mr. Elton – um homem ambicioso que considera Harriet socialmente inferior – que Emma acaba por ferir intensamente os sentimentos da amiga. Ainda assim, admite que errou, aceita as consequências dos seus atos e procura aprender com eles, corrigindo-se para fazer o melhor por Harriet.

NA DÚVIDA, USE A IRONIA

Pragmática e desprendida em partes iguais, Elizabeth Bennet nunca quis saber do dinheiro dos outros e até lhe custou a convencer-se de que Mr. Darcy era muito mais do que um homem rico. Ao perguntarem-lhe sobre o momento em que soube estar apaixonada por ele, Lizzy responde: «Nem sei por onde começar, mas acho que foi quando vi pela primeira vez os seus lindos campos de Pemberley.» O próprio início de Orgulho e Preconceito é irónico, refletindo as subtilezas da personalidade de Austen: «É uma verdade universalmente admitida que um homem solteiro em posse de fortuna precisa de uma esposa.»

SIGA SEMPRE O CORAÇÃO

Em Mansfield Park, Fanny Price é uma jovem tímida, prestável e submissa, a heroína mais discreta de Jane Austen. Sendo a mais velha de nove irmãos numa família pobre, é levada aos 10 anos para a mansão dos tios abastados, os Bertram, que a criam como se fosse sua filha e exultam quando o rico e charmoso Henry Crawford a pede em casamento. Coisa que ela rejeita, de resto, por não confiar em Henry (o falso herói da história). Fanny sujeita-se à raiva do tio, mas não vacila nas suas convicções. E ainda bem, pois só assim terá o seu final feliz com Edmund.

NUNCA SE ENVERGONHE DE QUEM É…

Ou das suas raízes. Ao ser pedida em casamento por Mr. Darcy, Elizabeth nem quer acreditar quando ele lhe diz que a ama ardentemente «contra a sua vontade, contra a sua razão e mesmo contra o seu caráter», referindo a educação deficiente dela e o facto de a família Bennet ter menos nome e fortuna que a sua. Apesar de também o amar, Lizzy rejeita-o na hora ao ouvi-lo falar «na inferioridade dos seus parentes» ou no modo como teria de se relacionar «com pessoas de condição tão decididamente inferior» se casasse com ela.

… NEM ACEITE MENOS DO QUE AQUILO QUE MERECE

Para Jane Austen, uma relação perfeita entre homem e mulher só podia existir partindo da igualdade de pensamento, da confiança e de um companheirismo harmonioso entre o casal. E, no fundo, é isto que todos queremos: encontrar o amor verdadeiro sem perder completamente a razão nem ter alguém ao lado que nos anule.

NÃO CRITIQUE OS OUTROS PELAS SUAS ESCOLHAS

Tendo idealizado para si mesma um casamento por amor, Lizzy Bennet critica Charlotte Lucas, a sua amiga mais querida, por aceitar casar-se com Mr. Collins, um clérigo pomposo e idiota. Ainda assim, ao ver como Charlotte consegue levar a vida confortável com que sempre sonhou – nunca foi de grandes romantismos, ao contrário de si –, percebe que cada pessoa tem o direito de viver como deseja e não lhe cabe a ela julgar a amiga.

LIBERTE-SE DE PESSOAS TÓXICAS

N’A Abadia de Northanger, Catherine Morland é uma rapariga normal, sempre agarrada a romances góticos, que se torna a melhor amiga de Isabella Thorpe ao ser convidada pelos vizinhos Allen, ricos e sem filhos, a passar uma temporada em Bath. Isto, até Isabella revelar a sua verdadeira face e Catherine perceber que tem de se afastar. É como na vida real: uma vez que alguém perceba que aquela pessoa que nos é próxima não vai mudar, não deixa de nos magoar, humilhar, entristecer, chega o momento em que temos de decidir afastá-la, independentemente de quem for. Tudo tem um limite.