O objeto escolhido pelo professor universitário e anterior presidente da Assembleia da República.
“De entre as múltiplas tarefas domésticas que me cabe realizar, gosto especialmente da lavagem manual da louça. É uma clara demonstração da superioridade do ser humano face à máquina: não há nenhuma Miele capaz de limpar o fundo de um tacho tão eficazmente como a esponja ou a palha d’aço às nossas ordens. Além do mais, não exige nenhuma qualificação e é mínimo o grau de atenção que é preciso dispensar. Isso liberta a mente para sonhos e devaneios, que, como bem dizia o poeta António Gedeão, fazem o mundo pular.
Lavando pacientemente a louça das refeições familiares, preparei muitos improvisos e delineei as ideias-força de outros tantos discursos. Foi a tirar restos de comida de sertãs, cafeteiras e panelas que achei o propósito e a estrutura do meu recente livro sobre o conceito de poder, como antes os achara para os seus irmãos mais velhos.
Bendito seja quem tiver inventado a pequena e humilde esponja, ajudante infatigável, fiel companheira e muda testemunha das mais secretas elucubrações!”
Professor universitário
68 anos