
Projeto liderado pelo CIIMAR junta instituições, empresas e organizações de sete países na procura por soluções.
O CIIMAR- Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto lidera um consórcio internacional que está a estudar como lidar com o lixo provocado pelas artes de pesca, como redes e armadilhas de plástico, que são perdidas ou descartadas nos oceanos. Financiado pelo programa Horizonte Europa, o NETTAG+ conta com um apoio de 2,7 milhões de euros e deverá ficar concluído no próximo ano.
O consórcio, coordenado pela investigadora do CIIMAR Sandra Ramos, tem 15 parceiros, entre instituições de investigação, indústrias, associações de pescadores e organizações não-governamentais de Portugal, Espanha, Itália, Malta, Croácia, Reino Unido e Irlanda. Em conjunto, estão a procurar soluções em três frentes: prevenir, evitar e mitigar.
A nível da prevenção, a equipa está a trabalhar com pescadores para que adotem boas práticas na gestão do lixo a bordo das embarcações e nos portos de pesca. Mas a ideia é também mudar a imagem que a sociedade tem destes profissionais. Quando estes recolhem as redes e armadilhas com pescado, muitas vezes apanham lixo, que levam para terra. Ou seja, “providenciam um serviço de limpeza do oceano de forma voluntária”, realça Sandra Ramos.
No âmbito do projeto, pretende-se ainda evitar a perda de artes. Para isso, parceiros do Reino Unido estão a desenvolver tecnologia acústica que vai permitir a quem está a bordo saber, por exemplo, onde estão as redes a partir de uma aplicação de telemóvel. A equipa do NETTAG+ está, também, a melhorar um robô que tem a capacidade de detetar as redes e, desta forma, ajudar na sua recuperação.

Para mitigar a existência de artes de pesca perdidas ou descartadas, está a ser criado um sistema robótico que fará o mapeamento de áreas costeiras e, através de algoritmos de inteligência artificial e imagens de sonar de alta resolução, identificar as artes.
Toda esta nova tecnologia, sublinha Sandra Ramos, está a ser desenvolvida tendo em atenção que “não deve perturbar os ecossistemas”.
O CIIMAR não descura outros problemas emergentes, estando a investigar se as artes que ficam nos oceanos podem ser fonte de microplásticos ou reservatórios de microrganismos patogénicos e outros contaminantes.