O impasse com as bombas de insulina da nova geração

Bombas de insulina de nova geração continuam a chegar aos doentes a conta-gotas (Reinaldo Rodrigues)

Programa de acesso universal foi criado há mais de ano e meio, mas continua longe de se concretizar em pleno. Processo tem somado impasses.

O que são
As bombas de insulina de nova geração são bombas automáticas, que garantem maior conforto e segurança na administração de insulina, permitindo assim um maior controlo da glicemia e uma maior funcionalidade dos doentes com diabetes tipo 1.

05/2023
A data em que foi criado, na sequência das conclusões de um grupo de trabalho criado para o efeito, um programa de acesso universal a bombas de insulina da nova geração, destinado aos cerca de 15 mil portugueses que sofrem de diabetes tipo 1.

A suspensão do Infarmed
Porém, o processo tem somado contratempos. Em junho do ano passado, o Infarmed suspendeu temporariamente a comercialização das bombas de insulina da empresa chinesa Medtrum, que tinha ganho os lotes 1 e 2 do concurso (2442 bombas). Na base da decisão esteve um alerta de risco acrescido de hipoglicemia feito por uma associação britânica de diabetologistas e alguns incidentes notificados em Portugal.

A ação em tribunal
Os centros de tratamento puderam então aceder ao lote 3 (466 bombas) e foram autorizados a recorrer ao concorrente que ficou em segundo lugar nos dois primeiros lotes (Vital Aire). Só que, entretanto, a Medtronic, que segundo a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal foi excluída do concurso por questões de preço, recorreu à Justiça para travar o processo, bloqueando o acesso dos hospitais do SNS e da APDP a estas bombas. A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, anunciou então que os hospitais seriam autorizados a comprar, até ao final do ano, as bombas por ajuste direto. Mas à boleia destes percalços, entre 2023 e 2024, foram colocadas pouco mais de 700 bombas nos doentes.

O algoritmo em falha
Entretanto, foi anunciado que as bombas automáticas de insulina estariam disponíveis nas farmácias a partir de janeiro de 2025. Porém, a disponibilização das mesmas está ainda dependente da criação de um algoritmo no sistema que permitirá aviar o dispositivo com comparticipação do SNS.