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Há um café em que todos os funcionários têm síndrome de Down

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Texto de Ana João Mamede

Blumenau, um município no estado de Santa Catarina, no Brasil, enriqueceu no mês passado ao ganhar uma cafetaria com um conceito diferente. Poder-se-ia falar da decoração ou do ambiente aconchegante, mas a distinção é dada ao atendimento que o espaço oferece. Uma experiência única de hospitalidade e acolhimento.

Todos os funcionários são pessoas com trissomia 21 ou síndrome de Down e, no dia-a-dia, mostram que essas diferenças devem ser olhadas de um modo afetivo e não preconceituoso. No total, entre a equipa efetiva e o apoio, a “Cafeteria Especial” – não podia ter mesmo outro nome – possui seis empregados com tais características. O grande objetivo do projeto é a inclusão no mercado de trabalho e, assim, abrir novas portas profissionais. O estabelecimento possibilita, ainda, a realização de estágios e de diversas experiências tendo em conta as competências de cada formando.

Giorgio Sinestri e Delfino Andrade, autores da iniciativa e criadores da fundação Educare Desenvolvimento Humano, fizeram questão de investir em formação específica para garantir um bom funcionamento do espaço. O “estágio” iniciou-se em setembro de 2017, com duas sessões mensais, e a fita da inauguração foi cortada em dezembro passado.

Os trabalhadores tiveram aulas de culinária, comunicação, relacionamento interpessoal e atendimento ao público. Agora, já depois de as portas estarem abertas, irão iniciar-se as aulas de barista, matemática financeira, língua gestual e manipulação dos alimentos.

A formação e os cursos destinam-se a aprimorar os conhecimentos profissionais e o desenvolvimento pessoal, assim como pretendem, também, ajudar e ensinar aos funcionários técnicas para se sustentarem financeiramente com o salário que irão receber. A Universidade Federal de Santa Catarina colabora na formação e nos cursos e a Educare Desenvolvimento Humano promove e suporta o desenvolvimento pessoal. A cafetaria tenciona ser, ao mesmo tempo, um exemplo no que toca às acessibilidades. Adicionalmente às aulas de língua gestual, o espaço faculta, ainda, um cardápio em braille.

As iguarias fabricadas passam por tradicionais salgados, bolos, doces e tortas da região. A gerência aposta, também, em lanches e em comida sem glúten ou lactose e em alimentos para vegans e vegetarianos. Não falta café expresso ou café de saco.

Os primeiros dias do projeto não poderiam ter corrido melhor. A adesão está a ser significativa e até de cidades vizinhas aparecem clientes, apaixonados pelo conceito. Mas as boas notícias não ficam por aí. O projeto também tem um perfil solidário – parte dos lucros serão entregues à Associação Sorrir Para Down e à APAE Blumenau, parceiras da iniciativa.