O regresso da gripe das aves

Kith Serey/EPA

Um alerta de surto num aviário do concelho de Sintra, a primeira morte identificada num humano (nos EUA). Afinal, o que podemos esperar do regresso em força do vírus H5N1?

A origem do vírus
Na origem desta gripe das aves está o vírus H5N1, detetado pela primeira vez em gansos no sul da China (1996). Desde então, foi cansando surtos em aves selvagens e domésticas em todo o Mundo. Ao contrário de outros vírus que circulam maioritariamente entre aves, este é particularmente letal (nas aves). Acresce que se pode propagar a outros animais e ao próprio ser humano.

Segunda vaga
No final de 2021, o vírus reapareceu em força na América do Norte e começou a infetar uma variedade crescente de mamíferos. Desde então, propagou-se a mais de 48 espécies, em pelo menos 26 países. Em fevereiro do ano passado, a Organização Mundial de Saúde admitiu mesmo a existência de uma nova “pandemia de animais”. Já este ano, foi detetado o primeiro surto em Portugal, num aviário do concelho de Sintra.

300 milhões
O número estimado de aves que morreram desde 2021, por culpa do vírus H5N1. O vírus vitimou também milhares de mamíferos marinhos. Em 2023, só na América do Sul, morreram perto de 24 mil leões-marinhos.

Risco para os humanos?
Entretanto, no início do ano, os EUA confirmaram a primeira morte por gripe das aves num humano, um doente de 65 anos com condições médicas adjacentes. Quer isto dizer que corremos o risco de uma pandemia de H5N1 semelhante à que ocorreu por conta do SARS-CoV-2? Para já, não é provável. Apesar de o vírus ser muito eficaz a infetar animais, parece ter ainda força diminuta para uma propagação em massa entre humanos. Mas claro, pode sempre haver uma mutação genética que altere o panorama.

Os sintomas
Um estudo recente dos primeiros 46 casos humanos infetados por H5N1 nos EUA (na sequência do surto que está a varrer uma parte das explorações do país) revelou que 93% apresentavam conjuntivite. Mas os sintomas também podem incluir febre alta, rinite aguda, faringite ou até pneumonia. Nalguns casos, o vírus pode ainda provocar diarreia, vómitos, dores abdominais, sangramento do nariz ou encefalite.