
O objeto escolhido pelo escritor.
“Escolhi uma fotografia que me vem acompanhando desde os meus 14 anos, um pouco por toda a parte. Fui eu que fiz essa imagem, com uma antiga máquina de fole, que encontrei abandonada no sótão da minha casa de infância.
Mostra os meus pais abraçados, a Dorinda e o Manuel, junto a uma das margens do rio Cubango, no Huambo, muito perto do local onde ele nasce. Gosto muito dessa imagem porque está tudo nascendo ali: eu, o rio, e até o meu país.
Olhar essa imagem sempre me sossega. Sei que aquele instante está preservado, em algum lado, um momento de paz absoluta, de amor, de confiança, antes que a História se acelerasse e me arrastasse numa torrente violenta pelo Mundo fora.
A imagem também testemunha uma história de amor que deu certo. Ou seja, por vezes o amor dá certo. Não é uma foto – é uma âncora.”
Escritor
64 anos